“Não. Eu sabia que virias.” Eu disse-lhe e finalmente riu-se.
“Quanto ao charme, tens de treinar mais.” Ele brinca e leva uma cotovelada.
“Escolhes tu uma bebida?” perguntei-lhe fazendo beicinho.
“Ok, mas não me faças passar vergonhas.” Ele ri de novo. “Bem, deixa-me ver.”
“Que tal aquele?” apontei para um vermelho.
“Gostas de frutos vermelhos, certo?”
“Muito.” Confirmei e ele sorriu passando-me um copo. Logo tirou um para ele.
“Obrigado.” Agradeci e ele simplesmente me sorriu. Assim que levei à boca percebi que realmente tinha um toque de frutos vermelhos e um pouco de álcool.
“Tenho uma surpresa para ti.” Ele admitiu enquanto caminhávamos pelo salão.
“A sério?” Acho que soei demasiado infantil.
“Daqui a pouco descobres.”
“Harry?” Virámo-nos. “Aproxima-te.” Des pede. “Obrigado por teres vindo. Este é o James, acho que já o conheces.”
“Sim, de outras bandas.” Lá estava James sorridente. Anne aproximou-se do marido e deu-lhe o braço.
“Pois bem, ele vai entrar para a nossa equipa.” Des disse meio num tom provocador. O Harry ficou tenso. Eu percebi o nervosismo nele. “Só te estou a informar.” Ele continuava.
“Tudo bem.” Harry deu-me a mão e apertou-a com força. Apertei de volta para demonstrar que estava do seu lado.
“Ainda bem que não tens nada contra.” Des parecia que estava a troçar do filho. Olhei Anne que só encolhia os ombros. “Essa é...?”
“Julianne.” James respondeu sorrindo.
“Estás...?”
“Diferente?” Anne tenta completar.
“Sim. Pareces mais do nosso nível.” Ouch.
“Não, ela é de um nível superior ao teu de longe.” Harry atira. Apertei a sua mão de novo e sussurrei um "calma".
“A tua falta de treinos anda a afetar-te o cérebro.” Des ria-se acompanhado de James.
“Des!” Anne repreende.
“Deixa lá, mãe. Ele só não quer admitir que se enganou.”
“Prova-me que estou enganado sobre ela.” Des desafia.
“Eu faço questão de ser eu a esfregar-lho na cara.” Atirei.
“A pintinha já tem voz?”
“Eu só não faço o seu jogo porque, só porque não desço ao seu nível.”
“Isso não me afeta.”
“Veja bem se o Harry é seu filho.” Troço. “Demasiado bonito e inteligente para ser filho de alguém como o senhor. Agora se nos dão licença, vamos indo.” Peguei a mão do meu companheiro e saí. Des ainda barafustou mas nem sequer quis saber. Puxei o Harry até uns sofás do outro lado e ele acompanhou-me.
“Calma.” Ele riu-se. “Quando te disse que te vinhas divertir não me referia a engatar um bóxer e desafiar o anfitrião.”
“Desculpa. A bebida deve ter subido ao meu cérebro.” Começa a tocar uma música qualquer em que participa o pitbull. Suavemente, acho. Não me julguem, não ouço disto frequentemente.
“Dança comigo!”
“Mas eu não sou boa nisso.” Respondi-lhe.
“É só uns passinhos.” Ele puxa-me para a pista de dança.
“Ensina-me.”
“Eu sei que consegues. Solta-te.” Ele pediu e assim o fiz. Dançamos os dois de uma maneira bem estranha. Ele estava sempre a pisar-me o vestido e eu a pisar-lhe os pés. Acho que os risos dele eram tão engraçados que me faziam rir também. Isto parece de loucos. Ele já estava todo despenteado e eu terminei de dançar a música com a barriga a doer. “Aquele casal parece que engoliu uma vassoura.” Ele goza enquanto recuperava o fólego.
“Para! Já me doi a barriga.”
“Vés? Mesmo numa festa chunga consegues espairecer.”
“Exato e amanhã estamos os dois de cama.”
“Não sejas tão queixinhas.” Ele brinca e puxa-me de novo. E lá se seguiram mais algumas músicas do género. Tinham batida e como eu não sabia dançar, limitei-me a seguir o Harry. Ele consegue fazer piadas ainda mais secas quando está a dançar. Imaginem o Harry a dançar e a sorrir ao mesmo tempo. Pocha, que visão agradável. Os seus olhos brilhavam e eu não me continha de permanecer focada neles. Ele é louco. Sim, mesmo louco. No entanto, parece tão natural. A última música mexida terminou e Harry já soava.
“Posso roubar-ta por uns minutos?” James apareceu do nosso lado.
“Mas tu-“ Harry ia barafustar com o rapaz.
“Eu vou.” Olhei Harry piscando descretamente o olho. Ele lá encolheu os ombros - mania que odeio nele - e foi à casa de banho.
“Olá, de novo!” O rapaz diz pegando na minha mão. Começaram as músicas lentas.
“Olá... James, certo?” Ele assentiu.
“Nunca vi ninguém enfrentar o velho Des nestes meus 21 anos de vida.” Ele ria-se enquanto me puxava mais para ele.
“Eu sou assim. Não tenho medo dele.”
“Valentona hã?”
“Não disse isso.” Sorri e lá dançava agarrado a mim. “Posso fazer uma pergunta?”
“Claro.” Ele sorria.
“Qual é o teu problema com o Harry?”
“Cenas maradas no passado.”
“Já sabes da Mary?”
“Mary?”
“Se não sabes, não vou ser eu a contar docinho.”
“Nem mesmo para lixar o Harry?”
“Isso é tentador, mas não.”
“Tudo bem.” Disse-lhe e ia virar as costas.
“Tu e ele andam?” James parecia preocupado.
“Não.” Simplesmente respondi e soltei o meu pulso da sua mão. Procurei mais uma bebida. Assim que enchi um copo levei-o à boca. Quem raio é a Mary? O quê que o Harry tem a ver com isso?
Nesse segundo senti alguém a esbarrar-se em mim. Fiquei meio que surpreendida quando vi.
“Jul?” Ela perguntou olhando-me de cima a baixo.
“Leah!” Olhei-a ainda em choque. Sim, partilhavamos o mesmo sentimento.
“O que fazes aqui?”
“Não, o quê que tu fazes aqui? Desapareceste, desde o final das aulas!”
“É que eu-“ Foi interrompida por uma voz rouca.
“Amor, vamos?”
“Amor?” Perguntei-lhe meio esganiçadamente.
“Eu posso explicar.” Leah murmura.
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The Girl behind the Mask ✗
Genç KurguEscolhas. Talvez a coisa mais dura que fazemos na nossa vida. Eu fui uma escolha dos meus pais, e isso demonstra quanta responsabilidade cai sobre os ombros de quem escolhe. Estaria aqui a tentar explicar o porquê das escolhas serem tão duras, mas s...