Sebastian

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Consigo ver Amerie, Margie e Dean de onde estou. Não fico surpreso em ver ela sorrindo e conversando como se não tivesse acabado de perder todas as certezas que tinha na vida, isso só me faz ter ainda mais vontade de matar Brian.

Também estou com raiva de mim, fui um imbecil com ela ontem e sei que foi o pior momento parar agir como eu mesmo. Não importa quanto eu achava que tinha me sacrificado, Amerie tinha perdido mais em toda essa história. Eu sempre fui o segundo filho bastardo, nunca tiraram de mim a chance de saber a verdade.

— Precisamos conversar. — Adeline sussurra ao meu lado, com a mão firmemente colada a minha. — Precisa ser agora Sebastian.


Nós estávamos no meio da cerimônia do Empire. Todas as mini empresas estavam postas paralelamente, eu já tinha ouvido três delas e sinceramente, não aguentava mais.

Vejo Norman acenando de longe e aproveito a oportunidade para levantar e ir falar com ele com Adeline ao meu lado. Também quero falar com ela, se tudo sair como o planejado vou estar voando em direção ao Canadá assim que o evento acabar e quero terminar tudo que temos com o mínimo de dignidade possível. Apesar de ser um relacionamento de fachada eu gostava dela. Adeline era a coisa mais próxima que eu tinha de uma amiga e por isso merecia uma conversa de término e não só um comunicado de que eu estava indo embora.

— Nash! — Adeline o abraça com tanto entusiasmo que levanto uma sobrancelha. — Uau, seu projeto é fantástico.

Olho para cima vendo um protótipo de um restaurante sustentável, não fico surpreso por que sei que Norman é bastante inteligente e que tem ideias ótimas. Ele só sente muita vergonha disso e se esconde nos irmãos e no papel de engraçadinho. Ele nem mesmo assistia as aulas da faculdade e tirava dez nas provas por que tinha uma memória incrível, e quando Nash queria sumir e aproveitar a vida colocava o irmão no lugar dele, como agora.

— Você gostou? — Ele pergunta vendo que estou observando. — Toda comida que sai daqui é plantada nos fundos, então não é tão caro manter.


— É um restaurante vegano? — Pergunto quando vejo um ratatouille.


— Cem por cento vegano com cento e cinco pratos, incluindo sobremesas.



Norman sorri mas não vejo a presunção de sempre estampada nos seus olhos. Sei que nunca vai admitir que está feliz por isso, mas sei que ele adorou participar do Empire.

— Uau, isso é mesmo fantástico. — Adeline sorri e volta a segurar a minha mão. — Voltamos daqui a um instante.


Adeline me arrasta até a parte da grama que não tinha nenhuma mini empresa e olha para todos os lados enquanto isso. Espero que não esteja pensando em me seduzir, por que não estou nem um pouco afim de explicar que não sou a cura gay dela. Seus olhos varrem o local como se estivesse procurando alguma coisa e me pego fazendo o mesmo que ela, seja lá o que esteja fazendo ela agir tão estranho assim, quero saber o que é.

— O que diabos está acontecendo? — Pergunto ficando sem paciência pra tanto mistério. — Da pra parar de ficar olhando pros lados como uma fugitiva?


— Estou tentando encontrar a moto que Norman disse que deixaria aqui. — Ela diz ainda olhando para os lados. — Ele acabou de me dar as chaves.


— Norman? — Pergunto sentindo um frio no estômago, se alguém soubesse que ele tinha mentido sobre a sua identidade ele não seria só desclassificado, também seria preso. — Nós dois vamos de falar com o Nash.

— Ah, faça-me o favor Sebastian eu sei que aquele dali é Norman. — Ela revira os olhos. — Ele me contou, não tem nenhum problema nisso.


Estou boquiaberto agora e ela continua olhando para todos os lados como uma lunática.

— Não acredito que aquele imbecil contou pra você. — As palavras voam em pura irritação da minha boca. — Vou matar Norman.

— Você não vai matar ninguém e... ali!
— Ela grita quase me deixando surdo.
— Certo Sebastian preciso que você escute e não fique com raiva. Eu vou fugir daqui a uma hora e você vai me ajudar, nós dois sabemos que esse noivado foi uma porcaria e apesar de gostar um pouquinho de caras eu amo Alisson. Sempre vou amar ela e sei que meu pai nunca vai permitir que me case com ela, então nós duas vamos nos casar hoje e depois vamos para o México, e você vai dizer que eu tive uma indisposição e que por isso vou esperar você no hotel.


Estou chocado de verdade agora mas não tem nenhum indicativo na expressão de Adeline que indica mentira.

— Está terminando comigo? Eu vim terminar com você! — Falo em choque.

— Ótimo estamos de acordo! — Ela pula no meu pescoço me dando um abraço desajeitado. — Você vai ser feliz com Amerie e eu vou ser feliz com a Allie, um dia nós vamos fazer um grande almoço suburbano em algum lugar mas agora você precisa me ajudar Sebastian.

— Seu pai nunca vai perdoar você. — as palavras saem da minha boca antes que eu possa medir.


— Eu nunca vou me perdoar se me casar com você e deixar o amor da minha vida ir embora. — Ela fala com um sorriso enorme. — Você é um ótimo amigo Sebastian, deveria deixar as pessoas te conhecerem.


Algumas lágrimas caem dos olhos dela e é quase involuntário enxugar. Adeline apoia o rosto na minha mão e pela primeira vez parece calma, mesmo segundos antes de fugir ela parece calma. Nos meses que passamos juntos tive a sensação de que ela sempre esteve correndo, indo de um lugar para o outro e pensando em mil e uma coisas. A pressão de ser a filha perfeita que o pai dela exigia que fosse a fazia infeliz, Adeline estava correndo em direção a felicidade dela, estava a conquistando.


— Você é muito corajosa e vai ser muito feliz. — Falo com um sorriso genuíno. — Pode ligar para mim a qualquer hora e de onde estiver, eu vou adorar falar com você.


Beijo sua testa antes dela se apoiar no meio peito, me dando agora um abraço de despedida.


— Se case com Amerie, você sabe que ama ela. — Ela diz me olhando nos olhos. — E ela é muito gostosa, vai ser bom enfiar a cara naquela bunda quando estiver em um dia ruim.


Dou um empurrão nela antes de cair na gargalhada. Adeline nunca tinha falado assim de nenhuma garota perto de mim, embora eu soubesse que era o que pensava.


— Se você fosse homem eu teria quebrado a sua cara por falar assim dela. — Reviro os olhos. — Amerie não é só gostosa, ela é...


— O amor da sua vida. — Ela me interrompe. — Eu sei, você sabe e qualquer pessoa que conheça um pouquinho vocês dois sabe também.



— Mas é complicado. — Admito, olhando para o lado.


— Mais complicado do quê fugir do pai homofóbico pra casar com a melhor amiga? — Ela ri e me dá um soco no ombro. — Vai ser feliz Sebastian, você merece.




Observo Adeline subir na moto, colocar o capacete e sumir da minha vista sem olhar para trás uma única vez. Ela tinha certeza de que era isso que queria e foi embora sem se preocupar com o que iria acontecer.


Aeeee, esperavam ou não????

E para as que achavam que Adeline seria uma ameaça pra Sebastian e Amerie k k k k

Hoje (dia 17/05/2021) é aniversário da autora viu!  Mas, quem ganha presente são vocês, vou postar mais um cap amanhã!!!

Obrigada por apreciarem minha história e bom dia!

Contrato azulOnde histórias criam vida. Descubra agora