Amerie

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Hoje fazia três semanas desde que tínhamos chegado da Noruega, e Sebastian e eu não tínhamos nos falado desde então.

Eu tinha mandado duas mensagens que não tiveram resposta, e a partir daí me neguei a falar novamente. Não sou de forçar a barra, e se ele não quiser falar comigo, tudo bem. Além disso estive ocupada demais na última semana para me preocupar por ele, era aniversário do meu irmão Aaron, e nesse exato momento eu estava no Canadá, ocupada o suficiente com a minha mãe preparando a maior festa possível para ele.

— Eu disse que queria um jantar simples. —  Aaron resmunga, entrando no salão da mansão que Oliver e Zoe moravam. — Pizza e coca cola.

—  O filhinho preferido da mamãe está com raiva por quê ela deu uma festa? —  Holly provoca me fazendo rir.

—  Ele não é o filho preferido da mamãe, eu sou. — Adam diz com uma cara insuportável de razão. — Ela nem queria ter você, e me amou de cara.


— Ela não queria me ter por quê tinha medo que eu nascesse igual a você. — Aaron rebate, e Adam mostra o dedo do meio para ele.

— Essa discussão é ridícula, todo mundo sabe que eu sou a preferida da mamãe. — Falo e coloco uma das tiaras que encontro em um amontoado de coisas na cabeça. — Eu sou uma princesa, portanto sou melhor que todos vocês.


— Acho que passar tanto tempo com o loiro oxigenado fez mal para sua cabeça. — Holly parece citar Sebastian de propósito, pois olha automaticamente para Adam, que parece ficar vermelho.


— É o que eu sempre falo e ninguém nunca ouve. — Aaron finge desapontamento na voz. — Não se confia em brancos.


— Eu sou branco. — Adam empurra o ombro de Aaron com raiva. — Não se confia em príncipes metidos a besta.


— Mas você é um príncipe metido a besta. — Falo, e ele joga uma bolinha de natal em minha direção.


Uma equipe chega encerrando qualquer conversa que poderíamos ter. Eu sabia que Zoe não faria nenhum jantar com pizza, ela era dona de uma grife de moda mundialmente famosa, e com certeza não perdia a oportunidade de dar uma festa. Aaron era um simples cara do campo preso no corpo de um herdeiro, mas sem dúvidas sonhava de mais.

Me despeço dos meus irmãos e vou atrás da minha mãe, que com certeza estava se preocupando com mil e um detalhes hoje. Holly se distrai com o celular e acaba decidindo ficar onde estava, arrumando a desculpa perfeita para dar pitaco no trabalho dos outros.

— Mare! — Ela exclama assim que me vê, me fazendo apressar o passo para abraça-la. — Não suma nunca desse jeito! Pensei que eu teria que ir até a Noruega atrás de você.

— Na verdade, ela marcou o voo. — Meu pai aparece no topo da escada. —  Eu que liguei e falei com você como uma pessoa normal.

Espero ele chegar até onde estávamos, e dou um abraço gigante nele. Eu via Charlotte e Liam mais vezes que eles, e embora eles ligassem todos os dias, eu sentia saudades.

— Bom, eu quase morri de tédio lá. —  Resmungo como uma criança mimada. — Parece Forks.

— Ah não, esse papo de crepúsculo de novo não. — Meu pai faz uma cara de sofrimento. — Pensei que tínhamos passado dessa fase.


— Não passamos de fase nenhuma, Oliver. — Minha mãe lança para ele um olhar mortal. — Continue falando do que fez lá.

Zoe me olhava de forma minimalista, e sei que ela estava esperando que eu falasse de Sebastian, mas não existia nada para falar. O que eu poderia dizer? "Bom, nós dois somos dois amigos que se beijam as vezes e já dormimos juntos, mas nunca transamos. E depois de me contar que era filho ilegítimo, ele está me ignorando".

Não tinha história nenhuma para contar, e a que tinha não era da minha conta. Ninguém jamais saberia que Sebastian não era filho de Anastacia por mim, mesmo que nunca mais nos falassemos na vida. Ele não tinha me pedido silêncio, nem tinha deixado claro que era segredo, mas a julgar a forma que ele encarava toda a situação, era um assunto delicado. E não era da minha conta.

— Só fiquei dois dias. — dou ombros como se não fosse nada demais. — Fui a um jantar com a família de Sebastian, e no outro dia fomos a uma praia.

O tom casual na minha voz não impediu meu pai de mandar aquele olhar.

— Não gosto do Sebastian. — meu pai diz, e minha mãe apenas observa. — Ele não parecia estar interessado em você naquele dia, Mare. Não quero que se machuque por um riquinho dono do mundo.


— Nós só somos amigos, pai. — Garanto a ele, sem saber se estou mentindo para mim mesma. — Também encontrei Neil lá.

Ele assente, claramente não concordando comigo. Mas isso era uma das coisas que eu aprendi com ele, meu pai não forçava ninguém a nada, ele apenas dizia a sua opinião e deixava a pessoa livre para seguir seu próprio caminho.

— Neil é um garoto ótimo! Quem me dera Holly se interessasse por ele. — Minha mãe suspira.  — Educado, gentil e tão inteligente. Ele foi o primeiro dos irmãos a passar em Stanford!

— Ah, mas eu estou bastante interessada nele. — Holly aparece atrás dela, sorrindo da forma mais maliciosa possível.


Meu pai tampa os ouvidos, e dá um beijo na testa de cada uma de nós, saindo do cômodo quase que imediatamente, e nós três caímos na gargalhada.

— Na verdade, eu o convidei a festa hoje. — Zoe fala servindo uma taça de suco de laranja para nós duas. — Sebastian também está convidado, mas eles não confirmaram presença.


— Neil acabou de me dizer que vinha, mas não sabe nada de Sebastian. — Holly olha para mim, esperando que eu soubesse alguma coisa. — Ele disse que ia para Winsconsin a uma semana.


Engulo o suco de forma errada, e acabo me engasgando da forma mais deselegante possível, tossindo várias vezes.

Sebastian tinha ido ver a mãe dele, isso era certeza. E isso significava que ele não estaria aqui hoje, a julgar pelo olhar de culpa dele no dia da praia, ele se sentia em dívida com a mãe. Mas isso não explicava o chá de sumiço que ele tinha dado para mim, e não me deixava nem um pouco menos irritada por isso. Eu sabia que não podia exigir nada, mas acho que ele sabia da mesma forma que eu que nós éramos algo, se não soubesse não teria me contato tudo que contou na esperança que eu corresse léguas de distância dele.


— Você está bem? — Minha mãe me olha preocupada quando já consigo respirar direito e eu assinto com a cabeça.


Mas não era verdade. Eu não estava nem um pouco bem.





Parabéns ao nosso baby Aaronnn

Contrato azulOnde histórias criam vida. Descubra agora