Amerie

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O tempo continua passando mesmo que eu me recuse a aceitar isso.

Antes que eu me desse conta, Nova York se inundava de neve mais uma vez. Já era natal, mais uma vez.

— Ah não, Mare. — Dean diz assim que eu passo pela porta da pequena confeitaria. — Não pode continuar comendo Donuts todos os dias.

— Por quê não? — Pergunto, me sentindo ofendida. — Minha mãe comia todos os dias quando tinha a minha idade.

— Sua mãe era casada com um bilionário na sua idade. — Ele retruca e eu reviro meus olhos abertamente.

Dean era o meu mais novo amigo. Ele tinha se mudado de alguma parte do Texas no exato momento em que voltei para a minha faculdade. Para minha sorte a mídia esqueceu totalmente de mim assim que Sebastian e Adeline noivaram formalmente, então pude fazer coisas normais como ir a aula de novo.

— Cala a boca, Ken. — Margie empurra ele e vem em minha direção, me dando um abraço quente de natal.
— Pode comer quantos donuts quiser, mas preciso que faça os biscoitos. Dean é terrível nisso.

— Não faço faculdade para fazer biscoito de natal. — Ele resmunga, mas continua colocando granulado nos biscoitos terríveis que fez.

Margie e eu éramos próximas desde o primeiro dia de faculdade. Holly era minha melhor amiga, e minha irmã. Mas assim que eu começava a falar sobre qualquer coisa relacionada a comida, ela sumia do mapa. Foi maravilhoso encontrar alguém que falasse pelos cotovelos sobre facas e restaurantes sem revirar os olhos ou torcer o nariz.

— Previ que você seria péssimo nisso, e fiz os biscoitos em casa. — Dou um sorrisinho orgulhoso e ele aponta o dedo do meio para mim, fazendo meu sorriso alargar ainda mais. — Você tem inveja por quê sou a melhor da turma.

— Você só é a melhor da turma por quê é uma riquinha mimada. — Ele diz e eu mostro a língua, sem me importar com o quanto o gesto é infantil.

Coloco o avental sem me incomodar de responder alguma coisa para Dean. Dou uma espiada por cima do ombro e percebo a fila gigante que já estava se formando lá fora. Já fazia seis meses que a confeitaria existia, e tudo estava indo perfeitamente bem até agora. Seis meses que eu tinha decidido cortar o cordão umbilical financeiro com meus pais. Eles odiaram a ideia logo de cara, mas depois de insistir bastante, entenderam. Eu precisava me sentir útil e começar a me sustentar era uma boa ideia. Não posso mais comprar as roupas na maioria das grifes que tanto amava, mas tirando isso, tudo estava dando certo.

— Booom dia, princesas! — Richard, nosso cliente engraçadinho entra assim que Margie vira a plaquinha para "aberto". — E bom dia para você, marmanjo.

Dean solta uma risada baixa e cumprimenta ele com um aperto de mão, como todos os dias.


— Feliz Natal, Senhor William! — Margie dá pulinhos de animação antes de oferecer um dos biscoitos feios de Dean. — Aceita um? Cortesia da casa.


Richard franze a testa por cima do óculos, e nega com a cabeça assim que constata o óbvio; Ninguém em sã consciência aceitaria aquilo.

— Obrigado, mas já estou com o pé na cova. Se comer isso morro de vez. — Ele diz e caio na gargalhada junto com Margie.


Minha vida estava boa. Estava mesmo. Eu tinha amigos incríveis e um emprego que adorava. Adotei um gato e originalmente coloquei o nome de gato. Corro uma vez por dia pelo Central park e estou me preparando para a maratona. Me esforço todos os dias para esquecer Sebastian. Me esforço todos os dias para esquecer como é estar apaixonada por alguém tão instável. Consigo ver que parece estar dando resultado.


Contrato azulOnde histórias criam vida. Descubra agora