Era uma vez uma babá....

27- Dominic

Sinto um misto de raiva e angústia ao ver dentro da caixa que está no galpão da minha casa. Meus seguranças me avisaram o que aconteceu e não consigo respirar direito.

Como ela pôde esconder isso de mim?

Imagino o medo que ela deve ter sentido ao ver isso e isso de alguma forma me machuca.

_ Vocês já conversaram comAntony sobre isso? - Jorge assente.

_Sim, e a polícia já tem conhecimento. Eles falaram que já chegarão aqui para recolher o objeto para investigação. Pode ser que seja sangue verdadeiro. E como ninguém tocou no conteúdo da caixa, tem que avaliar a razão do mal cheiro. - concordo e saio do galpão indo direto para a casa a procura de Sarah.

Bato na sua porta e logo ela é aberta.

_ Porque você fez isso?- pergunto sem delongas.

_ O senhor estava no seu trabalho. Não posso mais tomar seu tempo com as minhas baboseiras.- ela diz que cabeça baixa.

_Baboseira Sarah? - respiro fundo.

_ Você já gastou tanto por minha causa. É meus problemas não tem nada a ver com você. Não é justo que eu corra pra você sempre que uma besterinha me acontecer. - me estresso e acabei dando um soco leve na porta.

_Beteirinha? Sarah você não tem nenhuma noção do que está dizendo? Você ficou tão assustada que perdeu seus sentidos? Sarah você está correndo perigo! Seus problemas são os meus problemas! Você tem noção do perigo que você correu para estar dizendo que "não foi nada demais?"
Você ainda não entendeu que não está passando por isso sozinha? Todos aqui estão super preocupados com você e se esforçando para te proteger e você age assim? Ana está muito assustada e minha mãe nem lembra que eu que sou o seu filho. Tudo que importa "é saber se a Sarah está bem". Você tem uma família que se preocupa com sua segurança e está desprezando isso. Eu já te falei que se machucar uma unha é para me contar imediatamente. Eu não estou aqui para brincadeiras Sarah. -

_ Quem está brincando aqui Sr White? Você acha que eu evito contar porque não me assusto?
Ou talvez porque esteja desprezando a sua boa vontade e a de todos a minha volta? Claro que não. Sou muito grata por tudo.
Mas eu prefiro ficar calada do que ficar sentindo esse espinho rasgando a minha pele o tempo todo. É horrível saber que todos estão preocupados por minha causa e me sinto um estorvo por algo que sei que não fiz por merecer. Estou sendo uma parasita na vida de todo mundo e não consigo mudar isso.
Já não durmo bem e mal tenho me alimentado porque não tenho um segundo de paz na minha mente.
Por diversas vezes me pego pensando que é melhor eu deixar que ele me leve e me mate,ou faça o que quiser apenas para acabar esse martírio.
Eu não aguento mais pisar em ovos sem saber se vou receber uma nova ameaça ou aqueles que amo vão continuar em perigo por minha causa.
Eu quero acabar com tudo isso.-

A abraço sem pensar duas vezes e tento confortar de alguma forma essa mulher ferida.

É difícil saber que ela sofre ainda mais por ter pessoas se preocupando com ela.

Sarah é um tipo de pessoa que não se encontra todo dia. E eu tenho muita sorte de tê-la por perto. Sua bondade chega a ser palpável e sua inocência é algo que me conquista um pouco mais toda vez que a vejo.

Eu sei que não posso e mais que isso, não devo, me apaixonar ou me aproximar dela.

Mas está ficando difícil pro meu coração entender que eu não a mereço.

Tenho dito a mim mesmo toda vez que me pego sorrindo. "É só uma admiração" "É porque ela cuida bem da sua filha" "porque elas têm alguma conexão maluca" mas estou descobrindo que não é.

Meu coração fica como louco quando ela se aproxima e em momentos como esse em que me preocupo, parece que me falta o ar para respirar.

Parece que tudo em minha volta some e eu me perco de mim mesmo por um instante.

Por quanto tempo vou conseguir sufocar esse sentimento.

O choro de Louisa de Louisa nos tira da nossa bolha e logo ela corre em sua direção para ver o que é. 

Enquanto ela pega minha filha em seus braços, enxugo algumas lágrimas que molham seu rosto.

_Me deixe passar a noite com ela, para que você possa descansar.- digo.

_ Acha mesmo que eu vou conseguir dormir? - ela dá uma risadinha mas não estou com humor para esse tipo de piada.

_ Quer tirar férias por um tempo? Fazer uma viagem ou algo assim? ‐ quero afastar ela do Leonardo o quanto estiver ao meu alcance.

_ Não tem nem seis meses que trabalho aqui. Como posso tirar férias? Não sou tão irresponsável assim Sr White.  - ela se senta na cama e respira fundo.

_ Me deixe continuar fazendo meu trabalho como estou. Se for demais para o senhor e quiser me demitir, tudo bem. Não tenho o direito de reclamar.-

_ Para de pedir as contas pelo amor de Deus. Não aguento mais te ouvir dizer isso. Você acha que eu sou alguma coisa sem você?- rebato sem pensar muito em minhas palavras.

_ Sr White? - ela me olha chocada e me dou conta do que acabei de dizer.

_ Eu não sou bom com crianças... Você sabe- digo nervoso.

Me levanto e saio do quarto indo até a Ana saber o que ela vai fazer pro jantar.

_ Que cara de quem tá aprontando é essa meu filho?- ela pergunta ao me ver.

_ Não sou mais um menino. Não faço mais essas coisas. - ela sorri e me estende uma colher com carne para que eu prove.

_ Está delicioso! O que é?-

_Uma receita que a mãe da Sarah me enviou. Gostoso não é?- concordo e ela sorri.

_ Podemos chamar a família dela pra comer aqui qualquer dia? Eu estou com saudade da mãe dela e sei que faria muito bem pra ela passar um tempo com sua mãe. -

_Por fazer isso quando quiser. Não precisa da minha autorização. - digo e ela sorri abertamente.

_Que bom, pois eu já fiz isso. - sorrio da sua cara de pau.

_Eu ofereci férias pra ela e ela se ofendeu. Fiz mal?- pergunto preocupado.

_ Entendo que você esteja muito preocupado. Mas só Deus é que sabe o que está se passando dentro daquela cabecinha. Eu já percebi que ela não gosta de incomodar as pessoas e no momento todo mundo está de olho nela. Deve ser muito incômodo pra ela. Mesmo que estejamos com boas intenções.-

_ Vocês estão falando sobre mim?-