Contrato azul

Amerie

Trombo em alguém assim que passo pela porta de volta a sala de jantar. Ainda consigo sentir meus dedos formigando e a raiva que sinto por Sebastian correr pelas minhas veias.

— Desculpa, eu não vi você. — Digo assim que noto que é Allie.

Ela semi cerra os olhos para mim e noto sua expressão furiosa. Acompanho o exato momento em que ela me olha de cima a baixo com desdém e aí, desvia seu olhar para Sebastian que aparece logo atrás de mim.

— Eu não admito que você faça essa palhaçada com Adeline.

A sua voz é tão ácida que por um segundo esqueço que eu sou eu e sinto um pouco de medo. Sebastian dá uma risada sendo o imbecil que é e passa por ela, indo em direção ao seu lugar da mesa que agora estava quase vazia.

— Não estou com paciência e nem disposição para aguentar drama de romance lésbico. — Ele se senta e Adeline o olha apreensiva. — Você se incomoda com o fato de eu falar com Amerie?

— Claro que não, na verdade eu nem...

— Se vai mesmo casar com Adeline não pode trair ela com esse projeto de Barbie. — Ela cospe para ele. — Sei que vocês estão se casando por dinheiro mas o mínimo que você pode fazer por ela é não desrespeitar ela na frente de todo mundo.

— Se eu fosse você eu calava a boca nesse momento. — Sebastian retruca com uma voz suave enquanto enche o copo de whisky.

— Se não o quê? — Ela ri e olha para mim. — Vai me bater?

— A irmã dela com certeza vai. — Nash se intromete e levanto uma sobrancelha em sua direção.

Não me lembro de nenhuma conversa em que ele tenha conhecido Holly. Aliás, ele era o único gêmeo que não tinha conhecido ninguém da minha família até agora.

—  Ninguém vai bater em ninguém. — Falo com a voz firme, mas calma. — Adeline eu e Sebastian não temos nada, posso garantir isso a você.

— Ah, então qual assunto era tão importante assim que não podiam falar na mesa do jantar? — Ela ri sarcástica.

Sei que está indignada pelo modo de Sebastian trata Adeline, e sei que ela tem razão mas não consigo não sentir raiva do jeito que ela fala. Eu também estaria terrivelmente rabugenta se não pudesse casar com alguém que amava, e sem dúvidas Sebastian não era nenhum príncipe. Ver alguém que se ama com um cara como ele era um castigo.

— Mandei você calar a boca, Allison. — Ele diz ainda sentado, mas agora olha atentamente para ela. — Você nem ao menos estaria aqui se não fosse eu, então eu sugiro que feche a porra da boca.

Allie olha para mim com toda raiva que consegue por cinco segundos, e depois se vira para Adeline que até então se encontrava calada.

É incrível como tudo que envolve Sebastian beira a drama. Não consigo pensar em nenhuma situação que eu tenha me desgastado tanto antes dele, e começo a entender agora que talvez fosse mesmo certo não estar com alguém assim. Ele tinha razão quando disse que eu não me encaixaria no mundo dele, não gosto de brigas e nem de ressentimentos e no momento só consigo pensar no quanto quero ir embora.

Consigo até imaginar o que vai acontecer agora e penso exatamente como me esquivar. Se eu desse sorte ele iria mudar de ideia daqui a poucos minutos e me esquecer de vez.

— Não fale com ela dessa forma, Sebastian. — Adeline diz depois de algum tempo. — Eu nunca tratei Amerie mal e queria que você também tivesse respeito pela mulher que eu amo.