Amerie

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Não importa o tamanho da minha cara feia. Nem Charlie nem Zoe e nem Liam me deixam chegar perto da cozinha no dia vinte e cinco de dezembro.


— Você já está trabalhando muito, não precisa ajudar no natal. — Meu pai Liam diz e me empurra gentilmente para a sala. — Vai fazer alguma coisa longe da cozinha.



— É Mare, vai fazer alguma coisa longe da cozinha. — Adam imita sendo infantil, apenas para me irritar.
— Por que você não cuida do Caleb?



— O filho é seu. — Lembro mas me abaixo para pegar meu sobrinho mesmo assim. — Acho que deixei seu pai mal acostumado, bebê.


Caleb me olha com uma expressão engraçadíssima e começa a chorar assim que se dá conta de que não sou sua mãe. Ele era o tipo de bebê que só gostava de estar com os pais, o que era ótimo para manter Adam longe da minha vida.

— Filho, você pode por favor não ser tão parecido comigo? — Adam suplica enquanto pega o bebê das minhas mãos. — Seja menos chatinho.



Caleb parece entender, pois se cala de forma automática, me fazendo rir.

— Acho que a vida está castigando você por ter feito o Oliver ficar com cabelos brancos. — Aaron aparece atrás de mim e dou um pulo de susto.


Me recupero logo e abraço ele com a maior força que consigo. Fazia quase oito meses que não nos víamos já que eu quase não pude sair de Nova York com toda a burocracia da confeitaria, e ele estava no primeiro ano sendo chefe da Hawthorn. O ano tinha sido corrido para nós dois.


— Que saudade! — Digo assim que solto meu irmão preferido. — Faz cinco dias que não me liga, seu otário.


— Faz três meses que não me liga, seu otário. — Adam reclama com uma voz ríspida.




Aaron ignora o drama de Adam e o abraça. Conversamos por ótimos minutos, atualizando a vida de cada um por pelo menos quinze minutos. Era nítido como todos nós estávamos em fases diferentes. Adam era pai e apesar de reclamar do cansaço, sei que estava adorando cada segundo. É uma maravilha pensar que ele não só se casou, mas tinha uma família agora. Aaron era o que tinha nascido para ser o sucessor de Oliver. Todos nós sabíamos disso e era inegável. Adam nunca se interessou pelos negócios da família, Holly era a sucessora de Zoe. Ela já comandava a ZHT a anos e com certeza, estaria na presidência logo logo. E eu estava me recuperando de um baque que nem sabia que tinha me atingido com tanta força. 

— Passei esses meses todos me segurando para não te contar. — Aaron diz no minuto que Adam vai embora. — Eu estou namorando.


— Pensei que você fosse noivo. — Franzo a testa em confusão. — Hanna Di'laurents sumiu?


— Nós terminamos a um bom tempo.
— Aaron diz com um sorriso divertido no rosto. — Mas não vou julgar você por não notar.


— Não pode julgar mesmo, você nem me contou! — Faço uma cara de ofendida. — Achei que me amasse.


Ele ri do meu drama e vamos até o sofá que estava de frente a árvore de natal abarrotada de presentes.

— Quando nós dois concordamos em descobrir sozinhos quem tinha atirado no papai, eu conheci Ella. — Ele começa a contar. — Na verdade conheci ela no dia que ele foi baleado.



Olho para Aaron e sinto o sangue gelar apenas com a menção desse dia. Era óbvio que eu não ia esquecer disso nunca, e muito menos quando o paradeiro do tal atirador não tinha sido descoberto. Sebastian fez o favor de ir embora da minha vida e deixar essa bomba chiando no meu colo, e infelizmente, cabia a mim desarmar.

Contrato azulOnde histórias criam vida. Descubra agora