Amerie

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Tenho a sensação que dormi mais do que minutos quando estico os braços, tocando Sebastian embaixo de mim, que era a melhor cama que alguém poderia ter.

Desço da cama decidida a tomar um banho e trocar essa roupa de hospital. Depois que eu apaguei tive que ficar de observação, mas sinceramente, eu já estava cansada disso. Sebastian ainda está dormindo quando saio do banheiro então me troco no quarto mesmo, fazendo o mínimo de barulho possível para que ele não acordar.

— Não acredito que você usa roupas assim até quando é paciente. — Uma voz conhecida me alcança assim que saio do quarto e dou um pulo.

— Mike? — Sou coberta por seu abraço esmagador antes que possa me dar conta de que ele estava aqui.

Era óbvio que o melhor amigo do meu irmão seguiria ele por todo canto, mas não deixei de ficar surpresa por ele vir. A faculdade de Todd não ficava no Canadá, na verdade ele era o que morava mais longe atualmente.

— Fiquei sabendo do que aconteceu ontem, sinto muito pelo seu pai. — Ele fala sendo sincero. — O senhor Wado é forte como um touro, daqui a pouco vamos ver ele gritar com todos os médicos daqui.

— Valerie não deixaria. — Dou uma risada. — Ele estaria apagado assim que começasse a abrir a boca.

Todd e Michael se conheciam desde o ensino fundamental já que estudavam na mesma escola. Ambos eram do time de hóquei, e ambos foram para a mesma universidade. Eles eram como Holly e eu versão masculina, então ele conhecia todo mundo da minha família, dos dois lados.

— Aposto sem dólares que ele vai mandar ela calar a boca assim que ela começar a falar na língua dos médicos. — Ele fala, pegando dinheiro da carteira dele tão rápido quanto podia.

— Eu apostaria que ela não calaria, mas não sei onde está minha carteira no momento.

Mike ri e paramos na frente de uma máquina de doces. Passo a mão no bolso e acho uma nota de vinte dólares, e aproveito para escolher alguma coisa que não fosse sopa de ervilha para comer.

— Seu irmão me disse que você está namorando um príncipe. — Todd começa, e um suspiro sai dos meus lábios. — Vejo você com ele o tempo todo.

Ele meio que tinha uma quedinha estranha por mim a vida inteira. Adam fazia vista grossa por que realmente gostava do cara, e ele nunca tinha sido grosseiro com isso. Só soltava algumas coisas para que eu soubesse que estava interessado. Mas toda vez que eu via o cara, eu associava ele a Todd, então era impossível rolar qualquer coisa.

— O nome dele é Sebastian. — Falo como se não fosse importante. — Mas não somos namorados.

Os olhos de Mike brilham por um segundo e eu desvio o olhar. Não quero que pense que eu estava dando mole para ele.

— Ainda esperando eu terminar a faculdade, Mare? — Ele fala brincalhão e é impossível não rir.

— Ah sim. — Zombo. — É exatamente isso que estou fazendo.

É nesse exato momento que Sebastian sai do quarto com a pior cara do mundo. Seu olhos passam de mim para Mike e sei que ele reconhece todos os meus irmãos, por que sua expressão fica mais dura quando ele olha para Michael.

— Bom dia cinderela. — Brinco em uma tentativa de amenizar seu humor.

— Por quê saiu de fininho enquanto eu estava dormindo? — Ele esbraveja.

Mesmo não sendo direcionado a Mike, sinto o cara tremer e quase dou uma risada. Mas sei que Sebastian está com ciúmes, e se eu fosse só pioraria tudo.

— Eu estava com fome e não quis acordar você. — Falo dando ombros.

Ele para de olhar para mim e fita Mike, que parece absorto no nosso pequeno diálogo. Eu tinha acabado de dizer que não estava namorando, e Sebastian aparece com essa cara, no mínimo ele estava confuso agora.

— Michael Kepner. — Ele estende a mão e Sebastian ignora, sendo insuportável.

— Você vai ficar de conversinha no corredor ou vai voltar para o quarto? — Ele pergunta olhando para mim de cima a baixo. — Amerie, ninguém deu alta para você. Não pode ficar andando por aí assim.

Mike fica sem graça e me sinto culpada automaticamente.

— Você está sendo ridículo Sebastian.

Falo apesar de odiar brigar na frente dos outros. Mas não consigo me conter. A dois dias atrás Sebastian estava me garantindo que eu nunca mais veria ele, e que ele estava com Adeline. Agora ele estava aqui achando que tinha o direito de sentir ciúmes, quando na verdade não tinha.

— Eu estou sendo ridículo? — Sua boca se abre em choque. — Por não cumprimentar o imbecil que está dando em cima de você quando seu pai está em coma?

Uma risada seca sai da sua boca e meus olhos se acendem de raiva.

— Não é da sua conta quem flerta comigo. — Falo irritada. — Da última vez que chequei, você estava com Adeline.

Michael alterna seus olhares para mim e Sebastian, observando toda a confusão como se estivesse assistindo um filme.

— Não é a mesma coisa e você sabe disso.

A vez de rir é a minha. Ele tinha falado mesmo aquilo? Sebastian esperava que enquanto ele estivesse casando eu estaria sentada esperando o mínimo de interesse da parte dele?

— Por quê não é a mesma coisa? — Cuspo a pergunta.

Ele acompanha a mão de Mike apertar a minha quando ele sussurra que vai nos deixar sozinhos. Mas tenho a impressão que ele não escuta essa parte, por quê um segundo depois Sebastian está empurrando ele no chão com toda a força que consegue.

— Tira a porra da sua mão de cima da minha namorada. — Ele eleva o tom de voz me fazendo arregalar os olhos.


Sebastian estava irreconhecível agora. Todo traço de paciência que poderia existir sumiu, fazendo sumir para mim também. Fico entre os dois e me despeço de Mike, pedindo desculpas antes que ele saia quase que correndo de perto de nós dois.


— O que você tem na cabeça Sebastian? — Pergunto incrédula. — Não pode tratar as pessoas assim.

Ele trinca os dentes enquanto observa Mike sumir nos corredores e minha raiva continua crescendo.

— Ele estava dando em cima de você na minha frente. — Seu rosto está vermelho agora. —  O que queria que eu fizesse?


— Queria que você tivesse agido como ser humano. — Retruco. — Mas como sempre você tem que estragar tudo.


Passo as mãos no rosto e decido ir atrás do amigo do meu irmão. Sei que não vai ser fácil pedir segredo, mas não quero que ele conte nada do que ouviu aqui. Não quando meu pai está no hospital e todos estão com os nervos a flor da pele.

Sebastian permanece calado e parece se abalar com as palavras que eu disse. Não consigo simplesmente entender o quê diabos passa na cabeça dele. Uma hora ele está apaixonado por mim, é quase palpável e consigo sentir, e na outra ele volta a ser o mesmo idiota de sempre.

— Se você for atrás dele acabou. — Ele ameaça assim que me afasto dele e eu paro no caminho, boquiaberta.

— Acabou o quê exatamente porra? Esse joguinho de gato e rato? Você brincar com a porra dos sentimentos que tenho por você? — Falo sem me arrepender, ele já sabia que eu gostava dele de todo jeito. — Eu odeio ser apaixonada por você. Odeio estar presa nessa coisa que eu nem sei o que é.


Dito isso, saio o mais rápido que posso da vista dele. Não me importando se ele fosse embora ou não. Chega de drama. Esse não era o momento para isso, meu pai e minha família precisavam de mim, e se eu fosse continuar continuar a discutir com Sebastian ia perder toda a boa energia que tinha acumulado enquanto dormia.



Aí ai esse Sebastian

Contrato azulOnde histórias criam vida. Descubra agora