Era uma vez uma babá....

22

Olho para o chão quando acabo de cantar e vejo um Dominic totalmente apagado. Me levanto com cautela e vou ao banheiro, pois a muito tempo estava com vontade.

Não sei o que aconteceu, que mau me fizeram. Mas nesse momento não me sinto tão assustada. Parece apenas mais uma noite escura embaixo do cobertor. Protegida do que quer que tenha lá fora.

Ao olhar pra bebê dormindo ao meu lado e o Dominic no chão, não sinto nenhum medo. Bem pelo contrário .

Pego meu celular na cômoda e levo junto os fones de ouvido. Leio as mensagens da minha irmã e as respondo para tranquilizar um pouco pois sei que ela deve ter se assustado muito. Tento relaxar enquanto o dia não amanhece.

_ Você está dizendo que ela não te deu nada para beber? - lembro da minha conversa com a Sheila em detalhes e sei que ela não faria isso comigo.

_ Não, tivemos uma conversa rápida e fui pra mesa, foi lá que eu me servi de uma taça, quando o garçom trouxe. Não sei o que houve depois disso. Não consigo lembrar.- digo.

_ Você começou a falar embargado, achamos que estivesse embriagada pois eu levantei pra falar com uns amigos e demorei um pouco. Você ficou com a sua irmã. Trouxe você pro quarto depois de desmaiar. - ele conta e tomo alguns goles de água para me acalmar.

Não é difícil imaginar quem seria a única pessoa capaz de fazer isso comigo.  Depois de tantas ameaças, ele começou a demonstrar sua loucura. Como eu pude me relacionar com alguém assim e nunca desconfiar?

_ Acho que é melhor que eu deixe esse trabalho. - digo e ele esbugalha os olhos.

_ Mas por que do nada? -

_ Na verdade, eu tive um relacionamento antes de começar a trabalhar aqui e as coisas não acabaram muito bem. Eu não quero que vocês fiquem em perigo por minha causa.-

Tento controlar o nervoso que estou sentindo ao imaginar algo acontecendo com a Louis por minha causa. Eu nunca vou me perdoar.

_ Você não precisa largar o emprego por causa disso. -

_ É claro que eu preciso. Se ele foi capaz de fazer algo assim no meio de tantas pessoas, o que ele não fará se conseguir me pegar sozinha. E se eu estiver com a bebê? Entende a gravidade do assunto?-

Me levanto mas sou impedida de dar os próximos passos pois ele segura meu braço.

_ A gente consegue lidar com isso, só vamos tomar mais cuidado apartir de agora. Triplica a segurança, se isola, cava um buraco seja lá como for. Só não posso deixar você ir embora.-

_ Sr White.- estou com o pensamento a mil, não sei o que fazer.

_ A Louisa finalmente é uma criança feliz, como você acha que ela vai ficar se você for embora?- me solto do seu aperto.

_ Em quem o senhor acha que estou pensando agora em? Eu não quero pôr uma bebê indefesa em perigo quando o inimigo está batendo em minha porta. Eu sei que fui idiota por não ter percebido os sinais e me metido em uma furada dessas. Mas agora eu não tenho outra opção. -

_ Vamos investigar melhor, me diga quem é o cara que vou colocar pessoas para segui-lo. -

_ Isso nem é problema seu. Por que se importa?-

_ Eu já te expliquei. Você é a pessoa mais importante para a minha filha. E a minha filha é o meu mundo. Farei o que for necessário para mantê -la segura, tenha isso em mente. - ele diz e sai da sala me deixando com a bebê adormecida.

_ Eu escutei a sua conversa. Me desculpe.- Ana surge no canto da porta e me dá um tremendo susto.

_ Tudo bem. Não era pra ser segredo mesmo. - digo e volto a me sentar.
Estamos em casa, depois que chegamos da viagem o Dominic me chamou pra conversar e deu no que deu.

_ Você deve estar muito assustada.- ela diz e se senta ao meu lado.

_ Estou muito. Tenho muito medo do que possa vir a acontecer.- lágrimas começam a sair involuntariamente sem que eu consiga segurar.

_Se ele falou que vai dar um jeito ele vai. Ele não é do tipo que só fala e não faz. Já já tudo se resolve. - ela meche nos meus cabelos enquanto me abraça.

_ Aqui.- olho pra escrivaninha de Dominic confusa. Ele torna a mostrar o papel e a caneta e Lucas que chegou a pouco inclina a cabeça em minha direção para que eu prossiga.

_ Você vai escrever tudo que você sabe sobre ele pra nos ajudar. Nome endereço, telefone. Absolutamente tudo  que você lembrar. O Antony é um amigo e detetive e irá coordenar essa investigação privada. Quando ele chegar vocês conversam.- confirmo e depois de anotar as coisas mais relevantes sobre ele e entregar os papéis ao Dominic ele o analisa assustado.

_Lucas veja isso aqui.- Dominic chama e ele da a volta na mesa para ir para o seu lado. Os dois olham para o papel como que em choque e me olham.

_ Você tem certeza do que está escrito aqui Sarah?- Lucas pergunta.

_Absoluta. Eu estive em um relacionamento moderadamente longo com ele e achei que era uma pessoa totalmente diferente de quem ele realmente é. Eu achava que ele era um cara perfeito e que eu era muito sortuda por um cara como ele ter olhos para alguém tão sem sal como eu. Eu sempre fui muito certinha, até por causa da maneira como fui criada, nunca fui uma pessoa rebelde. Ele não costumava me cobrar demais e quando eu dizia não ele sempre pareceu compreender. Até me pediu em casamento. Eu estava guardando esse sentimento bem no fundo pois não queria que ninguém soubesse da humilhação que eu passei e o quanto eu sofri por causa disso. Ele estragou a minha vida e meu psicológico de maneiras que me fazem sentir mal só de lembrar dele.-

_Um dia, eu estava com a minha irmã em uma festa e o peguei no flagra me traindo. Terminamos nesse mesmo dia obviamente, e até aí "tudo bem". O problema é que depois ele começou a mandar mensagens assustadoras. - coloco meu celular sob a mesa com o bate papo aberto.

_Sempre de um novo número e cada vez com ameaças diferentes. -

_ Você sabe que ele é um dos assionistas da minha empresa não sabe?- Dominic pergunta.

_ Eu o vi na garagem da sua empresa uma vez quando saímos do estúdio de fotografia, mas não sabia qual sua relação com ele. -

_ Você vai ficar com a minha mãe tudo bem? Estou vendo aqui na mensagem que ele sabe que você está na minha casa. - concordo e ele se despede dizendo ter coisas pra resolver com o Lucas.

_ Ela vai ficar aonde???-