Fale agora ou cale-se para sempre

Capítulo 35

Capitulo 35

Ayra

Abro os olhos ainda com certa dificuldade e a minha visão ainda turva não me deixa identificar onde realmente estou. Minha boca está seca e sinto dormência no corpo, tento me movimentar, mas não sou capaz, pois todo o meu corpo dói de uma forma assustadora. Começo a me sentir um tanto desesperada quando vejo apenas um vulto frente aos meus olhos, me deixando confusa sem entender o que está acontecendo. Algumas coisas passam pela minha cabeça em uma velocidade assombrosa me fazendo lembrar que fui atacada.

O medo me invade.

— Senhora Marques? Consegue me ouvir? — a voz confusa de um homem me faz buscar pelo borrão manchado em minha frente. Quero enxergar ou levantar, mas não consigo e isso me faz entrar em uma inquietação enorme. — Escuta, eu sou o doutor Romeu e estou aqui para te ajudar. Tente manter a calma. Você levou um tiro e passou por uma cirurgia, mas esta tudo bem.

Abro os lábios tentando dizer algo me sentindo presa, confusa e assustada.

— Qual o problema dela? Ela está bem?

— Não se preocupe, é normal essa agitação dela. Vou aplicar um remédio e ela voltará a dormir.

Não demora muito para que todo o meu corpo e também minha mente começam a relaxar e então fecho os olhos para dormir. Eu só preciso dormir.

[...]

O doutor passa a luz nos olhos e me faz seguir o brilho. Estou consciente há algumas horas e ainda me sinto confusa e cansada.

— Muito bem. Consegue dizer se está sentindo alguma coisa? Enjoou tonteiras e dor em algum lugar?

Fecho os olhos por um segundo e respiro fundo.

— Um pouco. — respondo com certa dificuldade como se a minha voz não tivesse força o suficiente para sair. — Eu, me sinto cansada.

— Isso é normal? — a minha tia indaga, cheia de preocupação.

— É normal sim, não se preocupe. Ayra se saiu muito bem, devido a grande quantidade de remédios e a cirurgia ela vai ficar um pouco mais lenta por uns dias, mas está reagindo muito bem.

— Graças a Deus.

O doutor me olha e desvio o olhar dele procurando no quarto o que não encontro desde todas as vezes que acordei.

— Você deve descansar. — avisa o doutor. — Não deve se cansar e nem fazer esforços, você ainda está em perigo.

Ele sai depois de um breve aceno.

Minha tia segura firme as minhas mãos e me sentir que ainda sinto o toque dela.

— Estou tão feliz que você esteja de volta. Eu tive tanto medo de perder você. — ela chora me fazendo perceber que eu nunca tinha reparado ou dito a mim mesma que ela gostava tanto de mim.

— Eu estou bem. — respondo cheia de emoção também, sentindo-me chateada e sensível.

— Você precisa descansar. — diz ela ajeitando meu travesseiro.

— Não tia. — falo já me sentindo cansada. — Eu estou descansando há dias. — ela me olha com um semblante triste. — Eu só quero vê-lo, onde ele está? Tarkan...

— Shh, não fale querida. Eu vou avisar que você está acordada a ele, mas, por favor, descanse. Não se canse.

Odeio a minha tia e essa calmaria em me dizer o que possivelmente devo fazer. Por mais que eu durma eu ainda me sinto cansada e isso me deixa frustrada.