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Saio da janela depois de apreciar o nascer do Sol e vou ao banheiro tirar o pijama e vestir algo mais decente para começar o dia.

_Você não vem mesmo?- pergunto por mensagem ao Léo. Que está na casa da sua avó, que por sinal não gosta de mim e até agora não sei os motivos dela.
_Não princesa. Você sabe como minha avó é. Ela não vai me deixar ir esse final de semana e pelo que vejo meus pais chegam semana que vem, eles vão querer que eu fique com eles. Mas isso ainda veremos. - suspiro triste e resolvo deixar para lá.
_Sem problemas. -

Desço as escadas para ir a cozinha tomar café e encontro o meu pai na bancada com uma xícara de café e muitos papéis espalhados em sua frente.

_Bom dia papai. O senhor não dorme não?- pergunto e beijo sua cabeça.

_Bom dia docinho. Eu durmo como posso.- ele responde sorridente.

Me sirvo com uma xícara de café e me sento próximo, mas não tão próximo para não correr o risco de estragar seus papéis com meu café sem querer. Desastrada como sou, cuidados nunca são demais.

_A mamãe está bem?- pergunto e ele assente.

Eu mandei vários currículos durante a madrugada e eu nem sei se isso é normal. Só fiz o que o meu desespero mandou. Lavo minha xícara e volto para o quarto para relaxar um pouco minha cabeça.

Como diz minha mãe, quem procura acha. E se ela estiver certa acharei muitos empregos de uma vez de tanto que to procurando.

Tento tranquilizar minha mente com o pensamento que "quando for pra ser será" e pego um livro para ler hoje é domingo e por mais que tente. Não estou conseguindo de maneira nenhuma relaxar. Com o Léo na casa da avó, em outra cidade eu nem posso ir visita-lo para passar o tempo. Remexo na gaveta e sorrio olhando nossas fotos. Olho para uma colagem em especial, de quando ele me pediu em namoro e meus olhos lacrimejam de nostalgia. Foi no nosso segundo encontro e eu estava muito nervosa. Como o Príncipe que ele é, fez de tudo para fazer eu me sentir confortável e quando saímos do cinema ele me levou a um restaurante e no caminho para casa ele me pediu em namoro. Eu já estava perdidamente apaixonada por ele e não sabia que nosso amor era recíproco. Hoje estamos aqui com três anos de relacionamento e noivos a seis meses. Ele me pediu em casamento na frente dos meus pais e quase foi um desmaio coletivo em minha sala. Meus pais não aprovam muito mas Eu sei que é apenas proteção por ser a primogênita, eles não querem que eu cresça. Mas desde que eu esteja feliz eles aceitam meu relacionamento com o Léo.

_Você está bem?- Lena pergunta me olhando estranho. Nem percebi que ela tinha entrado no meu quarto.

_Estou sim- digo enxugando as lágrimas e sorrindo abertamente.
_O que você quer?- pergunto.

_Eu ia perguntar se você vai a festa da Sophia. O papai me deixou ir, mas só se você for. - ela dá de ombros.

_Esse costume de ensino médio. - nego com a cabeça e ela revira os olhos.

_Até parece que faz um século que você formou não é? Isso foi ano passado. - ela diz debochada.

_Meu anjo você sabe que eu não vou a festas. Não gosto, não curto e não me acrescenta em nada. - digo balançando o dedo no ar e ela revira os olhos novamente.

_Desencana Sarah. - ela diz.

_Ah Lena, eu sei que você e a Sophi são melhores amigas mas eu não gosto desses ambientes e sempre tem gente de fora. - digo e ela dá de ombros.

Nessas festas sempre tem pessoas de fora que na maioria das vezes nem o dono da casa conhece e eu não me sinto nem um pouco a vontade.

_Sarah por favor não estraga meus esquemas. - ela diz colocando a mão no rosto e sorrio.

_Ah, então já está tudo arranjado em?- pergunto provocando e ela me olha irritada.

_Não enche. -

_Tá, eu vou com você mas você vai me prometer que não vamos demorar muito combinado? - ela concorda freneticamente e pula em meus braços me abraçando rápido e logo depois deixa o quarto as pressas.

Esses jovens....

Coloco meu vestido azul marinho e minha mãe sorri me olhando da cama. Eu vim me arrumar no quarto dela pra ela ver que estou me produzindo e ficar feliz. Ela gosta quando eu sou vaidosa, já que não acontece com frequência.

_Você vai usar aquele batom vermelho não é?- ela pergunta apontando pro batom e eu nego.

_Eu tava pensando em usar o rosa. - ela me olha confusa. Pela sua cara acho que não combina muito com a maquiagem.

_Eu posso usar o vermelho se a senhora acha que fica melhor. - digo e ela nega.

_Querida, não é porque eu acho melhor que você deve deixar sua vontade de lado. Use o que vai fazer você se sentir bem. Não importa se vai ser rosa ou vermelho. Desde que faça você se sentir maravilhosa. - ela diz e eu sorrio colocando o batom vermelho.

_Olha isso.- digo mostrando meu rosto depois da maquiagem pronta.

_Sentiu daí o quanto eu estou maravilhosa?- pergunto e ela solta uma gargalhada.

_Você sempre é maravilhosa filha. - vou até ela depois de guardar todas as maquiagens e dou um beijo em sua bochecha me despedindo e indo atrás da Lena que aparece toda pomposa num salto alto preto e super produzida.

_Gente, a festa é praticamente ali na esquina pra que isso?- digo e ela revira os olhos.

_Não é ali na esquina. E não é só porque é da minha amiga que eu tenho que ir toda largada. A mamãe não te ensinou que você deve se arrumar da forma que faz você se sentir maravilhosa?- ela pergunta e eu rio lembrando da conversa que acabamos de ter.

_Vamos e não esqueça, não vamos demorar.  - ela confirma e saímos de casa.

Ao chegar a primeira coisa que percebo é que esta muito cheio e que não conheço quase ninguém. Tem alguns colegas da Lina que já estudavam lá quando eu estudava mas quase nenhum que eu reconheça. O que me faz ficar largada em pé procurando bebidas que não tenha álcool pela casa.  Me sento com uma latinha de refrigerante na mão em um canto do sofá e fico olhando o celular esperando a hora passar. Vejo alguns casais subindo as escadas de vez em quando e nego com a cabeça. Como estou num sofá em um canto mais "calmo" estou mais isolada da festa, não tenho muita visibilidade do que está acontecendo.
Jogo no meu celular e quando vejo que já se passaram duas horas eu resolvo ir procurar a Lina para ir embora. Duas horas é o suficiente não é?

Atravesso as pessoas aleatoriamente e não a encontro. Procuro na cozinha, na varanda e pelas salas de estar da casa. Porém também não a encontro. Começo a ficar preocupada se ela esta em algum quarto e começo a surtar. Ela não tá doida.

Subo as escadas correndo e vou abrindo as portas dos quartos um a um o que deixou muita gente irritada e outras não perceberam que eu havia aberto. Chego a última porta do quarto e até então nada dela. Respiro fundo segurando a maçaneta e torcendo para que ela não esteja aqui. E abro a porta de vez.

Talvez fosse melhor que ela estivesse...

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Era uma vez uma babá....Onde histórias criam vida. Descubra agora