Sebastian

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Amerie e eu tínhamos selado o acordo a um mês, e desde então não tínhamos passado um dia sequer sem ser vistos em público juntos. Eu tinha pensando direito em cada detalhe, e no momento em que todos estavam nos acostumando com a ideia de sermos só amigos, minha linda noiva de mentira apareceu usando uma aliança de casamento de uma das minhas avós e consequentemente, novos burburinhos começaram.

— Não acredito que você disse isso. —  Ela ri de forma escandalosa enquanto Neil, meu primo, conta alguma história idiota.

Hoje era o baile das novas princesas a debutarem na sociedade. Geralmente eu não vinha, era uma perca de tempo total. Primeiro, por quê diabos isso acontecia em Nova York se o Estados Unidos não era um país Monarco? E segundo que eu já conhecia todas as garotas que iriam debutar hoje porque elas apareciam em todo tipo de evento desde que tinham um ano, e então por que diabos faziam uma festa para apresentar pessoas que eu já conhecia? Era uma idiotice.

— É claro que eu disse. — Neil levanta os ombros. —  Eu e Norman geralmente...

—  Quem é Norman? — Amerie interrompe, enquanto entrelaça seus dedos nos meus quando vê um Paparazzi.

— Meu irmão gêmeo mais velho. — Ele conta, e percebo que essa é a primeira vez que o assunto vem átona.

Neil, Norman e Nash transformavam o palácio em um verdadeiro inferno na maioria dos dias, já que meu tio raramente ficava por mais de dez dias. Nós tínhamos crescido juntos e tínhamos nos afastado consideravelmente nos dois últimos anos por uma briga gigante que eu sinceramente não lembrava mais como tinha começado. Eles assim como eu, ficavam entediados com facilidade, e faziam o máximo de coisas possíveis para matar esse tédio. Desde vandalizar os quadros das tias mais chatas a pagarem para os empregados cuspirem no suco dos tios esnobes. Era a única coisa que fazia os jantares de família ser menos pior.

— Você nunca contou isso para mim. — Amerie franze o cenho e Neil passa seus olhos em nós dois.

— Nunca tive oportunidade. — Dou ombros despreocupadamente. — E também, não é da sua conta.

Neil solta uma risada baixa, enchendo a boca de champanhe no segundo que Amerie olha para ele, tentando disfarçar.

— Acho que você vai ter a oportunidade de conhecer eles em breve, nós temos um jantar de família no domingo que vem. — Ele fala depois de secar a taça, abrindo um sorriso enorme e maléfico. — Eu aconselho que não beba vinho.

— Por quê não? — Ela arqueia as sobrancelhas desafiadoramente. — Seu país não tem boa fama com isso mesmo, os vinhos de Mônaco são mil vezes melhores.

— Em consideração somos melhores em todo o resto. — Falo, recebendo um olhar mortal dela.

—  É que geralmente um dos meus irmãos joga alguma coisa no vinho. — Ele explica, diminuindo bastante o que eles realmente fazem.  — Para que não morramos de tédio antes da sobremesa.

Logo eles dois começam uma conversa insuportável sobre jantares e eu passo meus olhos pelo salão, observando e considerando as minhas opções. Vejo pelo canto do olho uma paparazzi tentando tirar uma foto nossa sorrateiramente, e subo a mão para a cintura de Amerie, em uma pose perfeitamente calculada. Ela parece perceber o que está acontecendo e descansa a cabeça no meu peito, gargalhando de mais uma história dos gêmeos. O jeito que ela ri faz meu peito vibrar e me esforço muito para parecer apaixonado, enquanto subo a outra mão pelas suas costas.

— Tenho que admitir que eu nunca pensei que veria isso. — A voz de Jackie soa atrás de mim, e Amerie se espreme para ver quem é, não reconhecendo a voz. — Sebastian de casal em uma festa? Impressionante.

Sua voz era carregada de raiva disfarçada e meus dentes trincam automaticamente. Da última vez que nos falamos as coisas não tinham acabado muito bem, já que, ela tinha percebido que ao se casar com Christian tinha arruinado as chances dele ser rei e culpava somente a mim por existir e ser uma segunda opção para o meu pai.

—  Algumas coisas mudam. — Minha voz é carregada de ódio, e Neil e Amerie se entreolham.

— Não pensei que mudassem tanto assim. —  Ela fala antes de desviar seus olhos para Amerie, que a essa altura já tinha se afastado alguns centímetros de perto de mim. —  Amerie não é? A filha... Adotada de Mônaco?

Amerie assente sem se intimidar, apertando a mão que Jackie estendeu.

— Isso mesmo. — Amerie sorri docemente. — E você é a esposa de Christian, eu ainda não vi ele aqui.

Os olhos de Jackie analisam Amerie por completo antes das feições se endureceram. Ela tinha um ciúme fora do normal de Christian desde que eles tinham começado o relacionamento, e qualquer coisa despertava um surto.

— Não sabia que conhecia meu marido. — Jackie tenta esconder a raiva, enquanto Amerie olha sem se afetar.

— Nós nos conhecemos desde criança, monarcas tendem a sempre interagirem. — Ela dá ombros elegantemente. — Mas eu entendo que para você seja difícil entrar agora nesse mundo, ainda precisa aprender muito.

Neil solta uma risada alta dessa vez, sem se importar em esconder e vejo a cara de Jackie borbulhar de raiva. E então ela sai sem ao menos se despedir, andando de forma rápida para longe de nós.

— Você é o máximo. — Neil fala para Amerie, fazendo uma reverência exagerada. — Sou seu maior fã apartir de hoje.

— Eu não falei nada demais. — Ela ri, revirando os olhos. — Lidei com pessoas me chamando de bastardinha e sem teto a vida inteira, aprendi a responder a altura.

Olho para seu rosto e ela está indiferente, e tenho certeza que não ligou para a tentativa fracassada de humilhação. Amerie era forte para caralho e isso me fazia me sentir péssimo às vezes, ela era tão auto suficiente que me assustei nas primeiras semanas já que, ao contrário do meu julgamento precipitado, ela não era tão filhinha de papai como eu pensava. Era um mundo cruel para quem não tinha berço, eu sei disso porquê mesmo sendo filho do rei, nunca fui polpado dos olhares de julgamento de absolutamente ninguém. Nem mesmo do meu pai. Ele me via como um erro na maioria das vezes, um erro que teve que assumir.

— Adeline não tira os olhos de você.—  Ela sussurra no meu ouvido, me deixando arrepiado automaticamente quando seus lábios pintados de vermelho encostam na minha orelha. — Ela era uma das melhores opções não é?

Assinto e ela se afasta, dizendo que vai a algum lugar com Neil, e sei que foi proposital. Depois de alguns segundos a tal Adeline aparece na minha frente, abrindo um sorriso enorme quando elogio a sua aparência mas ela me incomoda um minuto depois que começou a falar sobre como eu estava começando a ficar inacessível para todo mundo.

Reprimo a vontade de revirar os olhos e observo Amerie e Neil perto da mesa de doces, e logo percebo que ela estava avaliando todo o cardápio da festa, adicionando comentários com entusiasmo.

Eu preferia mil vezes estar ouvido cada detalhe sobre pães e donuts do que estar conversando com Adeline, que não cala a boca até eu dizer que preciso ir ao banheiro.

Que bela porcaria, Amerie estava começando a me estragar.


Promessa é divida, e aqui está a atualização na segunda sem falta

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