Capítulo 44 ~ Demasiadas supresas

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“Não. Eu sabia que virias.” Eu disse-lhe e finalmente riu-se.

“Quanto ao charme, tens de treinar mais.” Ele brinca e leva uma cotovelada.

“Escolhes tu uma bebida?” perguntei-lhe fazendo beicinho.

“Ok, mas não me faças passar vergonhas.” Ele ri de novo. “Bem, deixa-me ver.”

“Que tal aquele?” apontei para um vermelho.

“Gostas de frutos vermelhos, certo?”

“Muito.” Confirmei e ele sorriu passando-me um copo. Logo tirou um para ele.

“Obrigado.” Agradeci e ele simplesmente me sorriu. Assim que levei à boca percebi que realmente tinha um toque de frutos vermelhos e um pouco de álcool.

“Tenho uma surpresa para ti.” Ele admitiu enquanto caminhávamos pelo salão.

“A sério?” Acho que soei demasiado infantil.

“Daqui a pouco descobres.”

“Harry?” Virámo-nos. “Aproxima-te.” Des pede. “Obrigado por teres vindo. Este é o James, acho que já o conheces.”

“Sim, de outras bandas.” Lá estava James sorridente. Anne aproximou-se do marido e deu-lhe o braço.

“Pois bem, ele vai entrar para a nossa equipa.” Des disse meio num tom provocador. O Harry ficou tenso. Eu percebi o nervosismo nele. “Só te estou a informar.” Ele continuava.

“Tudo bem.” Harry deu-me a mão e apertou-a com força. Apertei de volta para demonstrar que estava do seu lado.

“Ainda bem que não tens nada contra.” Des parecia que estava a troçar do filho. Olhei Anne que só encolhia os ombros. “Essa é...?”

“Julianne.” James respondeu sorrindo.

“Estás...?”

“Diferente?” Anne tenta completar.

“Sim. Pareces mais do nosso nível.” Ouch.

“Não, ela é de um nível superior ao teu de longe.” Harry atira. Apertei a sua mão de novo e sussurrei um "calma".

“A tua falta de treinos anda a afetar-te o cérebro.” Des ria-se acompanhado de James.

“Des!” Anne repreende.

“Deixa lá, mãe. Ele só não quer admitir que se enganou.”

“Prova-me que estou enganado sobre ela.” Des desafia.

“Eu faço questão de ser eu a esfregar-lho na cara.” Atirei.

“A pintinha já tem voz?”

“Eu só não faço o seu jogo porque, só porque não desço ao seu nível.”

“Isso não me afeta.”

“Veja bem se o Harry é seu filho.” Troço. “Demasiado bonito e inteligente para ser filho de alguém como o senhor. Agora se nos dão licença, vamos indo.” Peguei a mão do meu companheiro e saí. Des ainda barafustou mas nem sequer quis saber. Puxei o Harry até uns sofás do outro lado e ele acompanhou-me.

“Calma.” Ele riu-se. “Quando te disse que te vinhas divertir não me referia a engatar um bóxer e desafiar o anfitrião.”

“Desculpa. A bebida deve ter subido ao meu cérebro.” Começa a tocar uma música qualquer em que participa o pitbull. Suavemente, acho. Não me julguem, não ouço disto frequentemente.

“Dança comigo!”

“Mas eu não sou boa nisso.” Respondi-lhe.

“É só uns passinhos.” Ele puxa-me para a pista de dança.

“Ensina-me.”

“Eu sei que consegues. Solta-te.” Ele pediu e assim o fiz. Dançamos os dois de uma maneira bem estranha. Ele estava sempre a pisar-me o vestido e eu a pisar-lhe os pés. Acho que os risos dele eram tão engraçados que me faziam rir também. Isto parece de loucos. Ele já estava todo despenteado e eu terminei de dançar a música com a barriga a doer. “Aquele casal parece que engoliu uma vassoura.” Ele goza enquanto recuperava o fólego.

“Para! Já me doi a barriga.”

“Vés? Mesmo numa festa chunga consegues espairecer.”

“Exato e amanhã estamos os dois de cama.”

“Não sejas tão queixinhas.” Ele brinca e puxa-me de novo. E lá se seguiram mais algumas músicas do género. Tinham batida e como eu não sabia dançar, limitei-me a seguir o Harry. Ele consegue fazer piadas ainda mais secas quando está a dançar. Imaginem o Harry a dançar e a sorrir ao mesmo tempo. Pocha, que visão agradável. Os seus olhos brilhavam e eu não me continha de permanecer focada neles. Ele é louco. Sim, mesmo louco. No entanto, parece tão natural. A última música mexida terminou e Harry já soava.

“Posso roubar-ta por uns minutos?” James apareceu do nosso lado.

“Mas tu-“ Harry ia barafustar com o rapaz.

“Eu vou.” Olhei Harry piscando descretamente o olho. Ele lá encolheu os ombros - mania que odeio nele - e foi à casa de banho.

“Olá, de novo!” O rapaz diz pegando na minha mão. Começaram as músicas lentas.

“Olá... James, certo?” Ele assentiu.

“Nunca vi ninguém enfrentar o velho Des nestes meus 21 anos de vida.” Ele ria-se enquanto me puxava mais para ele.

“Eu sou assim. Não tenho medo dele.”

“Valentona hã?”

“Não disse isso.” Sorri e lá dançava agarrado a mim. “Posso fazer uma pergunta?”

“Claro.” Ele sorria.

“Qual é o teu problema com o Harry?”

“Cenas maradas no passado.”

“Já sabes da Mary?”

“Mary?”

“Se não sabes, não vou ser eu a contar docinho.”

“Nem mesmo para lixar o Harry?”

“Isso é tentador, mas não.”

“Tudo bem.” Disse-lhe e ia virar as costas.

“Tu e ele andam?” James parecia preocupado.

“Não.” Simplesmente respondi e soltei o meu pulso da sua mão. Procurei mais uma bebida. Assim que enchi um copo levei-o à boca. Quem raio é a Mary? O quê que o Harry tem a ver com isso?

Nesse segundo senti alguém a esbarrar-se em mim. Fiquei meio que surpreendida quando vi.

“Jul?” Ela perguntou olhando-me de cima a baixo.

“Leah!” Olhei-a ainda em choque. Sim, partilhavamos o mesmo sentimento.

“O que fazes aqui?”

“Não, o quê que tu fazes aqui? Desapareceste, desde o final das aulas!”

“É que eu-“ Foi interrompida por uma voz rouca.

“Amor, vamos?”

“Amor?” Perguntei-lhe meio esganiçadamente.

“Eu posso explicar.” Leah murmura.

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora