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Levanto no escuro da noite e abro meu pequeno frigobar na esperança de beber um pouco de água e me frusto ao ver que está vazio. Qual sua utilidade mesmo? O trouxe de casa e coloquei aqui para não ter que levantar no meio da noite e olha agora?

Calço minhas pantufas de panda e vou em direção a cozinha com as luzes apagadas, não tropeço em nada pois memorizei o lugar de cada móvel. Abro a geladeira com os olhos espremidos por causa da luz e abasteço minha jarra com água gelada. Pego algumas garrafas de água na dispensa ainda no escuro e tento fazer o caminho de volta para o quarto.

_Ahhhh!!!- o barulho da jarra se partindo no chão me traz de volta a realidade. Olho para Dominic White sem camisa em minha frente com uma mão no peito pela surpresa e a outra no interruptor. 

_O senhor me assustou, vou limpar e subir.- digo e me afasto dos cacos ao meu redor.

Quando a luz acendeu e ele gritou meu pulo fez a jarra e as garrafas cairem da minha mão. Ótimo...

Ele me olha como um gato assustado e tenta arrumar sua postura. Seguro o riso e desvio o olhar quando minha ficha cai que meu chefe está só de calça em minha frente. Seu cabelo bagunçado e seu peito malhado tentam puxar meu olhar mas sou mais forte e corro pra buscar o material de limpeza.

_ O que o senhor está fazendo? - pergunto ao vê-lo agachado juntando os cacos.

_Não se aproxime, sente-se e espere. -

_Não, é meu trabalho. Foi minha culpa.- digo e me abaixo ao seu lado colocando os cacos maiores no saco e acabo me cortando.

_Eu disse pra você sentar e esperar. - ele pega minha mão e me leva até a banqueta alta no balcão da cozinha.

_Vou fazer um curativo de verdade quando parar de sangrar. - ele passa um pano enorme ao redor do meu corte e termino com a mão toda enfaixada.

_Sr. White é só um arranhão nem está sangrando. - digo olhando minha mão enfaixada e sorrio.

Que exagero.

_Você está em seu ambiente de trabalho. É minha obrigação cuidar do seu machucado. Além do mais, se eu não tivesse gritado feito uma menininha não teria vidro no chão agora.- ele diz e eu acabo cobrindo a boca pra não gargalhar alto demais.

Logo ele volta a juntar os cacos e eu fico a distância vendo ele deixar um caco para trás. Logo me levanto e busco, coloco no lixo e pego um pano para enxugar o chão.

_A Ana pode se levantar sonolenta e acabar se machucando. - digo enquanto estou secando o chão.

_Você é muito atenciosa. -

_Eu tenho que ser. Eu cuido de uma bebê de quase cinco meses. Tem noção do quanto eu tenho que ser atenta?- digo.

_ você não tem noção do alívio que sinto ao ouvir isso. - ele suspira.

_ Meu trabalho é mais difícil que o seu.- digo e ele ri.

_Eu não tenho dúvidas disso. Eu nunca falei isso, mas eu consigo trabalhar tranquilo agora. Eu sinto que posso fazer qualquer coisa. Desde que minha filha esteja com você eu não tenho com o que me preocupar. Sei que cuidará dela da melhor forma possível. - ele pega um copo de água e senta ao meu lado.

_ Eu faço isso com muito gosto. - digo e me levanto para pegar um copo para mim também.

_Eu sei. Todo mundo sente que o seu cuidado com ela é especial. -

_Espero que isso não te chateie. - digo tensa.

_ Se minha filha não confia em mim me entristece muito. Mas me conforta saber que ela escolheu confiar em alguém de bom coração. Não te conheço muito, quase nada pra ser sincero. Mas eu sei que você tem uma boa indole. Você me lembra um funcionário da minha empresa. Ele ta cortando um dobrado agora que sua esposa está doente, mas não deixa de ser um funcionário exemplar. -

_ Eu gosto de ser comparada a boas pessoas. - digo sorrindo.

_Pode ser infantil da minha parte sabe? Mas eu sinto que estou no caminho certo. -

_Concordo.- ele pega uma fatia de bolo na geladeira e coloca na minha frente e enquanto procura algo salgado nos armários da dispensa.

_Obrigado- digo correndo o bolo de chocolate.

_Não coma muito açúcar, não vai conseguir dormir com facilidade.- franzo o cenho.

_Foi você quem me deu!- ele ri.

_Você não é obrigada a comer tudo. - concordo.

_Você vai passar o fim de semana na casa do Lucas?- ele pergunta depois de comer metade do seu pacote de salgadinhos.

_Eu não sei. Eu tenho que cuidar da Louis.- digo.

_É sua folga, você não é obrigada a cuidar dela. Se quiser ir vá, soube que você tem uma irmã, leve ela se quiser. Vai fazer bem. - concordo levemente.

_Vou pensar. Qualquer coisa eu te aviso antes.- ele concorda e logo nos recolhemos depois de comer.

Os dias se passam e fui apenas mais uma vez em casa. Minha mãe disse que estou muito bonita e que ela quer ver a Louisa de novo, já a Lena tá ansiosa querendo ir a essa "viagem" e meus pais concordaram que devemos sair para nos divertir. Como meu pai conseguiu uma folga maior esse fim se semana ele falou que segurava as pontas em casa sozinho e mesmo sabendo que ele dá conta não me sinto menos culpada por estar "abandonando" ela assim.

Era uma vez uma babá....Onde histórias criam vida. Descubra agora