Capítulo 16 ~ Almas perdidas [B-day cap]

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Mas eu sou forte e não faço o género que beija qualquer pessoa assim. É verdade, ele já não é qualquer pessoa, no entanto, ele continua um estranho. Depois levei as mãos aos seus olhos. Precisava de saber como ele é. Gostava de poder ver com os olhos, não com a mão.

Ele pegou na sua mão e pausou-a no meu rosto. O seu polegar fez algumas festas nas minhas maças do rosto e depois desceu até o meu queixo.

“Não preciso de te ver para entender o quão linda és.” Ele sussurrou. Quase que instantaneamente retirei a mão do seu rosto mas ele permaneceu com a dele onde estava.

“Acho melhor irmos embora.” Soo aflita.

“Está algo mal?” ele murmura.

“Não é isso.”

“Não queres estar comigo.” A sua voz sai com falhas.

“Claro que quero. Mas a maneira como tu me tratas...”

“Achas mal? Estou a abusar?”

“Não é isso.” Bufo.

“Conta-me.”

“Não estou habituada a que me tratem assim.”

“Bem?”

“Humhum.”

“Como não? O teu namorado não é assim?”

“Não tenho namorado.” Suspiro.

“Não?”

“Não.” Confirmo.

“Então e os teus ex-namorados?”

“Não existem.” Revelo baixinho.

“O quê?”

“Não existem.” Falo mais alto.

“Eu ouvi. Estava só admirado.”

“Porquê?” soo insegura.

“Uma rapariga como tu devia ter namorados às dúzias.”

“Mas nem sempre é assim.”

“És especial....”

“Para.” Eu peço.

“Desculpa.”

“Como é que eu posso estar aqui com um rapaz cujo nem o nome sei?” Ia levantar-me mas senti o seu braço a puxar-me para baixo.

“Saberás tudo de mim, prometo.” Ele soa confiante.

“Promessa difícil de cumprir.”

“Percebi que tens valor a mais para te deixar ir.”

“E se eu me quiser ir embora?”

“A escolha é tua.” Ele soa. Escolhas. Quantas vezes elas aparecem na nossa vida só para atrapalhar um pouco ou nos deixar mais confusas.

Deixei o silêncio apoderar-se da sala. Olhei em volta e nada via. A lua começava a bater na entrada do barracão. Talvez isto seja mais cuidado do que pensava. Isto parece organizado, limpo. Além disso, quando chegámos haviam velas acesas e assim. Alguém cuida disto.

“Que sítio é este?” perguntei meio a medo e ele aproximou-se.

“É o meu canto. És a primeira pessoa a entrar aqui. Aliás, isso faz de tia a única rapariga que alguma vez deixei cá entrar.” Revela. Assim que virei a cara senti a sua respiração na minha. Ele estava demasiado próximo. Eu não consigo calcular a distância mas deve ser muito pouca. O seu hálito é de mentol o que é adorável nele. “All of me, loves all of you.” Ele começou a cantar bem baixinho. As minhas mão tremiam por todo o lado. Queria perceber o que vai na minha cabeça mas não conseguia. Acho que até ele percebeu o meu nervosismo.

 “Anda cá.” Ele pede levantando-se e logo me puxou para me levantar. Fez com que os meus braços envolvessem o meu pescoço e as suas mão pausaram na minha cintura. Do nada ele começou a guiar-me no que parecia uma dança e reiniciou a sua música. “All of me, loves all of you. Love your curves and all your edges, all your perfect imperfections. Give your all to me, I’ll give my all to you. You’re my end and my beginning, even when I lose I’m winning.”

A sua voz era rouca, talvez a mais rouca que eu já pude ouvir. Se a falar já me encantava, imaginem a cantar. As suas mãos eram firmes e ele era bem mais alto que eu. A sua respiração estava próxima da minha.

“Acho que te devo algo.” Eu lembro e quase que o vejo sorrir. Meu deus, foi o sorriso tímido mais fofo que eu já vi. Ou melhor, que eu percebi ver.

“Também acho que sim.” Ele começa a afastar-se. “Anda cá.” Puxou-me e eu fiquei setada no seu colo virada para si. “Agora estás mais confortável.” Ele repara e eu sorriu. “Se me sorrires assim eu mordo-te.” Ele avisa

“Como consegues ver?”

“Eu estou habituado ao escuro.”

“És um gato?”

“Tu lá sabes.” Gargalhámos os dois. De repente ele parou e pude ver os seus olhos brilhantes. Nem a cor dava para perceber. Mas podia reparar que ele me olhava.

“Anda cá.” Eu digo e encosto-me para a frente. Levo as mãos ao seu rosto para descobrir onde fica a sua bochecha. De vagar, aproximei os meus lábios do local e depositei lá um leve beijo. As suas mãos desceram até às minhas coças e os seus polegares faziam-me festas. Poderia até sentir-me incomodada, mas não. Ele deixa-me super descansada e à vontade. Andei mais até baixo e distribuí beijos pelo seu rosto até chegar à linha do maxilar. Percorri a linha até ao queixo. Nesse momento ele parou e pude sentir a sua respiração acelerar. Afastei-me um pouco e pude ver que ele mantinha os olhos fixos em mim.

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora