3- Dominic

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Levanto exausto com o choro da Louisa e praticamente corro para verificar se está tudo bem. Ela simplesmente não para de chorar. Estou com medo que isso piore e o pior de tudo é não saber o que fazer.

Pego a pequena e a abraço de uma forma protetora e me seguro para não ceder a frustração e me derramar em lágrimas.

-Nada dela se acalmar?- pergunta Ana, minha governanta e segunda mãe.

-Não sei mais o que fazer. Vou ter que levá-la ao médico para ver se tem algo de errado. Ela pode está sentindo alguma dor. Não acha?- pergunto preocupado.

- Sim, ela pode. Mas eu não acho que seja isso. Ela parece bem. - ela diz e o olho indignado.

- Ela não para de chorar a mais de vinte e quatro horas. Mal se alimenta e a senhora acha que ela está bem? - digo e ela apenas nega com a cabeça.

- Meu querido, se você acha que as complexidades de uma mulher é demais para você. Imagine de um bebê que não pode dizer o que sente, o que quer... As vezes é só um abraço. Ou só uma mamadeira. - ela diz e sai do quarto.

Pego a bebê aos gritos e a levo para a cozinha para tentar fazê-la comer.

Desisto de tentar comer depois da terceira tentativa fracassada. Olho o prato espatifado no chão e limpo as mãozinhas sujas da Louisa.
Ela empurrou meu prato com a birra dela e está com o rostinho vermelho e toda molhada de tanto chorar.

Seus quatro meses de vida não me permite segura-la com uma mão e comer com a outra. Mesmo que eu duvide de conseguir concluir essa tarefa mesmo se pudesse.

Coloco a bebê na cadeirinha e a deixo na porta do banheiro enquanto tomo um banho rápido e muito necessário e vou ao seu quarto fazer o mesmo com ela. Não tenho opção de não levá-la comigo para a empresa. Deixo-a na cadeirinha do carro e dirijo de vagar para não estragar os poucos minutos de sossego enquanto ela dorme.

_Bom dia Sr. White, o senhor tem duas reuniões de setor agora pela manhã e aquele almoço com seus advogados. Tem uma mulher chamada Vitória Niels que não para de ligar procurando pelo senhor e a tarde será seguida de duas teleconferência com os CEOs de Londres e Itália, como o senhor pediu. - ela diz lendo no tablet e a ignoro como sempre.

_Senhorita Villaça, cancele todos os meus compromissos que poder por hoje só deixe os indispensáveis. Não quero ser interrompido, estarei com minha filha hoje e não é um bom dia. - viro em sua direção e falo bem sério para que ela entenda a gravidade do assunto.

_De maneira nenhuma, nenhuma mesmo me transfira qualquer ligação ou permita qualquer visita de qualquer pessoa com o sobrenome Niels nesta empresa. Não são bem vindos aqui e considere-se demitida caso aconteça. Estamos entendidos?- digo e ela confirma freneticamente com a cabeça ainda encolhida agarrada ao tablet.

_Ótimo. - sigo para minha sala e coloco a cadeirinha da Louisa em cima da minha mesa e me sento em meu lugar alisando sua barriguinha.

"O que você tem?" ela dá um sorrisinho enquanto dorme e isso me acalma um pouco.

Trabalho o máximo que posso no maior silêncio para não incomodar a neném e assim que ela acorda a festa continua. Alguns funcionários tentaram pegá-la no colo mais isso só a fez gritar mais e mais. Já estava em desespero quando o telefone toca e marco com o advogado para que ele venha até minha sala pois esta fora de cogitação levar a Louisa assim a algum restaurante.

Consigo conversar com ele em meio aos gritos e enquanto tento acalma-lá vou resolvendo o máximo que consigo dos meus problemas.

Vejo que o sol deu uma esfriada e resolvo dar um Passeio com a bebê pelas ruas, não tem tanto movimento assim no parque aqui próximo e talvez isso faça bem a nós dois.
Antes de sair peço a minha secretaria para marcar uma consulta com o pediatra para o mais breve e peço para não ser interrompido.

_Você vai deixar o papai comer alguma coisa hoje vai?- pergunto a olhando nos olhos e ela está com um biquinho no rosto. Como se tivesse zangada.

Se desse tamanho está assim imagine quando crescer? Me benzo com esse pensamento e me sento em um banco no parque tirando a mamadeira de sua bolsa. Ela exita um pouco mais come sem muitas reclamações.

_Você precisa se alimentar para ficar fortinha igual o papai minha filha. - digo sorrindo e ela resmunga.

_ Eu sei que você não tá feliz e o papai não é feliz se você não é feliz também. Mas nós vamos resolver isso e aquela mulher mal não vai chegar perto de você. O papai jamais vai deixar isso acontecer tá certo?- aliso sua bochechinha e ela suspira. Depois de fazê-la arrotar retorno nosso passeio e aproveito o segundo de paz e entro em uma cafeteria para fazer um lanche rápido

_Já escolheu o que vai pedir? - uma moça pergunta parada ao meu lado. Sua blusa branca tem uma enorme mancha vermelha e ela parece não ligar pois está muito sorridente. Resolvo ignorar isso e respondo breve o que quero comer.
Quando meu pedido chega logo um grito seguido de muito choro é ouvido e eu suspiro frustrado. Pego a Louisa e balanço em meus braços já em ato de desespero para fazê-la parar e nada funciona. A mesma jovem vem em minha direção e me olha culpada.

_Senhor, minha chefe esta pedindo que se retire do estabelecimento por favor. - diz baixo e claramente nervosa

_É sério isso?- digo seco.

_Eu posso tentar fazê-lo parar?- pergunta nervosa.

_Tremendo desse jeito? Acho que deixará minha filha cair nos primeiros dois segundos. - digo áspero e continuo tentando acalmar a pequena em meus braços.

_Então vou pedir que se retire, está espantando os clientes.- olho em volta e todos nos olham torto. Olho com desdém de volta e resolvo entregar a Louisa para a mulher que não estava esperando e quase deixa minha filha cair. A olho irritado e volto a comer tenho que aproveitar cada segundo. Estou com muita fome mesmo.

Olho a bebê em seus braços e ela a posiciona confortavelmente.

_xii neném, calma, calma ...- sussurra e balança bem devagar como se estivesse colocando-a para dormir.

_Isso princesa- fico calado apenas observando a cena e vejo aos poucos a Louisa se acalmando até parar o choro.

_Boa garota - ouço a dizer e estou um pouco embasbacado por ela ter conseguido fazer ela se acalmar.

_ viu? Não foi nada, já passou. - ela conversa com a bebê que parece entender tudo.

_Você conseguiu.- digo e ela tenta me entregar minha filha porém logo recuso.

_Não, segure-a um pouco mais. Essa é a primeira refeição que consigo fazer no dia e se ela começar a chorar de novo não irei conseguir fazê-la parar. - ela concorda.

_Ok, vou apenas ao balcão me sentar um pouco. Não posso sentar aqui, é uma regra e minha chefe esta querendo me matar agora. - concordo e a vejo andando até o balcão a que se referiu e sentar brincando com minha bebê. Não desvio o olhar até acabar e ir até a mesma, pagar a conta e ir embora levando minha filha. Que se manteve calma e sem mais gritos o resto do dia e ao longo da noite. Nos deixando dormir pacificamente.

Talvez minha filha só precise de uma figura materna? 
Ah, Dominic. Que droga de pensamento!
É o que o desespero é capaz de fazer com um homem. E a Louisa é especialista em me deixar de mãos atadas.

Era uma vez uma babá....Onde histórias criam vida. Descubra agora