▪️013

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–Pode vir na sua moto. Apenas me siga e não tente nenhuma gracinha.

Ele nem ao menos esperou minha resposta. Caminhou com seus passos elegantes até o volvo prata e deu a partida, olhando-me pelo retrovisor. Aquele olhar... ah meu Deus... aquele olhar. No mesmo instante coloquei o capacete e pulei sobre a moto.

Segui atrás dele, a mente fervilhando. O que ele iria me dizer? Claro que tinha a ver com a noite anterior, mas qual seria a desculpa? Ele ficou mesmo irritado com a presença da ex em sua casa?

Parei abruptamente a moto ao vê-lo entrar por uma estreita rua. Estávamos na estrada que seguia normalmente até minha casa e por um momento pensei que iríamos conversar nas proximidades. Estava enganada. Sabia que aquele atalho levaria a uma campina, onde fui várias vezes com minha mãe quando pequena.

Felizmente hoje não chovia e pude apreciar a beleza daquele lugar assim que desci da moto.

O Senhor Beauchamp parou um pouco mais distante e rapidamente desceu do carro vindo ao meu encontro.

Sem qualquer cerimônia ele encostou na moto e puxou meu corpo, deixando-me colada e de frente pra ele. Sua mão grande se enfiou em meus cabelos enquanto a outra permanecia firme e possessiva em minha cintura. Suspirei e enlacei seu pescoço quando senti sua boca faminta devorar a minha. Bastava um beijo, um toque e eu me entregava como a safada que sou.

Incrivelmente hoje foi um pouco diferente. As palavras de Riley vieram à minha mente fazendo-me repelir aquela tentação de homem: – Sei, disse que você é especial, que não ficou com mulher nenhuma depois de você.

– Acha que ele nunca disse isso antes? Você não é a primeira nem será a ultima a acreditar nele.

–Não... eu...

–Está certo. Eu também não tenho muito tempo. Em primeiro lugar... diga-me: por que raios você desligou essa porra desse celular?

–Como?

Aquilo me pego de surpresa. Eu esperava que ele falasse do Riley logo de cara. Mas ele estava falando do meu celular?

–Any Gabrielly... tem idéia de quantas vezes te liguei e só caia naquela merda de caixa postal?

Espera ai... ele estava falando que me ligou? Com os olhos grudados nele eu abri minha mochila, sacando meu celular.

–Caramba...

Depois de ter quase morrido de desespero ao ouvir Irina atender ao celular dele eu desliguei o meu e me esqueci completamente dele. Curiosa, eu o liguei novamente e meu queixo caiu ao ver dezoito ligações dele.

–Nossa... eu...

Dei de ombros evitando olhá-lo, mas meu queixo foi erguido e nossos olhos se encontraram.

–Irina atendeu sua ligação e você logo fez deduções absurdas não é?

–Você há de convir comigo que não é tão absurdo assim. Caramba... você estava no banho e ela atendeu seu celular. O que queria que eu pensasse?

–Queria que pensasse em tudo o que lhe disse.

Ficamos em silêncio, um analisando as reações do outro até ele se decidir a falar.

–Depois que você se foi eu voltei pra casa e me joguei no sofá. Ali fiquei por horas, apenas pensando...

Engoli em seco.

–Pensando em que?

–Em tudo. Em como devo agir daqui pra frente... em nós dois.

Estremeci. Como alguém consegue transmitir ondas elétricas somente conversando? Ele nem disse nada demais. E ainda assim eu já sentia minha pulsação disparar.

𝗠𝗮𝗱 𝗧𝗲𝗺𝗽𝘁𝗮𝘁𝗶𝗼𝗻|𝗕𝗲𝗮𝘂𝗮𝗻𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora