Sebastian

2.6K 361 56
                                    

Estou encharcado quando chego até o carro mas não me importo. Na verdade, não me importo com absolutamente nada hoje. Eu sempre achei que seria impossível casar com alguém que eu amasse, ou que casamentos por sentimento verdadeiro não existisse mais.



Para a minha sorte eu estava errado.

— Vim saber quando você vai parar de brincar de casinha com essa garota. — Meu pai fala assim que olho para ele. — Você vai ser rei daqui a alguns dias, precisa parar com essa palhaça agora.



Faço para o meu pai com a maior cara cínica que consigo e vejo que teve resultado quando seu semblante sério se endurece ainda mais.

— Nós vamos nos casar. — Comunico a ele. —  Amerie vai ser minha esposa e nada do que você disser vai mudar isso.

Minha voz sai mais firme do que eu esperava. Considerando que eu estou feliz para caralho hoje, mas meu pai não precisa saber disso. Ele adorava estragar qualquer vestígio de felicidade que eu tinha e aprendi muito bem a esconder isso com o passar dos anos.

Passei anos e anos me sentindo deslocado na maioria dos lugares que ia. Achei que quando fosse rei, o sentimento ia passar. Minha mãe se esforçou de verdade depois do acidente, era exemplar. Montava um conograma para nós todo ano que eu ia, tentou de verdade concertar todos os anos que tinha jogado no lixo, mas não foi o suficiente. Meu pai nunca tinha tentado, aliás, ele achava que tudo que manipulava era para o bem de Christian e eu, e adorava fazer o que bem entendesse para interferir nas nossas vidas até hoje.

— Nem por cima do meu cadáver vou deixar você casar com aquela bastardinha de segunda categoria. — Meu pai diz com a voz carregada de ódio. — Você está se ouvindo Sebastian? Entende que vai deixar uma órfã ser a rainha da Noruega?


— Não fala dela assim. — Trinco os dentes. — Não se quiser que eu continue tendo o mínimo de respeito por você como pai.


Meu pai não se espanta com a minha grosseria, parece até aliviado que falei como um selvagem com ele a essa altura do campeonato.


— Você passou os últimos anos se preparando para isso, eu perguntei se você estava disposto a entregar a sua vida pelo seu país e você disse sim. — Ele diz e acho tudo isso um pouco dramático, mas espero meu pai acabar. — Você só acha que gosta dessa garota por que ela te oferece coisas que você nunca teve, aventura e até um pouco de drama.


— Drama eu já tive o suficiente, pode apostar. — Reviro os olhos. — Amerie será uma excelente rainha, você não precisa se preocupar com isso.

Meu pai me encara por alguns segundos em silêncio, com uma expressão indecifrável.


— Eu amava sua mãe. Mas nem tudo depende apenas de amor, Sebastian.



É a gota d'água para mim.


— Você nunca amou ninguém na sua vida! — Grito e sinto as veias do meu pescoço saltarem. — Muito menos a minha mãe. Sabe o que ela se tornou depois que você foi embora? Fraca, você sugou toda a vida que existia nela e depois foi embora como se nada tivesse acontecido. Apagou ela da sua vida como se ela nunca tivesse existido para você, isso não é amor.


Odeio gritar e perder o controle assim, detesto sentir raiva de coisas que não posso resolver e geralmente, acabo estragando as coisas quando perco a cabeça. Mas é impossível manter uma conversa normal com meu pai. Impossível escutar as mentiras que ele joga na minha cara e não fazer nada.


— Eu a amava sim. Só nunca fui um idiota como você. — Ele ri e aponta para mim. — Fiz o melhor por nós dois e fui homem o suficiente para assumir o meu erro, criei você da melhor forma que pude e estou tentando colocar juízo na sua cabeça.


Contrato azulOnde histórias criam vida. Descubra agora