Amerie

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Sempre achei um pouco redundante falar que a sua vida inteira pode mudar em segundos, e obviamente a vida me mostrou mais uma vez que eu estava errada. Em um minuto Sebastian estava bem e no outro ele simplesmente desmaia na minha frente.


Apesar de Valerie ter me garantido que ele não corria risco nenhum de vida, e que na verdade toda a situação foi bastante emocional, o estresse não diminuiu nem um pouquinho.


— Brian ainda está aqui. — Sebastian quebra o silêncio depois de um tempo. 


— Ele disse a minha mãe que não iria embora até falar comigo. — Falo com desgosto na voz. — Faz só trinta minutos que descobrimos que ele é meu doador de esperma, não tenho cabeça pra falar com ele agora. 


O peito de Sebastian começa a tremer sob meus dedos, e levanto a cabeça o mais rápido que posso em um reflexo de susto, para relaxar quando vejo sua cabeça tombada pra trás em uma gargalhada. 


— Nunca imaginei ouvir a linda e gentil princesa Amerie dizendo uma coisa dessas. — Ele provoca como se não tivesse acabado de passar por um procedimento cirúrgico. 



Sebastian parecia ótimo agora, inclusive estava lindissímo mesmo com a roupa de hospital. 

— Você não imagina o que a linda e gentil princesa Amerie pode fazer com a boca. — Dou o sorriso sarcástico que herdei de Oliver. 


Só percebo o que eu disse quando seus olhos demoram um pouco mais nos meus lábios. Pensando bem, faz muito tempo que nós não damos um mísero e casto beijo, mas é claro que agora não era momento pra isso. Não com ele tendo o coração literalmente partido por minha causa.


— Não tem vergonha de tentar seduzir um pobre doente? — Ele brinca, olhando pros meus olhos novamente, mas sinto-o se remexer desconfortável sob mim. 


É impossível não perceber o clima, mas faço o máximo que posso pra ignorar, já que Sebastian tinha começado a percorrer a mão que não tinha um aparelho esquisita no indicador nas minhas costas. 



— Ah, sim, o pobre príncipe herdeiro do trono Sebastian. — Reviro os olhos entrando na brincadeira.




— Não sou mais o herdeiro do trono. — Ele me relembra. — Acho que não sou nem príncipe mais. 



— Ah, então não tenho motivos pra querer ficar com você. — Digo e faço força pra descer da cama, simulando uma saída dramática. 



Mesmo com o coração dividido em dois Sebastian tem força o suficiente pra me imobilizar em cima dele enquanto me debato na tentativa falha de me soltar.  Só percebo que estou rindo quando paro embaixo dele, e Sebastian também sorri. Acho que nunca o vi assim, nunca vi Sebastian sorrindo desse jeito. Apesar dele se abrir mais do que o normal quando estavamos sozinhos, ele nunca tinha me olhado do jeito que estava olhando agora.


— Acho que eu que seduzi você. — Ele diz convencido e quase concordo. 


— Não seduziu, não me interesso por pessoas que não são da realeza. — Empino o nariz ao falar. — Eu sou uma Grimaldi, o que o meu pai iria dizer de você? 


— "Bem vindo a família, Sebastian, fico muito feliz em saber que alguém tão bonito como você se interessou pelo patinho feio da realeza." — Ele imita o jeito que Liam fala e dou um tapa no seu peito, boquiaberta. 



— Me chamou de patinho feio? — Pergunto incrédula. 


— Você sabe que de nós dois eu sou o mais bonito. — Ele dá ombros, dando um sorrisinho convencido que me faz odia-ló instantaneamente. — Mas você tem a bunda maior, se serve de consolo. 



— Ah, serve sim, eu sou feia mas pelo menos tenho uma bunda grande. Obrigada Sebastian por ser tão atencioso. — Falo com sarcasmo.


Ele me pega de surpresa quando enfia a cabeça no meu pescoço, ficando com os lábios bem perto da minha orelha quando sussurra.


— Você sabe que é a mulher mais linda do mundo inteiro, não é? — Sebastian pergunta, deixando um beijo na parte de cima do meu pescoço. — Mas a sua bunda realmente é enorme, isso não era brincadeira. 


Meu pescoço se arrepia inteiro e engulo em seco quando Sebastian passa o polegar pelo meu ombro em uma carícia simples, mas que com certeza, teve impacto. Ele volta a olhar pra mim inocentemente enquanto seus dedos brincam com a alça do meu sutiã. 


— Alguém está tentado pela patinho feio. — Digo com a voz ainda firme fazendo Sebastian revirar os olhos. 


Canso do joguinho que estamos fazendo na noite toda e me inclino pra beijar seus lábios, ele não vai morrer se me der um simples e casto beijo, então jogo a preocupação pra debaixo da cama que estamos. 


Na verdade, estava casto até Sebastian inclinar seu corpo contra o meu e tomar totalmente o domínio da situação mesmo que eu tenha beijado ele. Alguma hora a coisinha enganchada no seu dedo caiu, por que uma das suas mãos vai pra minha bunda sem a menor cerimônia e a outra continua no meu pescoço. Uma luzinha vermelha pisca acima da minha cabeça e lembro que a porta estava aberta, e que da última vez que alguém da minha família viu eu e Sebastian aos beijos, ele quase teve um nariz quebrado. 


Esqueço isso quando uma das suas mãos entram debaixo da minha camisa e passam por baixo do sutiã, e estremeço quando o seu polegar passa pelo meu mamilo.


Agora ele tinha pegado pesado. 



— Tá sentindo isso? — Ele pressiona seu corpo no meu.— É o quanto eu amo você. 


Não sou sexy propositalmente, nem muito menos tenho uma resposta pra o que ele falou, por isso fico caladinha enquanto arranho seu abdomen e quando sinto Sebastian estremecer sei que fiz a coisa certa.



A porta se abre depois de duas batidinhas rápidas e abro os olhos na velocidade da luz, empurrando Sebastian da cama em um reflexo de susto. Vejo cinco médicos me olhando com um sorriso preso nos lábios, e avisto Valerie chocada junto de outra médica igualmente chocada.


— Ele acabou de operar o coração! — Uma das médicas fala, e pelo olhar que Valerie deu, sei que é uma interna. 


— Ele não operou o coração, idiota, ele só passou por um simples procedimento cirúrgico. — Outro interno se mete. 


— E mesmo assim estava agarrando a sua sobrinha? — Ela pergunta, agora não consegue esconder que está rindo.


— Nós vamos nos casar. — Sebastian se levanta sozinho, pegando o pequeno aparelho que com certeza media alguma coisa e coloca de novo no dedo. — Desculpe pela empolgação Valerie.



Ela o olha com desgosto dos pés a cabeça, exatamente como meu pai faz antes de revirar os olhos. 


— Não é Valerie, é doutora. 












DEMOREI MAIS CHEGUEI VIUUUU

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