Capítulo 33

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   Tarkan

E aqui estou eu, sentado em uma sala de espera do hospital, enquanto as vozes e passos vão sendo pouco a pouco apagados de mim. Tudo que consigo enxergar diante dos meus olhos é a cena, aquela cena dela caída ao chão em sua própria poça de sangue. As mãos geladas e o rosto que antes era corado, naquele segundo parecia ter apagado. Alguém roubou o brilho dela a deixando no chão frio para morrer enquanto seu frágil coração lutava para permanecer batendo, mesmo tão fraco. Foram os minutos mais aterrorizantes da minha vida depois de perder meu irmão e ver ela caída quase sem vida fez com que meu coração se quebrasse de uma forma tão violenta que juro, jamais pensei que pudesse ser quebrado daquela forma. O medo de perde-la inundou meu ser que até mesmo não sou capaz de suportar.

— Tarkan? — as mãos de alguém repousam em meu ombro, me fazendo levantar os olhos do chão branco e ver a senhora Marques.

— Sim, desculpe. Alguma notícia? — pergunto ainda conturbado com tudo, tentando manter a mente trabalhando sem enlouquecer.

Ela sacode a cabeça negativamente e se senta ao meu lado.

— Ainda na cirurgia. — diz baixo e cheia de preocupação. Imagino que eu não seja o único que esteja em um momento amedrontador. Ayra é tudo que eles tem também e não deve estar sendo fácil. — Valence encontrou testemunhas, a caseira do lugar ouviu e viu alguma coisa.

  — Quando? — fico atento e cheio de ódio. — O que ela disse?

— Eu ainda não sei. — Penélope da de ombros, perdida também. — Só nos resta esperar para saber.

Puxo uma boa quantidade de ar nos pulmões e inspiro para fora, voltando a levar as mãos na cabeça afim de amenizar a dor terrível que sinto. Já estamos a três horas aguardando noticias e até agora nenhuma. Isso me deixa muito preocupado com o que vem por ai.

Não...

Balanço a cabeça mandando embora o pensamento de que Ayra possa morrer. Ela não faria isso, conheço a mulher que amo e ela não desiste fácil assim.

Não demora muito para que a porta se abra e o doutor surja, fazendo com eu e Penélope nos levante apreensivos.

  — Vocês são os familiares da senhora Marques? — indaga o homem alto de óculos de grau e pouca barba.

  — Sim. — digo me aproximando, só esperando a resposta dele enquanto dentro de mim sobrevoa mariposas gigantes e ferozes. — Eu sou o marido e essa é a tia. — engulo a saliva. — Ela está bem?

Não demorou para a resposta, mas para mim pareceu horas.

— A cirurgia correu bem. — diz o doutor fazendo eu soltar o ar preso, enquanto Penélope se segura a mim. — Foi por um fio que não acerta o coração e ela também é bem resistente. — brinca ele.

  — Ela é sim. — tento um sorriso, orgulhoso. — Podemos vê-la?

— Infelizmente não. A cirurgia correu bem e ela está na UTI. Vamos observar para ver como ela se sai depois disso e quando vai acordar. Por agora, devem ir para casa e aguardar noticias.

Ele se despede e sai, me deixando com os olhos presos na porta que é onde Ayra está. Gostaria de dizer a ela que eu estou bem aqui e que não vou a lugar algum, que ela precisa ficar boa logo. Eu só quero vê-la.

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