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Eu nunca mais havia sentido tanto medo na vida.

Sei que o carro é escuro por fora e só eu consigo ver, mas no momento eu só entrei em pânico.

O momento em que eu vi o Léo sair do elevador e caminhar pela garagem em direção ao seu carro que por sinal está estacionado ao lado do carro do Sr. White, quase tive um treco.

Lembro da sua última mensagem e olho em sua direção. Ele está distraído mexendo em seu celular. Ele olha bem pro carro onde estou e dá um sorrisinho sujo. Me assusto e me abaixo.
Ouço um barulho de carro saindo mas tenho medo de levantar. Como se eu estivesse brevemente congelada.

Não demora muito e logo meu chefe entra me trazendo de volta para a realidade.

_Sarah?- levanto mais que de pressa e me ajeito no banco. Estou no banco de trás ao lado da Louis. Meu chefe disse que tudo bem eu ir na frente e que era estranho eu sentar aqui. Falou que ele não era taxi. Mas ignorei e busquei meu conforto aqui. Longe de qualquer coisa constrangedora.

_Vamos para casa. Já resolvi tudo. - casa? "Vamos para casa"? Minha casa é em outro lugar. É muito desconfortável ouvir isso. Me sinto uma perdida, dependente dos outros.

O dia passa com tranquilidade e quando a noite cai sinto o frio do inverno apertando e logo me preocupo em colocar uma roupa mais quente em Louis para que ela não pegue nenhum resfriado.

_Vamos jantar Sarah. - diz Ana sorrindo na porta do meu quarto e saio sorrindo brincando com a bebê em meu braço.

_Aí está a menina mais linda desse mundo!- olho assustada para o homem em minha frente e seguro mais firme Louis em meus braços.

_Quem é você?- o homem abaixa os braços que havia estendido para Louis e sorri me olhando.

_Eu sou o padrinho dela, babá. Pode me entregar minha afilhada agora?- ele volta a esticar os braços em minha direção e Louis olha para ele interessada.

_Cuidado. Não vai deixar ela cair. - digo séria.

_DOM! A BABÁ NÃO QUER ME ENTREGAR MINHA AFILHADA!- ele grita e logo afasto a bebê de volta, que já estava quase em seus braços.

_Você vai assustar ela!- o repreendo e ele abre um lindo sorriso para mim.

Até que o Sr White tem amigos bonitos. Será que são todos assim?

_Não se preocupe Sarah. Ele é estabanado mas vai saber segurar ela direito. Não vai Lucas? - diz o meu chefe surgindo atrás do homem enquanto passa as mãos nos cabelos húmidos. O cheiro de loção de banho toma conta do lugar e discretamente inspiro o cheiro.

_ É claro que vou!- Lucas, revira os olhos e finalmente pega a bebê em meus braços.

_Vamos comer que eu estou com fome. - Sr White fala e segue para a cozinha.

Depois de nos sentarmos Louis estava inquieta no colo do Lucas que insistia ser capaz de cuidar dela e eu já nervosa querendo tirá-la de seus braços e acalma-la.

_Desiste Lucas, ela não quer você.- meu chefe diz e me olha rapidamente. Desvio o olhar para ele não pensar que eu estava encarando. 

Sinto pena olhando para a bebê que não para de se mexer agoniada.

_Por que ela não para quieta?- fala tentando firmar a bebê em seus braços e me dá um nervoso quando ela resolve abrir o berreiro.

Dou a volta na mesa na maior pressa e praticamente arranco minha bebê de seus braços.

_Se não sabe cuidar não invente.- falo firme e me sento em meu canto irritada acalmando a bebê.

_Não chore, eu estou aqui Louis, estou aqui. - sussurro e em segundos o choro passa.

_Como ela fez isso?- Lucas pergunta chocado e eu me viro de costas para ele. Não quero olhar para uma pessoa que fez minha bebê chorar.

_É o que nos perguntamos todos os dias.- Ana responde e coloca um prato servido em minha frente. 

_Obrigada Ana- sorrio e ela pisca para mim.

_Só de minha filha não chorar como antes já estou feliz. - meu patrão diz e não posso deixar de sorrir. É difícil ver ele demonstrar seus sentimentos.

_Então ela é um santo remédio. Será por isso seu bom humor?- Lucas fala e meu patrão fica vermelho e fecha a cara.

_Acho melhor você manter o respeito. -

_ Sarah, esse final de semana darei uma festa na minha pousada, fica próximo a praia. Sinta-se convidada a usufruir deste momento entre amigos. - Lucas fala gentil e sorriu. A minha raiva por ele ter sido rude com minha bebê já diminuiu e agora posso ser racinal.

_Obrigada pelo convite. Mas não acho que seja um lugar apropriado para mim. - respondo.

_Não será uma casa cheia de jovens loucos para encher a cara e tirar a roupa, não não. Pelo amor de Deus, não tenho idade para isso. - meu chefe se engasga quando bebe um pouco do seu vinho e Ana bate em suas costas levemente perguntando se ele está bem.

_Isso não passou pela minha cabeça, Sr Bitencourt..- sorrio tímida.

_Várias famílias estarão presentes. É mais uma folga do trabalho, muitos funcionários estarão lá com suas famílias e você também pode levar a sua. Serão dois dias, se quiser ir é só avisar antes. - ele pisca para mim e volta sua atenção para o prato. Logo o jantar corre na tranquilidade e quando deito em minha cama só consigo pensar em como minha família está. Como vão as coisas.
Olho para o protetor de  tela do meu celular e sorrio. Me sento na cama e abro a bolsa preta em cima do criado mudo em busca do envelope branco personalizado.

Abro com o maior sorriso do mundo. Eu nem acreditei quando o celular do meu chefe tocou no Estúdio e ele teve que sair, a fotógrafa me contrabandeou uma foto e me fez ganhar o dia. Nela eu seguro a bebê em meu colo e olho pra ela com um sorriso. Ela está apenas de fralda descartável em meu colo mostrando suas curvinhas, com um bocão aberto e mãos babadas. Os olhos brilhando aparentemente muito feliz. Eu quero emoldurar essa foto como ela sugeriu. A fotógrafa disse que esse era um momento mágico de mãe e filha, e que mesmo que eu não fosse mãe de verdade, era como a bebê se sentia a meu respeito. Ela disse que muitas mães não tem a nossa conceção. Eu me senti um "nojo" com esse elogio.

Beijo a foto e guardo novamente no envelope, tenho que achar maneiras de preservar essa foto. Coloco novamente na bolsa no criado mudo e vou dormir feliz.
Que essa criança seja feliz, tão feliz quanto eu sou quando estou ao seu lado.

Era uma vez uma babá....Onde histórias criam vida. Descubra agora