Sebastian

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Aquilo era o certo a se fazer.

Saio do salão no momento em que Amerie me dá as costas, determinado a cumprir o que disse a ela.

Não sei se Adeline é a mulher certa para a situação, nem imagino com quem vou me casar daqui a dois meses. Sei que ninguém vai ter relevância, não mais. Jogo o anel que ela me devolveu na fonte do jardim antes de sair, nunca mais conseguiria olhar para ele do mesmo jeito. Não pertencia mais a mim.

Repito para mim que fiz a escolha certa quando entro dentro do carro e peço para o motorista esperar cinco minutos antes de sair. Aquilo foi a melhor coisa que fiz por ela, já que claramente não sabia onde estava se metendo. Amerie nunca seria feliz comigo, essa é a grande verdade. Mesmo que achasse que podia, era impossível. Ela não sobreviveria no meio da família que eu tinha, e nem suportaria metade das obrigações que teria como rainha, e nem sequer queria isso. O sentimento que ela tinha poderia morrer, mas se ela deixasse de ser quem é por mim, eu jamais iria me perdoar.

Eu não conseguiria mais dormir se soubesse que eu destruí a única coisa que quis que continuasse intacta.

— Sebastian, cara, você não vai acreditar.

Norman, Nash ou Neil entra no carro, não consigo diferenciar agora. Eles eram idênticos.

— Você é o idiota, o vagabundo ou o nerd? — Pergunto enquanto encho o copo que tinha dentro do carro de Bourbon.

Quem sabe encher a cara hoje me faça esquecer do que acabei de fazer, ou esquecer a forma que ela me olhou.

— Eu sou o mais bonito. — Ele diz com raiva por eu ter o confundido, e sei automaticamente que é Norman. — Acabei de pegar uma princesa!

Paraliso assim que a frase sai da sua boca e o copo fica no meio do caminho. É impossível não trincar os dentes e não o olhar do jeito mais terrível possível. Se ele tiver falando sobre Amerie, tenho certeza que não vou me segurar dessa vez. Foda-se se isso vai fazer mal a Noruega.

— Não a sua princesa. — Norman revira os olhos, e puxa o copo da minha mão, bebendo tudo em um só gole. — Era uma muito safada e muito má.


Apesar dele ter me irritado, meu corpo relaxa com o reconhecimento de que Amerie não era permitida. Sei que ela iria namorar e sair com outros caras, mas de jeito nenhum seria alguém que eu conhecesse, eu me certificaria disso.

— E daí? Nunca ficou com nenhuma princesa? — Pergunto desistindo do copo e bebendo diretamente na garrafa. — É quase a mesma coisa sempre. Garotinhas ricas entediadas.

— Essa não. — Ele suspira, sonhador. — Ela era terrível.


Norman começa a me contar os detalhes mesmo que eu não tenha demonstrado interesse de saber, e dou uma risada alta quando ele conta que no final de tudo, a tal princesa expulsou ele do quartinho que eles estavam.

Não percebo quando o carro começa a andar, e fico surpreso quando chego na frente do hotel que eu estava. Odeio hotéis, nunca me sinto confortável em lugares tão públicos. Mas eu não queria comprar nenhum imóvel no Canadá, nada que me lembrasse Amerie tanto assim. Desço do carro sendo seguido por Norman, que a essa altura já estava bem alterado.



É impossível esquecer da sua expressão de decepção quando citei Adeline. Sei que tentou com todo o coração fingir que estava feliz por mim, mas ela não conseguia mentir para ninguém. Muito menos para mim. A doce e gentil Amerie apaixonada por um imbecil ganancioso, por alguém que jamais a amaria de volta da forma que ela merecia. Apaixonada por alguém que não podia amar. Não importava o quanto eu me esforçasse, eu nunca poderia dar a vida que ela merecia.


— Achei que você não fosse voltar tão cedo. — Adeline pula da cama quando abro a porta, me fazendo franzir o cenho.


É impossível não olhar de cima abaixo para ela. Que estava com uma lingerie roxa por baixo do roupão do hotel. Se estava planejando me seduzir, seria terrivelmente frustrada.

— Eu só fui falar com Amerie. — Tiro o blazer, colocando ele na poltrona cinza que ficava de frente para a televisão.


— Amerie é aquela garota que sempre aparece com você nas fotos? — Ela pergunta de forma curiosa. — Ela é bem gata.


Como sempre, fico confuso quando Adeline abre a boca. Ela era a pessoa mais estranha desse mundo, e as vezes eu sequer conseguia entender o quê diabos estava falando. Em compensação ela era muito inteligente e sabia exatamente o tipo de relacionamento que estávamos começando a ter, e não me cobrava absolutamente nada.

Nós saímos várias vezes desde que voltei da Noruega já que eu sabia que não poderia perder tempo, e então tudo tinha começado a andar mais rápido. Era comum esse tipo de acordo, a maioria dos príncipes se casavam com princesas justamente por nepotismo, que era o caso da família inteira dela.


— Amerie é aquela que sempre saia comigo nas fotos. — Corrijo ela, e não sei se ela está esperando um pedido de desculpas. — Nós dois tínhamos marcado algo?

Suas bochechas coram imediatamente e mais uma vez fico confuso quando ela nega, fechando ainda mais o roupão.

— Não, mas eu... Eu preciso sair. — Ela diz envergonhada. — Você se importa?



Quase dou pulos de alívio por isso antes de negar, desaparecendo para o banheiro no momento em que ela faz menção de se vestir.


Seja lá o que Adeline vá fazer, era melhor mesmo que fosse embora. Eu não queria estragar tudo com ela hoje, mas sei que não seria uma boa companhia para ninguém. Como nunca fui. Não até Amerie aparecer e simplesmente transformar tudo que podia.


A água não chega a ser tão gelada quando a da Noruega, então não me sinto confortável, mas não quero sair daqui. Sei que se eu sair, vou ligar para ela. E não posso fazer isso. Não posso estragar a vida dela, não era justo.



Seja lá o que Amerie fosse fazer a partir de agora, era mil vezes melhor do que estar comigo.




Não resisti!!!! Aqui tá mais um!!!! Mimei vocês de mais viu, mereço palmas kkkkk brincadeiras a parte gente, tô amando escrever essa história e dou um conselho a vocês: preparem o coração!

O que vocês acham da Adeline?

Contrato azulOnde histórias criam vida. Descubra agora