Capítulo 39 ~ Retribuir

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"Entra." disse assim que ele me olhou de maneira estranha.

"Tu aqui?" perguntou enquanto entrava.

"O Harry que te explique!" disse assim que cheguei perto deles. "Vou tomar banho, estejam à vontade." Harry assentiu. O seu sorriso desvaneceu e os seus lábios formavam uma linha quase reta. Não quis ouvir as suas conversas. Eu tenho de confiar nele. Qualquer que seja o assunto, não posso ouvir.

Coloquei a roupa em cima da cama e logo peguei nela assim que fechei o armário.

"Estás doido Harry?" Zayn berrava.

"Tens de me entender."

"Não estás no teu juízo perfeito. Tu sabes o que combinámos. Ela não pode estar aqui."

"Tu não sabes o que ela sofreu com o rapaz da mota, como lhe chamam, eu vi o seu sofrimento."

"Harry para com essa loucura!"

"Não vamos falar disso agora. Ela está perto demais."

"E vais deixar a Leah no meio disto? Ela avisou que ia desistir."

"A Leah que se mantenha calada. Ela vai magoar a amiga."

"Vê o que fazes. Eu estou mais preocupada com ela do que contigo. Ela não merece." ouvi a porta bater num estrondo. Corri para o WC onde logo me coloquei na banheira. Algo se passa entre eles. Eu estava certa. Eles são os rapazes da mota e pior que isso, a Leah sabia de tudo e simplesmente me enganou.

Espera lá, não sabes disso.

Era óbvio.

Julianne, eles podem ter as suas razões.

Tipo qual?

Imagina que irias descobrir que alguém te enganou, podia até te amar, mas tu não irias facilitar. Tu sabes que quem ama não consegue estar longe muito tempo.

Mas não podem enganar-me assim.

Saberes quem é o rapaz da mota vai trazer alguma diferença? Eles um dia vão descair-se.

Nisso tens razão.

(...)

Não tenho falado com o Harry. Já passaram dois dias e nem uma palavra. Ele sai à noite e só volta de manhã. Ficou frio e mal fala. Quando o faz, quem fica sem falar sou eu. É como se não tivéssemos assunto e nem nos esforçássemos por ter.

Ele acabara de chegar. Senti a porta bater com força. Para não variar ele vem bêbado. Não tem ido aos treinos de box e aparece bêbado em casa. Estou farta de o ver assim. O seu corpo cambaleia até ao móvel da entrada onde ele larga as chaves e o telemóvel. Consigo vê-lo tirar o casaco e atira-lo no chão. Por momentos, ele descansa a cabeça sobre os braços cruzados e pausados na parede. Após um suspiro, apanha o casaco e pendurado no local apropriado.

"Harry." Soei assim que entrei no hall.

"Agora não."quase suplicou.

"Quero falar contigo." Ele continuava de costas para mim. Ele estava muito tenso.

"Eu preciso de dormir." ele suspira.

"Eu preciso de entender o que se está a passar." Pausei a minha mão no seu ombro. Ele estremeceu e subiu as escadas lentamente. Eu não podia simplesmente ficar sem resposta. O seu rasto cheirava a tabaco, como sempre. Segui-lo não foi problema.

"Deixa-me sozinho." Ele pediu assim que atirou a sapatilha pelo chão do quarto.

"Harry, tu não estás bem." disse-lhe mais de perto. Eu sei que ele tem ataques de raiva e assim, mas eu tenho de arriscar.

"Vai." ele pediu novamente.

"Não vou." enfrentei e ele simplesmente se virou para me olhar. O seu rosto denunciava dor e o canto da sua boca tinha um corte. Ele não está bem e, apesar de tudo, quero ajudar.

"Julianne..."

"Harry, não me mandes embora. Olha para nós! Uma vez ajudaste-me e, apesar de tudo, quero ajudar-te também."

"Não preciso de nada."

"Como não? Olha para a tua face."

"Eu estava um pouco tocado pela bebida. Quando estou assim digo demasiadas verdades, e alguém não gostou. Foi só isso." Caminhei até ele bem de vagar.

"Amigos ajudam-se." sussurrei levando a minha mão aos botões da sua camisa. A antiga Julianne teria receio disto, mas a nova não. Mas quem é que estou a enganar? O meu nervosismo perto de rapazes é demasiado óbvio.

"Não preciso de ajuda." falou olhando nos meus olhos. Como é que alguém pode ter uns olhos tão lindos? São magnetizantes.

"Sim, tu precisas." comecei a desapertar os botões da sua camisa. O seu tronco trabalhado ia sendo revelado aos poucos. Evitei olhar, mas não consegui.

"O quê que estás a fazer?" perguntou abafadamente.

"Relaxa." pedi e ele assentiu. Assim que a camisa atingiu o chão passei para trás dele e puxei o seu braço para a cama. Arredei os seus cobertores e ele deitou-se. Passei para o outro lado da cama e deitei-me do seu lado.

"O que estás a fazer?"

"Andas a perguntar isso demasiadas vezes." Relembrem sorrindo. "Vou fazer-te companhia. Não consegues dormir. Não tens dormido estas noites, quero fazer-te companhia."

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora