Capítulo 27 ~ 2 rapazes da mota?

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Sem muita demora senti uns braços fortes a envolverem o meu tronco. O meu coração queria tê-lo perto mas a razão relembra-me do motivo do afastamento. 

"Procurei-te por toda a parte." O seu perfume só me fez afastar do seu aperto. Não quis olhar a sua cara. Tentei sair dali mas senti a sua mão no meu braço.

"Nem me toques. "Gritei-lhe. Dobrei a manga da camisola, arregacando-a. "Vês esta coisa? obrigado desde já!" Mostrei-lhe a negra que ele me havia feito no dia da discussão. Não quis mostrar a ninguém.

"Ó meu Deus." Ouvi-o suspirar e a sua mão move-se na direção no meu braço lentamente. Parecia que me ia acariciar  por isso, afastei-a logo

"Não entendes o, não me toques? "

"Desculpa princesa. Não queria nada disto para nós. "

"Não te quero ouvir." Exaltei-me.

"Deixa-me explicar..."

"Explicar o quê? Que me engaste? Que não sou suficiente para ti? Ou que sou apenas mais uma?" Pausei. "Já sei tudo isso, podes ir."

"Explicar o porquê..."

"Não obrigado."

"Jul, minha princesa, por favor."

"Não me chames assim."

"Eu sei que pode ser o nosso último encontro e que provavelmente no vais mais querer saber de mim. Por isso peço-te apenas 2 minutos." Suspirei profundamente e finalmente olhei-o. Ele continuava a usar aquele capacete na cabeça. Estúpido capacete.

"Já passou quase um." Aprecei-o assim que se fez notar o seu silêncio.

"Jul, preciso de te pedir mais uma oportunidade. Vais negar-ma mas eu precisava de tentar. Sei que me mostrei indiferente com algumas situações, mas acredita,  tudo o que te envolva me importa. Já estávamos tão bem que o meu nervosismo estragou tudo." Pausou. " Nunca estiveste nervosa ao ponto de estragar algo?" Assenti. "Eu não consigo revelar a minha identidade. Sou tímido e não quero conquistar-te pelo exterior. Aí tens 3 motivos para não me mostrar. Quando eu insinuei que não era o suficiente que tu me aceitasses, não quer dizer que tu não sejas suficiente para mim, porque na verdade és muito mais do que pedi." Pegou na minha mão. "Agora podes simplesmente ir e esquecer-me. Tens mais que o direito disso. No entanto, diz-mo na cara para eu te tirar da cabeça e sofrer como tu nestes dias." Não sei mais o que pensar. Ele simplesmente chega, lança a bomba e espera uma reação definitiva da minha parte? Começo a achar demais. Hey, sociedade idiota! Quem forma este tipo de gente?

"Podia dar-te uma resposta a isso mas não consigo. Estou desgastada. Não consigo viver incertezas. Tive um dia longo e estou a tentar remendar os estragos." Suspirei novamente.

"Entendo-te." A sua voz saiu com falhas.

"Não me magoes mais." Pedi baixinho e ele aproximou-se.

"Prometi a mim mesmo que te iria proteger." Pegou cuidadosamente na minha mão. "Não te queria magoar ou cansar. Estou aqui para ser tão importante para ti, como tu és para mim." Entrelaçou os dedos nos meus e elevou as mãos, agora juntas, ao peito. "Fica comigo só mais esta noite." Fechei os olhos enquanto ouvia a sua voz. Sinto-me estúpida por, no fundo, ainda ter saudades dele. "Confesso que nenhuma rapariga conseguiu mexer assim comigo."

"Não me vou conformar em não saber o teu nome, quem és." O seu telemóvel começou a tocar.

"Desculpa." Saiu apressado afastando-se um pouco do local.

"Olá Julianne. "Ouço e olho para onde vem o som. Ok... A ideia deve ser enlouquecer-me porque não estou perceber como é ele sair para um canto e aparece 2 segundos depois no lado oposto. A fisionomia era idêntica e podia sentir que o cheiro também. "Como estás? " Segurou a minha mão e eu olhava-o chocada.

"Mas..." ouvi atrás de nós. "Quem és tu? "

"Sou tu." Rapaz da mota 2 diz. "Se eu sou o verdadeiro..."

"És o quê?" Continuam o diálogo. "Só comentei isto com... mas o quê que estás a fazer? "

"O que tu pediste, cuidar da Julianne. "

"Espera! Não era dessa maneira."

"Calou!" Gritei bem alto fazendo-os olhar para mim. "Quantos há de vocês? 10, 20? Não acham que assim me baralham?" Bufei. "Quem é o verdadeiro? " os dois levantaram o braço. Eles iam começar a discutir quando intervim. "Porra, isso significa que ando a ser enganada por dois?" Levei as mãos à cara. "Vocês pensam que sou idiota ou quê?"

"Desculpa Jul." Passou a mão na minha. O meu reflexo foi dar um passo atrás afastando-me deles. Aquela era a voz certa. Tenho a certeza.

"Agora um já paga ao outro para me consolar? Desceram tão baixo."

"Princesa, não paguei nada" puxou-me para perto dele. "Só lhe pedi que cuidasse de ti." Novamente fiz força para sair do seu aperto. No meu sangue corria raiva e ressentimento.

Olhei o outro rapaz. Parecia imóvel a admirar o chão. Os seus pés raspavam alternadamente no chão como quem chuta as pedrinhas.

"Desculpa, Julianne. Não te queria magoar." Finalmente sussurra.

"Sabem uma coisa? Que se lixe!" Afastei-me dos dois e peguei na minha mala. "Nem o verdadeiro, nem a cópia. Só me trazes problema." Bufei.

"Onde vais?" Questionou aquele que menos arrependido trazia na voz. Supus ser o rapaz que me abordou primeiro.

"Ter com quem gosta de mim de verdade."

"Tens outro?" Surpreenderam-se.

"Não se atravessem no meu caminho. Eu avisei uma vez, não me obriguem a fazê-lo de novo."

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora