Já passava das 16 e nem um ruído em casa. Aproveitei para ficar sentada na cama, ler e sublinhar alguns textos da universidade. Não fiz muito estas férias. Pelo menos não o suficiente para acabar bem o semestre. Amanhã depois das aulas vou à loja de música. Arranjei lá um trabalho e depois desapareço. Não é justo para o meu amigo.
Quero retomar o meu part-time o mais rapidamente possível. Sinto falta do meu piano e do cheiro ao material de polir. Sinto falta do som das cordas da guitarra acabadas de colocar. Sei lá, acho que pertenço no meio daquelas coisas todas.
Ouço alguém a bater à porta e apenas digo um "Entre!"
Ele abre a porta e encosta-se à ombreira da mesma. Podia ver o seu olhar meio triste e o sorriso, que há horas tinha estampado no rosto, desaparecera.
"Precisas de alguma coisa?" Pergunto não aguentando vê-lo daquela forma.
"Aluguei um bom filme e fiz pipocas." Informa meio reticente. "Queres vir ver comigo?" Eu ia falar mas logo ele continuou. "Eu entendo que não queiras. Percebo que estejas chateada."
"Não estou chateada, Harry!" Pausei as folhas do meu lado. "Senti-me estranha por estar ali. Ele dá um passo.
"Juro-te que não imaginava vê-la lá."
"Tudo bem." Levantei-me arrumando as coisas.
"Não ligues ao que ela te disse. Como disse, tu és diferente dela."
"Diferente como?" Tentei saber.
"Diferente como quem diz especial." Ele pausa a sua mão na minha cintura.
"Não quero mais falar dela, está bem?" Pedi olhando os seus olhos verdes.
"Nem ela merece isso." Ele termina o assunto aí. Senti o seu braço acabar com o espaço entre os nossos corpos. "Queres ir ver o filme?"
"Que-ero" gaguejei ao senti o seu rosto a centímetros do meu. Os seus lábios suaves pausaram lentamente na minha face. "Vamos." Eu rapidamente (e felizmente) agi, afastando-me dele e caminhando até à sala. Antes que pudesse chegar às escadas, sinto os seus dedos à volta do meu pulso seguida da parede nas minhas cortas. Estava ali entre ele e a parede, por mais estranho que isto pareça. Eu queria fugir mas o meu corpo não respondia às minhas ordens. O seu robusto polegar desliza pelo meus lábios. É verdade, ele é um incorrigível sedutor. Só que eu não sou uma das amigas dele. Ele está com aquela sua usual t-shirt branca demasiado apertada. Ela encaixa tão bem naqueles ombros largos e tronco musculado. Os seus caracóis meio desfeitos e entrelaçados davam-lhe um ar mais selvagem. O seu olhar alternava entre os meus lábios e os meus olhos. "Para com isso." Murmuro.
"Isso o quê?" A sua voz sai mais rouca que o habitual fazendo-me arrepiar.
"Não sou as tuas amigas." Volto a dizer no mesmo tom.
"És especial."
"Porquê?"
"Para quê queres saber?" Ele meio que sorri.
"Não te custa dizer." disse mordendo nervosamente o lábio.
"Não consigo pensar quando fazes isso!" Ele afasta-se um pouco passando a sua mão no cabelo. Só agora consigo reparar como os seus músculos se mexem quando ele o faz. Porquê que não divido casa com um nerd que não vai ao ginásio e passa o dia no computador? Seria bem mais fácil.
"Qual o problema?" Testo-o fazendo o mesmo.
"Julianne!" Ele arfa. "Não faças isso comigo."
"Responde à minha pergunta!" Peço. Ele prendeu as minhas mãos acima da minha cabeça com as suas. Senti o seu corpo demasiado perto e isso fazia-me suar. A sensação de adrenalina era de certo estimulante.
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The Girl behind the Mask ✗
Roman pour AdolescentsEscolhas. Talvez a coisa mais dura que fazemos na nossa vida. Eu fui uma escolha dos meus pais, e isso demonstra quanta responsabilidade cai sobre os ombros de quem escolhe. Estaria aqui a tentar explicar o porquê das escolhas serem tão duras, mas s...