Capítulo 30 ~ Amar-te-ei da mesma maneira

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"Voltei Julianne." Sussurrou. "Sou cobarde e, como sempre, venho falar-te enquanto dormes. Sei que me ouves, mas tenho esperança que não. No fundo quero que ouças ao mesmo tempo que não quero ser confrontado com tal. Fico completamente atrapalhado quando não posso explicar. Viste hoje? Pois bem, não tenho como te responder." Suspirou pesadamente. "Não sei como vês o outro lado das pessoas e até há pouco o escondias para mim. Hoje conheci a tua família e adorei. O Ben é super inteligente e a Cloe mais feminina. Por sua vez, considero a tua mãe mais reservada. Ao telefone tive de lhe explicar quem era e o quê que te era a ti. Perdoa-me aquilo dos amigos coloridos." Riu-se baixinho. "Não havia outra maneira de justificar." Passei a ouvir apenas a sua respiração acelerada. "Sabes, o idiota que te magoou não sabe o que perdeu. És tão mais preciosa do que qualquer um imaginaria." Uma lágrima involuntária fugiu dos meus olhos. "Jul."suspirou num tom de voz bem familiar. O seu dedo alcançou a minha lágrima deslizando pelo meu rosto. "Não fiques triste." Suspirou.

Pouco depois sinto o meu corpo perder contacto com o colchão e ganhar de seguida. Fui movida para o lado. O peso do bóxer pausou na cama tapando-nos. Sentia-lo virado para mim de modo a caber. Pelo menos foi o que percebi ao sentir um hálito cafeinado. "Estou aqui para te apoiar." Bocejou. "Não tenho dormido bem. Desde que um amigo meu me pediu para cuidar de ti que não estou bem. Só te metes em confusão." Encostou os seus lábios na minha testa. "Este Harry é um segredo nosso que eu mesmo não conhecia. Obrigado Jul."

(...)

Acordei com a claridade de novo e Harry dormia. O seu braço cobria a minha cintura e a minha cabeça estava encostada ao seu peito. Assim que o olhei, voltei a notar o seu jeito angelical. A noite de ontem provocou-me imensa confusão. Dois rapazes, o mesmo toque,  o mesmo cheiro mas completamente diferentes. Harry disse que um amigo lhe pedira para cuidar de mim e assim passei a noite a pensar no facto de haver dois rapazes da mota. Ou eu estou tola, ou acho que ele é o segundo rapaz da mota, o duplo do verdadeiro. Faz bastante sentido o discurso dele quando fala do verdadeiro como sendo idiota.

Fechei os olhos para ignorar os meus pensamentos estanhos logo pela manhã. A sua mão pausou na minha cintura firmemente e logo me beijou. Harry? Omg agora todos me beijam.

"Harry?" Abri os olhos lentamente.

"Desculpa Julianne." Ele esfrega os olhos. "Foi um impulso." Adoro os impulsos dele. - consciência para.

"Humm. Ok." Suspirei e ele riu-se.

"Adoro acordar assim."

"Do lado de uma rapariga? " bufei.

"Bem disposto." Conclui e levanta-se.

"Vou mandar vir o café." Se servisses de açúcar no meu... - é consciência doente.

(...)

Decidi tomar banho, com a autorização da enfermeira e estou a escolher o que vestir enquanto o Harry não vem.

Só de pensar que saio daqui para a casa da avó fico revoltada. O que vale é que amanha é sexta, dia de regresso a casa.

"Aqui está..." Harry entrou de repente olhando-me estático. Ok. Olhei para baixo. T-shirt e cuecas. Foda-se. Podia ter-me vestido mais e pensando menos.

E agora? - tenta agir normalmente.

"Podes por aí." Pedi-lhe apontando a mesa e ele foi enquanto me via vestir as calças. "Nunca viste? " perguntei gozando.

"Uma miúda toda boa vestir-se?" Lá vem o Harry porco. "Nunca."

"E as miúdas com que dormes? "

"Só dispo. No dia seguinte nem sei mais delas." Parecia orgulhoso.

"Idiota." Revirei os olhos.

"Cala-te que senão..."

"Senão o quê?" Apertei as calças.

"Serei obrigado a foder-te todinha aqui no hospital. "

"Harry!"

"Estou de volta bebé" sorriu.

"Imaginei logo." Revirei os olhos.

"Hora de ir embora, despacha-te."

"Calma."

"Parecem um casal de namorados.  Ouvi a enfermeira falar enquanto entrava. Harry engasgou-se.

"Ou até não." Sorri-lhe. "Aqui o Harry não consegue assumir um compromisso desses."

"Consigo mas não quero."

"Mentira." Ri-me.

"Já chega. Quero os dois a desandar que tenho muito que fazer." Brincou ela.

Peguei em tudo o que tinha e, após ouvir as recomendações da senhora,  segui Harry pelos corredores.

"Então é assim..." Harry iniciou. "Vais ao parque e trazes o meu carro para as traseiras. Assim a imprensa não me apanha."

"E se eu não quiser fazer isso? " bufei.

"Eu ajudei-te, é a tua vez de retribuir. "

"Chantagista."

"Qual o teu problema?  Não sabes conduzir é? " Fez troça de mim.

"Dá cá isso." Retirei-lhe a chave da mão e caminhei até ao carro. Realmente havia imprensa em massa. Às vezes parecem abutres em volta do pobre Harry.

Só há um pormenor. Não tenho carta e são poucas as aulas de condução que tive. Resumindo,  com sorte o carro ainda chega inteiro.

Assim que a imprensa reparou no carro do Harry,  rodearam-no e tive que sair à pressa.

(...)

"Ainda bem que não destruíste o meu amor."

"Harry é só um carro."

"E tu és uma péssima condutora."

"Ainda nem sequer tenho carta."

"Cenas..."

"Calou!" Instalou-se um silêncio após o seu sorriso.

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora