prólogo - Capítulo 1

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Dia de sol, uma linda forma de começar o dia! Ouço os passaros cantando ao longe e abro a janela empolgada.

—Bom dia sol!- saio da janela e vou em direção a porta acordar minha irmãzinha Lena.

—Bom dia Lena!- digo sentando em um cantinho da cama e ela me olha sonolenta.

—Bom dia o caralho.- diz com a voz rouca esticando-se na cama.

—Olha a boca mocinha! E vamos levantar, tenho que sair pra procurar emprego e você tem que acompanhar a mamãe no médico. Sabe que o papai tem que trabalhar e eu tenho uma entrevista. - digo e ela revira os olhos.

Terminei o ensino médio e não pude ir pra faculdade pois não consegui comparecer no dia do vestibular e quase perdi os exames finais do ensino médio. Foi quando descobrimos o câncer da mamãe e ela se culpa por atrapalhar o meu futuro. Mesmo com o emprego do meu pai, não temos dinheiro para pagar uma Universidade particular para mim e o que temos mal da para pagar o tratamento atual, e a fase mais difícil está apenas começando.

_Eu já vou levantar. Agora sai daqui!- ela me empurra da cama e saio sorrindo.

_Ok ok! Eu também te amo!- grito após ela fechar a porta do quarto na minha cara.
Mexer com dona Lena de manhã cedo é pedir para morrer, mas não resisto.

Desço as escadas correndo e vou cumprimentar minha mãe que está deitada na cama com um semblante abatido. É triste vê-la assim, e tem acontecido muito nos últimos dias.

   Desde que descobrimos a doença de minha mãe, tenho tentado não me abalar ao máximo. Como ela mesma diz : "quando está muito escuro, a luz brilha mais forte".  Então tenho tentado usar cada dia como um recomeço quando as coisas não vão bem.

—Bom dia mãe!- digo e ela sorri ainda deitada.

— Bom dia meu girassol!- me deito ao seu lado.

— Dormiu bem?-

— Depois de tantos remédios, dormir é a coisa mais fácil. A propósito, você já parou de procurar emprego?- nego com a cabeça e ela suspira.

— Tenho duas entrevistas hoje mas pra ser sincera não estou muito confiante. - ela tira uma mecha de cabelo do meu rosto e me olha séria.

— Você não precisa trabalhar agora. A sua chance de entrar na faculdade está aí e você está perdendo o foco por minha causa. Não é o que eu desejo pra você filha. -

— Eu quero que você continue o tratamento mãe, e tente novos, se possível. Não quero que desista sem ao menos tentar. A faculdade estará lá, não importa quando eu vou fazer. Eu vou conseguir um trabalho, não importa o que a senhora diga. - levanto e vou até a cozinha preparar um café da manhã para ela e para Lena.

Na verdade não somos muito pobres, somos o que chamamos de "classe média alta", porém com a reforma da nossa casa e a doença inesperada da minha mãe todo nosso estilo de vida foi alterado. Como ela teve que parar de dar suas aulas, só o emprego do meu pai não estava sendo o suficiente, então tive que começar a procurar emprego assim que terminei o ensino médio.

Trabalhei como secretária em uma pequena empresa mesmo sem formação por alguns meses, mas ela acabou fechando as portas e a dois meses estou procurando emprego.

— Será que dá pra parar de cantarolar a essa hora da manhã?!- Lena aparece na porta da cozinha e tiro meus fones de ouvido.

— Bom dia feia. Leva o café da mamãe e confere se ela tomou o remédio certinho. Vou terminar de me arrumar, tenho uma entrevista no Centro as oito horas. Vê se come também senhorita. - dou um beijo em sua testa e subo as escadas correndo.

Era uma vez uma babá....Onde histórias criam vida. Descubra agora