Contrato azul

Sebastian

- O que eu te disse Sebastian? NINGUÉM DA CASA DE MÔNACO! você está em todos os jornais do mundo de abraçadinho com a porra de uma órfã! - Meu pai andava de um lado para o outro, com o rosto vermelho de tanta raiva.

Era óbvio que alguém tinha filmado o assalto, era exatamente disso que eu precisava. Das pessoas me vendo com Amerie.

- Cuidado com o coração. - Falei abrindo um sorriso torto fazendo meu pai me lançar um olhar mortal.

Eu também estava com raiva, também não queria minha imagem associada a Amerie nem a ninguém que pertencesse a Mônaco. Era uma família extremamente complicada, e eu estava cheio de complicações. Mas meu pai não tinha escolha quanto a isso, ele estava a beira de um ataque cardíaco e eu, a beira de ser rei.

- O filho mais velho é um bastardo. Você sabe o que isso significa? Aquela família inteira é uma confusão!

- Eu também sou um bastardo. - Relembrei dando ombros. - Não é grande coisa, eu não apareci beijando ela ou coisa do tipo, apenas foi um...

- Você não é bastardo! - ele grita em plenos pulmões derrubando um dos vasos mais feios que já vi no chão. - Anastacia é a sua mãe, tem o nome dela na sua certidão de nascimento. Você é o filho legítimo da casa Noruega, e eu espero que aja como um.

- AQUELA VAGABUNDA NÃO É A MINHA MÃE. - Gritei me levantando da poltrona com um pulo. - Não ouse dizer isso novamente, nunca mais.

- Quem você acha que é para falar assim comigo, Sebastian? Me trate assim e...

- E o quê? Não serei rei? - Arqueio uma sobrancelha, puxando o paletó da cadeira. - Nós dois sabemos que você não tem uma escolha melhor, se tivesse, essa conversa sequer existiria.

Coloquei a peça de roupa em apenas um segundo, batendo a porta com força quando saio do quarto. Discutir com meu pai era burrice, e sinceramente, eu não estava no clima de brigas hoje. Ele já tinha ido embora quando tudo tinha começado, e então só ficou sabendo do que aconteceu através da mídia local, que obviamente, exagerou. No fundo, eu sabia que essa era sua maneira de dizer que era uma idiotice eu ter ficado ontem, e que tinha se preocupado comigo quando soube. Embora ele fosse um homem imbecil na maioria das vezes, eventualmente, ele admitia que sentia coisas humanas como preocupação.

Mas apesar disso, dizer que Anastacia era minha mãe foi o fundo do poço para mim. Ele estava ocupado demais sendo rei para perceber ou até mesmo se importar com o quanto ela me detestava. Perdi as contas de quantas vezes comi sozinho no meu quarto por quê ela detestava a minha presença, ou por quê Christian tinha algo "particular" para dizer a ela.

"Você entende, certo? É um segredinho de mãe para filho. E você pode muito bem comer sozinho, já tem sete anos."

E depois oito, nove, dez, onze até eu entender que ela não suportava olhar para a minha cara quando não tinha ninguém presente. Longe das câmeras nós ficávamos pouco mais de dois minutos no mesmo local. O palácio era enorme e ela se certificou que eu ficasse o mais distante o possível dela, até eu ter idade o suficiente para não ligar mais para as regras que ela impunha.

- Alteza, o senhor tem visita. - Um empregado que não me dei o trabalho de memorizar o nome fala assim que me vê.

- Visita? Em Mônaco? - Dei uma risada seca. - É algum padeiro?

Um suspiro feminino irritado soou. Eu tinha transado com alguém de Mônaco? Era quase impossível que depois de ontem, eu tivesse algum pique para isso.

- Não é nenhum padeiro, Sebastian. É a dona da padaria. - A voz de Amerie soou me fazendo paralisar de surpresa.

Ela apareceu no fim da escada, perfeitamente normal. Usava um vestido roxo, na metade das coxas e um sobretudo azul por cima. Se fosse em qualquer outra pessoa, ficaria completamente ridículo, mas nela ficava extremamente elegante. A mão esquerda segurava seu celular, e a direita tinha um pequeno pacote branco que realmente parecia ter vindo de alguma padaria barata. Conti a vontade de ser rude e perguntar o que diabos ela estava fazendo aqui. Nós dois não nos conhecíamos até ontem, na verdade, nem sei se da para chamar aquilo de se conhecer. Eu era um perfeito estranho para ela e vice-versa, e para mim, estava ótimo dessa forma.