Dou mais um gole em minha bebida e observo a vista da cidade através da parede de vidro em meu escritório. Lembro que durante a infância tudo que eu queria era ser um CEO para poder ter minha própria parede de vidro como meu padrasto e ser grande como ele era.
Eu achava que ter essa vista todos os dias me faria sentir superior e poderoso, então trabalhei duro e levei meu padrasto como minha inspiração. Para no fim levar bronca. Meu pai me ensinou que ser grande não tem nada haver com poder e sim com respeito e atenção. Devo ser justo e reto como ele foi, só assim serei digno de olhar pro meu posto e sentir a nobreza que ele emana.
_Você vai olhar para fora por quanto tempo?- tinha que ser o Lucas.
_ Só estou lembrando do meu pai um pouco. -
_O tio Rau faz muita falta. - ele se coloca ao meu lado e observa os carros sob a ponte mais a frente.
_Você acha que ele teria orgulho de quem me tornei?- pergunto. Talvez eu esteja sentimental demais hoje porém ninguém me conhece melhor que Lucas. Eu não preciso esconder como me sinto em sua frente.
_Você ta brincando? Ele estaria super orgulhoso de você! E agora com uma neta, talvez você se tornasse um santo por trazer tanta felicidade para ele.- sim, se ele estivesse vivo seria bem por aí mesmo.
_Eu tenho medo de me tornar alguém que o envergonharia. - suspiro.
_Relaxe. Você não conseguiria essa proesa. - ele ri com deboche.
_ Tudo bem. Vamos deixar essa melancolia de lado e trabalhar. - digo e me sento em minha cadeira.
_A Sarah vai esse final de semana?- ele pergunta sentando em minha frente todo folgado.
_Ela disse que vai com a irmã mais nova. - digo.
_Duas gatinhas solteiras? Humm já vi que minha festa vai bombar!- exclama sorridente.
_Você não disse que era para poucas pessoas?- pergunto confuso.
_Eu disse que era para os nossos funcionários. Você já viu o tanto de funcionários que temos?- franzo a sobrancelha pensativo.
Nossa empresa é composta principalmente por homens, muitos deles solteiros e a maioria das mulheres já são casadas o que leva a crer que terá muito homem afoito.
_Eu vou também!- exclamo alto sem pensar.
_Achei que não gostasse dessas festas... Em todo caso, como vai fazer com a Louis? - ele pergunta confuso.
_Eu irei levá-la. Minha filha não é um peso para mim. - digo. Já que inventei agora é manter a palavra e fingir que essa folga estava em meus planos.
Logo a sexta-feira chegou e arrumamos nossas malas para passar o fim de semana longe. Chamei a Ana para ir também mas ela insistiu que não podia e que ia aproveitar para ficar com sua família.
_Para onde você está indo?- pergunto a Sarah que está toda arrumada segurando a mala. Ainda falta duas horas para o ônibus sair então ainda estamos em casa.
_Eu combinei de ir buscar minha irmã de táxi, para me despedir dos meus pais. -
_Eu também vou e eu tenho carro então eu levo você. - digo e ela me olha confusa.
_Não precisa, vou te atrasar. - nego com a cabeça.
_Vamos para o mesmo lugar então não tem como você me atrasar. -
_O senhor também vai?- ela só agora entendeu.
_ Sim, e por favor pare de me chamar de senhor, sou só um pouco mais velho que você, isso é muito estranho. - digo e ela me olha com espanto.
_Ok- vou no meu quarto tomar um banho e me vestir enquanto aguardo a resposta do Lucas com o endereço do nosso destino.
Passo perfume e pego minha mochila com alguns itens pessoais e vou no quarto da Louisa pegar a mala dela.
_Já vai?- Ana pergunta entrando no quarto com minha filha dormindo em seus braços e concordo.
_Sim. Estou guardando tudo que vou precisar e qualquer coisa me ligue.- ela me ajuda a colocar a pequena no bebê conforto e a guardar no carro todas as coisas. Não encontro Sarah nem sua mala para por no porta malas e vou até seu quarto.
_Ah você está aí.- digo ao vê-la levantar do chão onde estava agaixada.
_Eu tinha esquecido de tirar meu frigobar da tomada. - ela aponta para o objeto vermelho em sua frente e sorrio. De besta ela não tem é nada. Vou adotar essa ideia.
_ Vamos, só falta guardar a sua mala.- ela pega sua pequena mala e bolsa de ombro e vem empurrando logo atrás de mim.
_Vou avisar a minha irmã que estamos a caminho pra não ficarmos presos por lá. - ela diz enquanto coloco tudo no porta malas e ela verifica a cadeirinha com minha dorminhoca.
_Onde está a bolsa da Louis? - ela pregunta e fico confuso.
_No porta malas. - digo como se fosse óbvio.
_ Tem que deixar aqui caso for preciso. - ela diz e dou meia volta para buscar.
O que seria de mim se não fosse por ela?
Chegamos a casa da família Jones e tomo o maior susto ao ver meu funcionário na porta. Acabou que o funcionário a qual me referi mais cedo é justamente o pai da Sarah.
_Eu não sabia que minha filha trabalhava para você.- o Sr Jones diz e eu dou um sorriso.
_Eu também não sabia que ela era sua filha. - nesse momento uma garota surge na sala puxando uma mala igual a da Sarah.
_OMG vocês se conhecem?! Que tudoo Saraaaaah o papai conhece seu bofee!!- ela grita e eu fico extremamente envergonhado. Logo Sarah surge na escada quase em um vulto de tão rápida.
_Pare de me envergonhar Helena, ele é meu chefe e está te dando uma carona, sua ingrata!- ela grita de volta. Uma senhora aparece atrás dela andando devagar e com um enorme sorriso.
_Respeite o Sr White Lena. Seja educada, eu não te ensinei esses modos feios.- ela diz e eu continuo sentindo meu rosto quente. Que porra é essa?
_Não leve a mal Sr. White, eu já desisti da Lena. - o pai da Sarah fala e Lena nos olha com um semblante totalmente desolado.
_Papai!- ela diz e corre para o abraçar. Eu só consigo imaginar que logo a Louisa vai estar crescida e espero que ela seja boazinha comigo.
_Vamos embora, não vamos atrasar o Sr. White sua ingrata. - Sarah diz e começam a se despedir.
Depois de muitos avisos para tomar cuidado no caminho e muita distribuição de afeto eu coloquei a mala no carro, depois de um abraço caloroso da Sra Jones podemos todos ir embora.
_Por que você não me falou que seu chefe era tão gato?- Lena pergunta baixinho no ouvido da Sarah que está ao meu lado no banco do carona. Dou uma engasgada e olho pra Sarah que me olha de volta assustada, Vermelha igual tomate.
_Sr. White me desculpe por isso. O senhor faz uma boa ação em dar carona para duas pobres e é desrespeitado dessa forma. Não tem problema, pode parar no próximo hospital psiquiatra que encontrarmos que eu a largo por lá.- Sarah diz e não consigo evitar sorrir.
Gosto do humor dela quando está com a irmã. É totalmente diferente do que estou acostumado.
_As suas ordens. - digo e Lena solta um "já tá todo cadelinho dela" só que não entendi o que isso significa.
O caminho foi feito em harmonia e quando a Louis acordou não houve choro nem gritaria apenas gargalhadas e a música do rádio preenchiam o ambiente.
É, talvez essa viagem não tenha sido perda de tempo.
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Era uma vez uma babá....
RomantizmUma garota que esperava ansiosa o tal do "felizes para sempre" Porém, o tombo que levou ao cair de seu cavalo branco não estava escrito em nenhum livro de contos. Já o inacessível Dominic White encontrava-se sem tempo e perdido em um dilema, que pod...