Sebastian

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O dia tão esperado chegou. A pequena rede de floricultura da minha mãe tinha se tornado uma empresa graças a todo dinheiro que investi, e claro, era óbvio que teria uma grande festa.

Festa essa que estava um saco. Amerie e eu não nos vimos nos últimos dias por que minha mãe teve a brilhante ideia de contratar a empresa dela para ficar responsável pela comida. Era óbvio que isso tinha sugado toda a energia dela, já que Dean e Margie eram seus únicos funcionários. Para o meu total azar, ela precisou de ajuda, e quem estava em Nova York depois de um telefonema? Os imbecis do empire.


— Você está fazendo cara feia. — Norman provoca e olho feio pra ele. — Cuidado com o coração.

— Se você não desfizer essa cara feia por bem, vai fazer por mal. — Adam diz do meu lado direito, com o tom de voz mais calmo e controlado do mundo. — Estou falando sério Sebastian. Não devia estar incomodado por minha irmã está fazendo um evento grande.

Era isso que ele achava que estava me incomodando? Eu que dou risada agora.

— Não estou incomodado pelo sucesso da minha noiva, estou incomodado com esses babacas dando em cima dela.


Aponto para Robby sem me importar que seja um gesto grosseiro, que está fazendo alguma gracinha enquanto toca em seus ombros como se eles fossem melhores amigos.

— Você é insano. — Holly se mete atrás de nós três. — Ninguém vai roubar Amerie de você, imbecil.

Norman ri e sinto que perdi alguma coisa, por que Holly o fuzila com o olhar assim que percebe. Eles se entreolham de um jeito estranho, e Adam vira para Norman olhando pra ele desconfiado. Mas que porra é essa?

— Não quero saber o motivo do seu beicinho, só quero que abra um sorriso enorme e parabenize Amerie. — Adam diz pra mim e sai sem falar mais nada.


Holly pega a mão de Norman e o guia pra sei lá onde, me deixando sozinho e com um cenho franzido. Desde quando eles são tão próximos? Onde diabos está Neil? E que porra aquele cara faz tão perto da minha noiva?

Suspiro irritado contando até três mentalmente enquanto pego um whisky quando uma garçonete baixinha oferece. É uma das funcionárias temporárias que Amerie contratou, então dou um sorriso e sou educado decidindo seguir os conselhos de Adam. Quero que ela esteja feliz e realizada, sei que esse evento vai dar uma visibilidade enorme pra empresa, então engulo meu estresse e mau humor com álcool. Estamos bem. Estamos finalmente bem, com problemas normais. Brigas por atrasos, ou por ela ter esquecido de jantar na correria do dia. Nada dramático demais, nada que seja impossível de resolver.


Não vou estragar isso por ciúmes.


— Olha só, no final você virou mesmo o menino das flores. — Jackson diz me cumprimentando com um beijo na bochecha.


Sinto nojo. Não sei como eu conseguia dormir com ela a anos atrás.

— Dá pra me soltar? — Ranjo os dentes enquanto ela encosta os lábios na minha orelha.


— Seu pai está aqui, e ao que parece, trouxe a Caitlin Butler. — Ela sussurra me fazendo entender o abraço estranho do nada.


Era só o que me faltava. Meu pai não me dava folga mesmo, olho instantaneamente pra onde minha mãe está. Radiante. Conversando com uma CEO de uma empresa também recente, sem nem perceber que o homem que arruinou parte de sua vida está a poucos metros.


— O que essa mulher está fazendo aqui? — Pergunto a ela quando nos afastamos do abraço.

— Você sabe que seu pai adorava a ideia de vocês dois juntos. — Seu ombros se elevam. — E ao que parece, ela está solteira agora.


Caitlin Buttler e eu quase assinamos um acordo de casamento, mas antes disso, o escândalo de Jackie e Christian se casarem escondido destruiu qualquer chance que podíamos ter já que sua família não queira estar ligada a nenhum escândalo. Foi a única coisa boa dessa história toda já que eu não queria ver essa garota nem pintada de ouro. Tínhamos um lance casual já que na época eu era apaixonado por Jackson, mas a garota era fissurada em mim e me sufocava como uma namorada ciumenta, então sai ganhando quando tudo isso terminou.

— Ótimo. Mais um problema pra lidar. — Resmungo e Jackie me olha divertida.

De uma forma estranha, sinto que somos amigos. Não existe mais nada que justifique o fato dela me apoiar e defender na maioria das vezes, e de sempre estar do meu lado quando perco a cabeça.


— Podia ser pior, pelo menos estou aqui pra avisar. — Ela fala mas não respondo, por que meu pai está na minha frente agora, mas graças a Deus, está sozinho.


— De rei a vendedor de flores? — Ele pergunta claramente irritado, mas está sorrindo para disfarçar. — Tudo culpa da sua mãe e dessas besteiras que ela faz você acreditar. Sebastian, que porra acha que está fazendo?

Não me deixo abalar pelo tom e nem por ter falado da minha mãe. Se bem conheço meu pai, ele quer que eu me descontrole aqui e agora, então finjo que não estou irritado.

— Oliver e Liam não estão muito felizes com você, isso sem contar Zoe e Charlotte. — Falo casualmente. — Se eu fosse você, iria embora nesse momento.

Sua boca se abre, mas antes que ele possa responder minha mãe coloca a mão em seu ombro e ele congela.

— Lucien, que prazer ver você. — As palavras saem divertidas, me fazendo ficar aliviado por ele não ter estragado a noite dela. — Vamos conversar?

Ela não pede, e sim ordena com uma voz calma e ele a segue me fazendo suspirar pela milésima vez no dia. Essa noite está um saco, estou estressado pra caralho e não posso nem comer Amerie pra ficar mais calmo. Como se lesse minha mente, ela aparece do meu lado, com um vestido preto simples mas ainda assim elegante.

Justo pra caralho, pra acabar com toda a sanidade que me resta.

— Você está linda. — Jackie diz a olhando de cima a baixo, é um elogio sincero mas seus olhos são de desdém.

Dou um olhar de aviso pra ela, que entende o recado, sumindo do meu campo de vista.

— Pensei que não íamos nos ver hoje. — Falo, não dando nenhum espaço pra ela responder quando me abaixo e capturo seus lábios com um beijinho rápido. — Senti saudades.

Amerie sorri quando nos afastamos e sinto metade do peso nos ombros ir embora, simples assim.

— Também pensei que não, coordenar um evento assim é mágico e também estressante. — Ela diz com os olhos brilhando. — Você está gostando da comida? Está todo mundo bem? Dean está pirando lá dentro da cozinha.


Todo o ciúme que senti vendo Robby a tocando se esvai. Amerie e sua felicidade me envergonham pelo chilique de minutos atrás. Ela estava trabalhando, eu não devia mesmo ficar de cara feia quanto a isso.

— Está tudo uma delícia. — Tranquilizo ela. — Inclusive você nesse vestido preto.

Sussurro em seu ouvido a última frase, e vejo sua pele se arrepiar enquanto ela se afasta um pouquinho de mim.


— Acho que contratantes não podem flertar com contratados. — Ela brinca. — Quer começar a empresa com um escândalo de assédio sexual?


Finjo pensar um pouco antes de responder.

— Tem razão, então está demitida. — Brinco e seu sorriso se alarga. — Agora posso ganhar um beijo?




Ela não responde. Só me beija. Não me importo que estejamos em um salão cheio de pessoas, não me importo se vão achar falta de educação, e Amerie também não se importa. O beijo é calmo e amoroso, o tipo de beijo que só senti quando conheci Amerie.


A única mulher que vou beijar pro resto da vida.




Feliz são João atrasado, kisses

ME AJUDEM! minha gente, preciso de uma capista. Cadê essa espécie em extinção?

Contrato azulOnde histórias criam vida. Descubra agora