Sebastian

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Odeio o fato de saber que o que quer que aconteça hoje, não vai ser bom. Amerie também sabe disso, e vejo a tensão se acumular nos seus ombros e a medida que ela acha que está disfarçando.

Me arrependo na hora que entramos na casa do meu pai em ter deixado ela vir, mas sei que seria bem pior se ela não estivesse aqui. Não sei se ficaria tranquilo sabendo que com certeza Amerie iria sair por aí, não depois do que fiquei sabendo por telefone.

— Acho que a coisa que mais gosto em você são seus olhos. — Ela diz levantando a cabeça pra me olhar fixamente.

Estamos deitados agora. Quietos. Graças a mim chegamos uma hora adiantados e então temos um tempinho antes da guerra começar.

— Isso é por que você ainda não me viu pelado. — Retruco incapaz de manter o momento fofo, e ela revira os olhos e depois olha pra baixo.

Ah não. Péssimo assunto. Agora só estou pensando em Amerie olhando pra mim do jeito que estava olhando quando estávamos no hotel.

— Nem quero ver, estou me guardando pro casamento com um príncipe. — Ela brinca e se solta de mim. — Não posso ficar na cama com um plebeu.

Na minha família plebeus são símbolo de chacota, e amo Amerie um pouco mais por transformar isso em brincadeira. Passei a vida toda com medo que as pessoas descobrissem que apesar de filho do rei, eu não era nobre já que minha mãe não tem ligação nenhuma com essa história de monarquia.

A maioria das princesas que choraram quando rejeitei o pedido de casamento delas, nem sequer me olhariam se soubessem. Amerie me amou mesmo sabendo que sou assim, e amou até o que eu odiei em mim a vida inteira.

— Seu príncipe não vai ficar sabendo. — Falo assim que consigo trazer ela de volta pro meu peito, esbarrando minha boca nos seus lábios carnudos. — Agora você beijou um plebeu.

— Minha honra foi para o brejo. — Ela suspira, fingindo estar triste e me beija de volta, demorando apenas um pouco antes de se afastar.

Desde a conversa Amerie evita me beijar como antes, e embora seja para o seu próprio bem tenho certeza que ela não liga pra isso. Ela se importa apenas por que sabe que é importante pra mim, e na minha opinião isso diz muito sobre nós dois.

O vestido que ela usa é um pouco justo, e subiu com os movimentos que fizemos agora, mas ela não percebe ou não liga.

— Achou mesmo que eu não queria transar com você? — Pergunto trazendo o assunto de ontem a tona.

— Por uns cinco minutos achei que sim. — Ela dá ombros. — Mas como é você, com certeza tem algum trauma por trás.

Amerie me deixa boquiaberto com a provocação, e jogo o travesseiro que estava apoiada a minha cabeça nela. 

O momento é tão bom que esqueço onde estamos, tão bom que esqueço que meu pai está lá embaixo possivelmente com alguma carta na manga pronto pra tentar fazer qualquer coisa que me impeça de ficar com Amerie e de seguir a minha vida. Tão bom que não posso evitar beijar Amerie daquele jeito.

Estamos de frente um para o outro, deitados de lado na cama e o excesso de roupa me incomoda muito mas é o seguro. Eu deveria estar a dez passos dela, e não aqui com a mão segurando sua nuca enquanto ela me beijava como se fosse a última coisa pra fazer no mundo mas nesse momento estou feliz demais pra ser calculista, e meu pau está muito duro pra que eu possa pensar com a minha cabeça.



Ver Amerie, não qualquer mulher, mas minha noiva linda e que com certeza me deseja seminua todos os dias não ajuda nem um pouquinho. Na maioria das vezes ela nem sequer faz por mal, não desde a conversa que tivemos. Mesmo assim, é um esforço sobre humano todas as vezes.


Uma das minhas mãos vão para trás do seu joelho, entrelaçando a sua perna na minha cintura pra que ela possa sentir o que está acontecendo aqui embaixo. Pra que ela nunca mais pergunte se não tenho desejo por ela. Aperto seu corpo sem nem um pouco de gentileza contra o meu enquanto ainda nos beijamos, decidido a parar depois disso e aí Amerie estraga todo resquício de controle que tenho gemendo na minha boca, me fazendo ficar hipnotizado pelo som.


É o fim.


— Acho que temos que parar. — Ela ofega quando meus lábios vão pro seu pescoço.


Toda. Arrepiada.


Ignoro suas palavras por que sei que ela não quer parar, e também não quero.


Desço a mão que colocou sua perna na minha cintura para a calcinha minúscula que ela usava. Adoro o fato de Amerie ser safada e meiga, nunca conheci alguém dessa forma. Ela fecha os olhos, arfando quando meus dedos encontram o que eu queria achar. Beijo novamente seus lábios engolindo cada gemido que ela solta, e o mundo ao nosso redor derrete. Só existe isso aqui nesse momento.



Sinto vontade de tirar esse vestido e de ver ela completamente nua. Vontade de dizer que esse almoço não importa e que deveríamos ir pra casa pra continuar o que estamos começando aqui, e essa vontade de intensifica quando ela abre os olhos e me olha cheia de tesão. Por mim. Amerie me ama e me deseja. Fica tão intenso que a beijo de novo, beijo até ela começar a tremer nos meus braços e até um pouquinho depois disso.




Me sinto meio adolescente agora dando significado pra uma coisa simples, mas foi a primeira vez que passamos dos beijos e apesar de Amerie não dizer, sei que é importante pra ela.


— Precisamos casar amanhã. — ela diz depois de alguns minutos. — Com qualquer juiz de paz em qualquer lugar.



— Amanhã? — Dou uma risada, me sentindo orgulhoso.


— Ou hoje. — Ela diz e aí volta a olhar pra mim.


Ela está com a maior cara de quem acabou de transar. Seus cabelos estão bagunçados como nunca ficam e seus lábios estão inchados, junto com a bochecha corada.

— Meu tio é juiz. — Brinco e seus olhos se acendem. — Mas não podemos casar sem sua família presente.


Ela pisca, como se estivesse se lembrando que casar não era apenas assinar um papel e revira os olhos depois.

— Família é uma droga. — Ela brinca. — Não suporto metade deles. Nenhum dos meus irmãos, eles não iam ligar de estarem presentes.



Dou risada por que é o maior absurdo do mundo. Eles ligariam sim, e ainda me matariam depois. Amerie tinha várias pessoas a quem recorrer se alguma coisa desse errado, várias pessoas pra quem ligar caso precisasse de plateia pra algum evento dela. Eles iriam, assistiriam e ficariam felizes por ela. A família inteira dela provavelmente estaria no casamento, e isso fazia meu coração se aquecer. Amerie jamais estaria sozinha, mesmo se eu não tivesse por perto.





Um hotzinho

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