Contrato azul

Amerie

Estou pegando fogo.

Do momento em que Sebastian disse que quer esperar até o casamento até o almoço na casa do pai dele, evito o máximo tocar nele. Antes tinha a expectativa de não ser o momento certo, de não estar afim, mas agora que sei que tem uma data, ou melhor, um prazo, me sinto em chamas.

Agora sei como Bella Swan se sentiu quando Edward a evitava durante todo o namoro.

— O que foi? — Sebastian sussurra no meu ouvido e me arrepio na hora. — Você está tensa.

Claro que estou tensa. Estou muito tensa. Mais tensa que todas as pessoas que estiveram tensas. Saber que provavelmente vou ter que assinar um pré nupcial e enfrentar mil e uma coisas que não estava preparada me deixa tensa. Ninguém da minha família fez isso, nem mesmo meus pais Zoe e Oliver que se casaram por causa de um contrato.

Para a minha sorte vejo Norman e para a minha surpresa Nash. Sebastian disse que ele não estava tão legal assim, e como a família dele era quem era, tentavam esconder isso ao máximo. Nunca presenciei alguém que tivesse problemas com vício, mas Valerie tinha falado uma vez que era uma doença e não uma escolha. Ninguém decide ser um bêbado ou um viciado em drogas, e ninguém deveria ser escondido dessa forma do mundo só por que não estava tão bem assim.

— Nossa, você ficou ainda mais gos... bonita!  — Nash sorri querendo chatear meu noivo que faz uma carranca automaticamente, e Norman olha pra Sebastian do canto do olho meio sério.

É a primeira vez que vejo ele sem nenhum traço de diversão, e imagino que deve estar pensando no que vai acontecer hoje e como isso vai afetar o irmão.

— Bom, é como dizem. — Dou ombros antes de abraçar ele. — A faculdade de gastronomia é cheia de gostosas felizes.

O abraço demora um pouco mas não sinto um pingo de maldade mesmo com as palavras que ele sempre me diz quando me vê. Nash está genuinamente feliz por me ver, e apesar de não ter me contado ele sabe que sei e eu sei que ele está feliz por eu não tocar no assunto.

— Desencosta, porra. — Sebastian esbraveja brincando, e abraça o primo no momento em que o solto.

O meu abraço em Norman é mais rápido e diferente do irmão ele dá um beijo no topo da minha cabeça, sendo mais carinhoso do que Neil que apesar de tudo, não está aqui.

— Como você está? — Pergunto vendo sua expressão divertida vacilar um pouco.

— Ótimo. — Ele dá ombros de forma despreocupada, mas transbordando preocupação. — Não vamos ficar muito, na verdade nem sabíamos desse evento.

Ele aponta pra todos os empregados correndo pra cima e para baixo, prontos para fazerem um banquete.

Não que seja ruim, adoro confusões de cozinha e adoro o quão tudo parece silencioso através de barulhos de pratos. Mas aqui era tudo impessoal, e parecia que a cozinha não tinha vida. Parecia que nada aqui tinha vida.

— Vocês não vão almoçar com a gente? E Neil? — Sebastian pergunta e me puxa pra encostar nele. Adoro quando faz isso, mesmo.

Ele espalma a mão enorme na minha barriga e deixa que eu descanse do peso que é estar de salto a tanto tempo. Apesar de ter sido criada em uma família que não supervalorizava dinheiro, eu era uma Grimaldi e pior do que isso, era irmã de Holly Wado a pessoa mais genial do mundo da moda do século e sei que ela jamais me perdoaria se eu saísse para um evento tão formal sem um salto nos pés.