Contrato azul

Sebastian

A ansiedade começa a me corroer no segundo em que chego a casa do meu pai no Canadá. Eu não quis de jeito nenhum sair de perto de Amerie, mas Adam garantiu que iria me deixar a par de tudo, mas mesmo assim quero sair o mais rápido possível daqui.

— Finalmente recuperou o juízo. — Meu pai abre um sorriso convencido quando me vê. — Eu sabia Sebastian, te disse que essa história toda com Amerie não passava de fogo de palha.

Uma risada escapa da minha boca, estou quase incrédulo que depois disso tudo e de tanto tempo seja a primeira coisa que ele me fale, mas não estou nem um pouquinho surpreso. Christian e Jackie estavam na sala também, ele vem em minha direção e me abraça com direito a tapinhas nas costas. Sei que sabe o tipo de conversa que vamos ter aqui, e me sinto um pouco menos sozinho.

Nós dois não tínhamos uma relação tão boa quanto a dos gêmeos, e nem tínhamos uma relação maravilhosa como Amerie e seus irmãos, mas estávamos melhores agora e eu me sentia grato por isso.

— Eu renuncio o trono. — Digo sem rodeios e meu pai derruba a xícara que está na família a mais de três gerações no chão. — E todos os títulos reais.

— Você só pode estar querendo me matar! — Ele rosna vindo em minha direção. — O que diabos está fazendo Sebastian? Não siga os passos do imprestável do seu irmão.

— Não fale assim do meu marido. — Jackie se põe de pé, mantendo o queixo erguido pra falar com meu pai mas Christian a puxa para outro cômodo da casa quando meu pai olha feio para ele. 


Isso não é mesmo sobre Christian e ele. Christian foi filho do rei e da rainha a vida inteira, viveu bem e curiosamente foi feliz, é sobre eu e meu pai, sobre como ele quis me transformar em uma coisa que eu nunca. 


Era óbvio que eu adoraria ser rei, estudei a minha vida inteira para isso e sinceramente é o que amo fazer. Adoro diplomacia e resolver assuntos do reino, mas uma vida de sucesso sendo rei  não compensa o fracasso que é viver uma vida sem Amerie. 

— Amerie vai ser a minha esposa se ela aceitar, e acredito que ela não esteja interessada em ser rainha de nada que não seja o meu coração. — Provoco por que ele merece. — Você controlou a minha vida inteira, cansei de ser sua marionete.


Pela primeira vez na vida vejo meu pai me olhar com magoa, andando de um lado para o outro como sempre e parando no bar antes de começar a gritar.


— Marionete? eu fiz tudo para que você fosse rei. —  Ele eleva a voz. —  Christian não é como nós dois Sebastian, ele sempre foi um filhinho da mamãe, nunca seria um bom rei e você nasceu para isso. 


— E esperou ele dizer que não queria pra decidir que achava isso? —  Reviro os olhos. —  Manipulação não funciona mais comigo. 


—  Eu decidi isso desde o momento em que vi você pela primeira vez. —  Ele cerra os dentes. —  Quem vai herdar o trono agora? Neil o paspalho ou Nash o alcoólatra?


— Você vai mesmo usar o vicio dele dessa forma? não se esqueça de quem ele herdou. — Falo baixo mas cada palavra que sai da minha boca é firme. — Não quero ser como você pai, nós não somos iguais e se isso pra você é sucesso eu lamento muito. 



Dou as costas para ele, dessa vez com certeza que vamos demorar um bom tempo até nos vermos de novo e na verdade isso me dá alivio. Seja lá como meu pai foi ficar tão infeliz, não tenho nenhuma vontade de ser como ele. 


— Ela vai morrer Sebastian. — Meu pai grita e ouço o copo que ele estava na mão se despedaçar na parede. 



— Além de tudo você é assassino? — Gargalho. — Faça-me o favor. 


Viro de novo só para ver o show que ele está dando, duvido muito que ele tente matar Amerie já que apesar de não ter nenhum caráter e nem um pingo de empatia, ele é justo e um bom rei. 



— Baizen não foi atirar no Oliver no dia do baile, ele foi atirar nela. — Sua testa se franze. — Oliver não deixou.  

— Você me garantiu que ele ficaria na Suíça. 


Agora quem está confuso sou eu. Por que Tatcher Baizen iria querer atirar em Amerie? 

— Ele chegou no Canadá a duas horas. 



Tudo fica escuro por meio segundo antes que eu me dê conta de que porra está acontecendo e saia correndo o mais rápido que posso. Ouço meu pai gritar meu nome, mas não estou nem aí. Encaminho a mesma mensagem pra os gêmeos, os irmãos de Amerie e os pais dela antes de dispensar o motorista e dirigir eu mesmo até o hospital que eu sabia que eles estavam. 


Sinto uma dor horrível no peito enquanto dirijo, quase como se fosse fisica e uso isso de estimulo pra desrespeitar todos os sinais vermelhos que vejo. 


Não consigo deixar de sentir raiva, por que diabos acontece tanta coisa ruim pra uma pessoa tão boa? Amerie não merecia nem um terço dessa confusão inteira. Ela merecia ser filha biologica de Charlie e Liam e viver uma vida tranquila fazendo doces no central park. Não merecia ser
ameaçada com documentos e nem mesmo com armas de fogo. 

Ela não merecia nada daquilo, só ser feliz. 








PEGA FOGO CABARE