Capítulo 32

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Capitulo 32

Aconteça o que acontecer amanhã, ou para o resto da minha vida, agora estou feliz porque te amo. Feitiço do tempo.

Três dias se passaram depois daquele dia, encontro-me agora sentada na sala de estar da casa de Leona a espera dela. Não sei bem como vim parar aqui, apenas estou neste lugar. Assim que a vejo vir em minha direção, usando roupas vermelhas como se estivesse vestida para matar, arrependo-me de ter vindo, mas já é tarde para voltar atrás.

— Não achei que tivesse a audácia de vir até aqui, depois de tudo. — diz enquanto me observa e se senta a minha frente.

— Acredite, eu precisei bem mais que audácia para vir.

Seu olhar preso no meu me sonda de uma forma violenta capaz de estremecer e amedrontar qualquer pessoa.

— O que você está fazendo aqui? Não tem vergonha de pisar nesta casa? — ela encara os lados à procura de algo. — Seu marido não veio com você? Achei que viria já que ele ficou do seu lado e não me procurou, sendo que eu sou a verdadeira vitima nessa historia.

— Isso não tem nada a ver com Tarkan. — respondo. — O assunto é entre mim e você Leona.

Ela levanta o queixo sem tirar os olhos de mim.

— O que você quer aqui? Não me diga que veio oferecer perdão.

Respiro fundo antes de começar.

— Nem de longe eu posso imaginar o que você passou Leona, eu não posso imaginar de forma alguma. — faço uma pausa. — Mas, de uma coisa eu tenho certeza. Eu não tenho culpa da situação assombrosa que você passou. — Leona franze o cenho, mantendo sua feição fechada. — Eu era apenas uma criança e se eu pudesse ter feito algo eu teria feito, mas, não foi assim. Você tem todo o direito de guardar essa magoa, mas não tem o direito de descontar ela em mim ou em seu filho.

O silencio é quebrado pelo som das gargalhadas de Leona que se intensificam pela sua enorme sala de vidro. Eu soube que não seria fácil e mesmo assim quis fazer a coisa certa, mas agora percebo que talvez não tenha sido uma boa escolha.

Leona cessa as risadas e limpa a lágrima solitária que escorre de seu olho.

— O que você esperava vindo aqui e me dizendo isso? — indaga. — Você acha mesmo que eu vou abraçar você e dizer que tudo bem, que vamos esquecer isso? — mantenho o silencio enquanto os olhos dela fervem. — Eu jamais vou desistir disso. Foi a minha vida, foi o meu filho e não o seu! — altera a voz tremula enquanto uma lagrima escorre. Ódio vejo mais ódio que dor. — O seu sangue jamais vai entrar na minha família, eu nunca vou deixar você ser feliz ao lado do meu filho, nessa família que o seu pai destruiu. — ela se inclina para frente e nossos olhos se encontram bem perto. — Jamais fique aliviada ou descanse você e sua família não tem esse direito e eu vou começar destruindo tudo o que você mais ama. — sinto uma pontada em meu coração com sua ameaça. — Você jamais será feliz enquanto eu viver e acredite, eu vou viver muito.

Não tem conversa, percebo isso agora que estou olhando nesses olhos vazios sem nem um pingo de humanidade. Leona não tem nada a perder, pois ela sabe que eu jamais tocaria em Tarkan para machuca-la, já eu, agora tenho muito que perder e ela sabe o meu ponto fraco.

Não vou negar que isso me assusta, mas não irei dar asas à cobra.

Fico de pé e ela faz o mesmo, sem tirar os olhos de mim, alimentando sua raiva.

— Deus é testemunha que eu tentei ser amigável com você. — digo. — Mas, pelo visto teremos uma briga enorme pela frente.

— Se eu fosse você, recuava enquanto é tempo.

Fale agora ou cale-se para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora