Amerie

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 — Não acredito que está mesmo namorando esse otário. — Meu irmão faz uma cara de desgosto e eu dou risada. — Não é engraçado, Mare. Não gosto dele.



— Assim como não gosta de nenhum namorado que eu e minhas irmãs tivemos. — Reviro os olhos e ele faz um bico de insatisfação. — E garanto a você que ele e eu não temos absolutamente nada.


Para o meu azar, Adam também tinha sido convidado para o baile e com certeza já sabia das novidades assim como todo mundo. Ele estava procurando Sebastian com os olhos desde que chegou, e para minha infelicidade, Sutter tinha vindo junto.


— Se ele não é seu namorado essa palhaçada acaba agora mesmo. — Meu outro irmão falou em um tom de voz calmo, diferente de Adam que estava quase tremendo de raiva. — Sebastian parece estar usando você.



Sutter aponta com a cabeça em um movimento sutil para Sebastian, que sussurrava alguma coisa para Adeline. Abro um sorriso quando seus olhos azuis pousam em mim, e ele ri junto por um segundo antes de voltar a prestar atenção em qualquer que seja o assunto. Nós dois tínhamos sondado as opções dele por horas e horas antes desse baile, e ela era justamente nossa isca. Adeline tinha vinte e cinco anos e era a segunda filha da família real da Grécia, ela tinha terminado um noivado a dois anos com o filho do desembarcador e até agora, não tinha tido nenhum relacionamento público.


— Eu sou bem grandinha, posso decidir com quem ando. — Garanto a meus dois irmãos, que reviram os olhos no mesmo momento. — Vocês deviam se preocupar com suas vidas.



— Estou fazendo isso. — Adam resmunga, bebendo todo o Whisky do copo. — Se ele bancar o espertinho com você, sou eu que vou passar o resto dos meus dias na cadeia.



— E eu que vou ter que lidar com todo o escândalo. — Sutter continua, me fazendo olhar horrorizada para os dois.



— Não acredito que vocês estão mesmo falando isso! — Dirijo meu olhar mais intimidador. — Eu tenho idade o suficiente para me defender sozinha. Não preciso de vocês dois para resolver problema nenhum. E se continuarem, farei questão de ligar para meus dois pais e minhas duas mães que com certeza, vão resolver esse problema.



Adam e Sutter se entreolham antes de pedirem desculpas sem muito entusiasmo. Dou um sorrisinho falso antes de abraçar eles dois que me afastam com delicadeza depois de cinco segundos. Eu sabia que não seria fácil, principalmente em relação a Adam, que era sem duvidas o pior de todos os meus irmãos. Sua superproteção era algo que tive que lidar desde que era adolescente, e infelizmente me seguia até hoje.


— Você quer beber alguma coisa? — Sebastian aparece do meu lado, me fazendo lançar um olhar de aviso para eles dois. — Boa noite.



— Estava boa até você chegar. — Adam olha Sebastian de cima a baixo antes de sair, fazendo questão de bater no seu ombro.



Reviro os olhos com a imaturidade e Sebastian ri, aparentemente sem se abalar com a ceninha de ciúmes. Espremo os lábios olhando meu irmão mais velho desaparecer na multidão sem sequer olhar para trás. Suspiro antes de fazer uma anotação mental para conversar com ele depois que toda essa história acabar, mesmo que ele não queira entender.




— Desculpe pelo meu irmão. — Sutter fala amigavelmente, como se não tivesse acabado de concordar com as asneiras que Adam falou. — Ele está bastante nervoso pelo namoro de vocês.



Sebastian olha para mim no lugar de responder alguma coisa, e eu apenas reviro os olhos pela milésima vez entrelaçando os meus dedos nos de Sebastian antes de me despedir do meu irmão com um aceno de mão. Ele me segue obedientemente até um canto menos barulhento como se estivesse acostumado com isso, e em alguns segundos nós dois estávamos sozinhos.


— Seu irmão não gosta muito de mim. — Ele ri de forma terrível, fazendo meu coração dar um pulinho — E ele está perfeitamente certo.


— Não. Não está. — Falo em um tom ríspido. — Adam está apenas bancando o macho alfa como sempre.



— Se eu tivesse uma irmã, eu não permitiria que ela sequer pisasse em alguma lugar com um cara como eu. — Ele me garante arrancando uma risada alta de mim.



— Permitir? Em que século você está? — Continuo rindo escandalosamente. — Em um universo paralelo, você e Adam seriam ótimos amigos. Os dois são idiotas.




— Acha que querer alguém que se ame a salvo é coisa de idiota? — Ele cerra os olhos azuis para mim, me encarando de forma impassível.


— Acho que ordenar e obrigar alguém que se ame a fazer ou agir da forma que você supõe ser seguro é coisa de idiota. — Dou ombros, sem vacilar em nenhum momento meu argumento.


Sebastian parece pensar um pouco e pela primeira vez noto o que ele está usando. Como na maioria das vezes, o seu terno é cinza ardósia, uma cor sem graça que fazia qualquer pessoa que estava usando parecer terrivelmente comum, menos ele. De alguma forma, ele ainda estava sendo o destaque da noite na maioria das panelinhas, quase todos fofocavam sobre nós dois no momento.


— Adeline me convidou para sair na próxima sexta. — Ele muda de assunto, mas continua me olhando nos olhos. — Eu disse não.


Minhas sobrancelhas se juntam em confusão por um segundo e Sebastian desvia os olhos dos meus para olhar para o salão lotado.


— Achei que ela fosse ideal. — Falo ainda olhando para ele. — E você também me disse isso.



— Sexta nós dois vamos viajar para Noruega.



ele me lembra e volta a olhar para mim. Nós dois teríamos um jantar com a família dele no próximo domingo, e eu me esquecia disso com uma frequência assustadora. Pelo pouco que Sebastian falava, aquilo seria difícil, mas eu era experiente em ser intimidada.


Por um segundo achei que ele não quisesse sair com Adeline por algum motivo. Eu estava passando mais tempo com Sebastian do que o esperado, e estava começando a perceber algumas coisas que ele era bom em esconder antes. Como o fato de se importar de verdade com o que as pessoas pensavam dele, e de estar nervoso por assumir o trono. Ele tinha se convecido de que era aquilo que ele queria, e de verdade, até poderia ser. Mas dizer que ele não estava nervoso era mentira. Ele parava de me olhar nos olhos todas as vezes que tocávamos no assunto, como se não quisesse falar sobre aquilo, e eu entendia. Algumas coisas eram melhores quando não eram ditas, e quando ele estivesse confortável para se abrir, eu estaria aqui para ouvir.



— Não acredito que finalmente vou conhecer os gêmeos. — Falo de um assunto mais leve e Sebastian ri, se inclinando para pegar um doce bonitinho que estava numa mesa próxima a nós dois.



— Você não deveria estar tão animada com isso. — Ele me entrega o doce. — Não comeu nada o dia inteiro, como conseguiu ficar de pé?




Sua preocupação me parece genuína por um momento me fazendo franzir o cenho, e ele ajeita uma mecha de cabelo que cai nos meus olhos, aproveitando para acariciar meu rosto. E nesse momento meus olhos se fecham violentamente com a luz dos flashes de algum desocupado.



— Por um momento pensei que você tivesse sofrido um aneurisma. — Resmungo tapando meus olhos e ele solta uma risadinha baixa.



— Estou bem perto disso. 

Contrato azulOnde histórias criam vida. Descubra agora