5- Dominic

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Olho para os papéis em minha mesa e suspiro frustrado. A Louisa não está gostando das babás e todas estão se demitindo por não aguentar o choro da pequena. Ouço um gritinho e desisto de trabalhar por agora. Trouxe todo meu trabalho para casa e já faz duas semanas que estamos nesse jogo de contratar babás. Elas vem, passam dois dias e pedem demissão. Estou ficando desesperado pois se pelo menos comigo ela se acalmasse eu poderia dar uma pausa no trabalho e cuidar dela em tempo integral. Mas ela me trata como um estranho quase sempre e por mais que eu tente ela está sempre me rejeitando.

Já voltei ao café duas vezes atrás daquela garçonete na busca por ajuda pelo menos por cinco minutos e nada de a encontrar. Acho que ela não trabalha mais lá.

Tiro minha camisa e abraço minha pequena carinhosamente. Li em algum lugar que o contato direto assim faz bem. Ela resmunga sem parar mas pelo menos não está gritando.

Fico conversando com ela por uns trinta minutos e acabo me deitando depois de me certificar que ela não estava com fome. A coloco sobre mim e tiramos um cochilo nessa posição.

(Mídia acima 👆)

Abro os olhos depois de um tempo e sinto minha coluna inteira doendo pois não estava nem respirando direito para que Louisa não se sentisse incomodada.

Ouço batidinhas na porta e minha mãe coloca a cabeça para dentro com um sorriso vendo a cena.

_vocês estão muito fofos - ela diz sussurrando e eu dou um meio sorriso.

me levanto deixando Louisa cercada de travesseiros como Ana me ensinou e deixo o quarto com a minha mãe.

_Mais alguma recomendação de babá?- pergunto e ela desfaz o sorriso negando.

_Não deu certo com nenhuma mesmo? - nego com a cabeça.

_Ela não para de chorar e ninguém quer ficar com ela assim. Ela só não chora quando está dormindo e as vezes se recusa a comer. Eu a levei ao médico e ele disse que não tem nada de errado com ela. Que a provável causa é emocional. - eu digo e tomo um copo de água quando chegamos a cozinha.

_ Ela não é muito nova pra ter problemas emocionais?- mamãe pergunta e eu concordo.

_Eu não sei como funciona a cabeça de um bebê mamãe. A expert aqui é você. - ela sorri e joga o cabelo de lado orgulhosa.

_Sou mesmo. - ela tira um papel dourado da bolsa e me entrega.

_O que é isso? -

_É o convite de casamento da sua prima Isa. Veja se da pra você ir. - concordo e verifico a data. É daqui a um mês.

_Você pode ficar de olho nela enquanto eu tento trabalhar um pouco?- pergunto e ela afirma.

_Enquanto ela me quiser por perto. - ela diz.

_Obrigado mãe.-

Digo e vou para o escritório novamente continuar de onde parei.

Meu telefone toca e logo atendo.

Ligação on-

_Sim?- digo.
_Senhor White, tem um currículo aqui que deixamos passar. A moça está interessada em qualquer vaga. O senhor gostaria de entrevistá-la para a vaga de babá?- minha secretaria pergunta e eu bufo derrotado.
_Sim. Mande-a vir a minha casa para a entrevista. Se possível ainda hoje. Se tiver mais alguma candidata mande-a também. -
_Sim senhor. - desligo a ligação e volto aos papéis.

Trabalho por uma hora e torno a ser interrompido pelo telefone outra vez.

Ligação on- 

_Sim?- digo seco.
_Eu agendei a entrevista para as 14:30 desta tarde. Ok?-
_Okay, Srta. Villaça. -

Desligo a ligação e olho o currículo que ela me mandou por e-mail.

Sarah Jones, 19 anos.
Nenhum curso ou especialização.

Olho o currículo e nego com a cabeça... Não tem nada aqui. Se não estivesse tão desesperado essa entrevista nem iria acontecer.

_Filho eu tenho que ir.- minha mãe entra no meu escritório com a pequena brava em seus braços.
Seu rostinho está vermelho o que indica choro.

_Eu pedi a Ana para fazer almoço para você. - digo e ela nega.

_Querido eu já comi. Você está aqui a muito tempo. Vê se come também. - Ela diz me dá um beijo e se afasta.

_Tem mais uma entrevista hoje. A moça não tem experiência nenhuma mas estou desesperado. Tenho que tentar. - digo e ela concorda.

_Toma, não importa que experiências ela tem. Quem vai decidir isso é a Louisa. - Eu pego a pequena que logo volta a chorar e me despeço da minha mãe indo tentar comer.

As horas passam e logo Ana bate na porta do escritório avisando que uma tal de Sarah veio para a entrevista. Deixo Louisa com Ana no quarto e volto para o escritório para recebê-la.

Uma mulher loira senta na cadeira a minha frente e logo avalio seu comportamento.
Ela usa um vestido preto formal e pouca maquiagem. Seu cabelo está solto porém vejo que está nervosa. Ela não para de torcer uma pequena mecha que tem nas mãos.

_Tudo bem?- pergunto olhando em seus olhos a vendo confirmar.

_Sim senhor. - ela diz e a reconheço da cafeteira.

_Você só tem 19 anos e nenhuma formação.- digo e ela abaixa a cabeça envergonhada.

_Eu ainda não tive tempo para faculdade. Preciso mesmo trabalhar.- concordo e tiro o rosto do computador.

_Você tem experiência com crianças? - pergunto.

_Só crianças maiores, nunca trabalhei com bebês, mas eu me adapto fácil. -

_Minha filha tem apenas quatro meses. Precisa de atenção total e o ideal seria você ficar por aqui durante toda a semana caso fosse contratada. Você tem essa disponibilidade? - pergunto e ela parece triste.

_Sim, posso sim.- ela confirma triste como se isso fosse algo terrível para ela. Ignoro qualquer emoção e sigo.

_Você já a conhece então vou chamá-la para um teste apenas para avaliar mesmo. Minha filha anda irritada todos esses dias e não para de chorar. Então o que você tem que fazer principalmente é tentar acalma-la.- digo e a chamo até o quarto da Louisa.

_Essa é Louisa White.- digo baixinho e a bebê se remexe no bercinho em quanto dorme aparentemente desconfortável.

_Finalmente eu sei seu nome bebê. - ela sorri para o berço e logo os gritos chegam aos nossos ouvidos e a pequena abre os olhos chorando.

_Eu posso pega-lá? - confirmo com a cabeça e ela vai dar consolo a minha filha que logo se acalma e fica a olhando nos olhos com curiosidade.

_Eu acho que não vou ter muitas alternativas a não ser te contratar. - digo e ela sorri.

_ A decisão é sua Sr White. - não é não. Aparentemente a decisão é da Louisa.

Converso com ela sobre o salário e ela fica muito surpresa por ganhar tudo isso como babá, ela não conseguiu disfarçar. Combinamos que as folgas seriam aos domingos com a observação que se eu precisasse dela eu pagaria o dobro do dia e ela concordou com isso.

_Pela manhã você trás suas coisas, tenho que sair as sete e meia, então por favor seja pontual. - digo e ela concorda colocando Louisa no berço.

Era uma vez uma babá....Onde histórias criam vida. Descubra agora