Amerie

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—Não acredito que saimos na capa de uma revista. — Summer parece radiante enquanto repete pela décima nona vez. — Eu recebi vinte e três propostas de emprego desde a entrevista, você sabe o que significa isso? não vou ficar desempregada por um bom tempo!


Mesmo com a repetição não consigo ficar chateada com ela. Eu nunca vou saber o que é não ter dinheiro para pagar as contas e sei muito bem disso. Por mais que tenha decidido andar com minhas próprias pernas no momento, comecei com um bastante dinheiro que nunca me esforcei para conquistar. 

Faltava apenas um dia para o fim do Empire e era tradição que aparecesse em uma das revistas mais conceituadas da Espanha já que o objetivo era atrair pessoas para a votação. 


— Sai feio na foto. — Dean reclama e mostra a revista a Margie. — Só quem ficou bonita foi Amerie, deveriamos ter visto isso antes, como vou dizer ao meu pai que ele não pode postar isso no twitter por que fiquei feio? 


— Você é sempre feio. — Summer diz e ele a ignora, passando as paginas. 


— Minha mãe é dona de uma marca, eu sempre tirei muitas fotos. — Me defendo e Dean faz uma cara de tédio. 


— "Nasci bilionária e por isso fico muito melhor nas fotos que vocês, pobre" — Ele me imita fazendo uma voz enjoada e jogo uma das almofadas nele. 



Margie revira os olhos e vai em direção a cozinha indo buscar quatro taças. Robby e Dustin também estavam na foto, só que precisaram ir trabalhar já que não conseguimos convencer os chefes dele a anteciparem as férias. Tudo estava sendo bem corrido para os dois, mas graças a Deus eles não tinham desistido, e isso era mais uma razão para brindar. 



— A ganhar o Empire! — Dean exclama antes do brinde. 


— A tirar uma foto melhor depois que ganharmos o Empire! —  Summer corrige e ai sim brindamos. 

O momento é tão bom que sinto vontade de pausar. Nos ultimos dias toda a confusão de Sebastian, Adeline e eu me fez esquecer pela maior parte do tempo que essa foi uma viagem desejada. Estar aqui é dar um passo bastante importante na minha carreira. Significa que eu estou sendo lembrando por alguma coisa que faço e não só por ser da realeza ou por ser filha de Zoe e Oliver Wado.

— Na minha casa no Canadá...

— Na minha mansão no Canadá. —  Dean corrige sendo insuportavel de proposito. —  Aquilo pra você é casa? Não sei como consegue morar em Nova York. 


—  É por isso que você não...


O telefone do hotel toca me fazendo tremer de susto por estar concentrada na conversa. Me estico para atender já que eu estava próxima a ele. 

—  Boa noite, senhorita Grimaldi. Adam Wado está aqui e solicitou sua presença na recepção. — A recepcionista fala me fazendo pular da cama. 


três pares de olhos me encaram assustados, mas não ligo para isso quando saio correndo pelo hotel. Adam está trabalhando em Mônaco nessa temporada, não tem motivo nenhum aparente para ele aparecer na Espanha sem me avisar, isso significa que alguma coisa muito ruim aconteceu, e não consigo deixar de pensar que tem a ver com meu pai. 

— O que aconteceu? — Pergunto afobada assim que chego na recepção. — O que você está fazendo aqui?


Meu irmão mais velho me encara por alguns segundos antes de decidir me abraçar, ignorando a cara de desentendimento que faço. Retribuo o abraço mais por choque do que por afeto,  Adam parece aliviado agora que me viu.



— Tem alguma sala que a gente possa conversar? — Ele pergunta  a recepcionista que assente, dando um toque no colega para que ficasse em seu lugar enquanto ela nos acompanhava. 



— Adam o que aconteceu? — Pergunto de novo. — Papai está bem? 

Ele assente, mas não diz nada enquanto começamos a seguir a recepcionista para uma das salas de reunião que tinha. Ela era minúscula e quase impessoal, mas parecia ainda pior agora que eu estava sozinha com Adam. 

— Você vai ter que confiar muito em mim agora. — Ele começa a falar assim que estamos sozinhos. — Mare eu sei que essa competição é muito importante para você e que estou parecendo louco agora, mas preciso que você volte para Mônaco. 


— O que você disse? claro que não! — Exclamo histérica. — Minha apresentação é depois de amanhã, não posso sair daqui agora e vem vou.


— Por favor. — Ele quase implora. — Amerie eu jamais pediria isso se não fosse sério. 


— Preciso de um bom motivo no mínimo. — Falo antes da porta que estava fechada se abrir. — A sala está ocupada. 


Tento suavizar a expressão, mas estou tão confusa que acho que saiu como uma careta, por que o homem fica parado como estátua me olhando como se eu fosse de outro mundo. 

— Não acredito que você veio mesmo. - Adam fala e chama a minha atenção, mas não é comigo que ele está falando. 

Não me lembro de um dia que fiquei tão confusa na vida. Nunca vi esse homem e nem sei por quê diabos Adam conhece um cara assim, mas provavelmente não vou gostar. Da ultima vez que vi meu irmão com essa cara as coisas ficaram tão feias que todos nós paramos na cadeia. 


— Adam... — Digo seu nome mas ele não olha para mim.

—Não importa quantas vezes eu encha a sua cara de porrada, você insiste em voltar para a porra da minha vida. — Adam está vermelho agora. — Insiste em mexer com a minha família. Você é patético, e vai levar mais uma surra agora. 


Me ponho a frente do homem sem nem saber do que se trata essa história toda. Só sei que não vou deixar ele se meter em confusão de novo. Não agora que é pai. Ele não precisa de mais esse drama na vida. 



— Todos nós vamos nos acalmar e resolver como adultos. — Digo firme fazendo ele olhar para mim. 


Nesse exato momento Sebastian passa pela porta, fazendo um olhar que não entendo com Adam. O homem atrás de mim não me lembra ninguém em especial. Nunca tinha o visto na vida, isso era uma certeza, então por quê Adam estava tão familiarizado com ele assim? E o que Sebastian tinha a ver com isso? 


— Amerie vamos embora. — Sebastian diz com uma voz amena, mas não deixa de ser uma ordem. — Agora. 



— Eu sou o pai dela. — O homem mais estranho que vi na vida diz, com a voz carregada de emoção. — Eu tenho direitos, ela precisa saber que eu sou o pai dela.



— Não porra, você não é o pai dela. — A voz de Sebastian se enche de ódio. —  Você nunca foi pai dela. É um bêbado inútil que nunca fez nada por si mesmo. 



Não sei se tudo fica em silêncio por alguns segundos depois que Sebastian grita ou se eu não consigo registrar mais nada. Mas consigo virar em direção ao cara que acabou de dizer ser meu pai e ficar atonita quando percebo que conheço sim ele. 


Brian Mcnow. 



Contrato azulOnde histórias criam vida. Descubra agora