"Eu roubar-te-ia dele." Pausou. "Ninguém tem o direito de ser feliz contigo, tu que és o meu destino."
"Sou?" Aproximei o meu rosto do dele.
"Claro que és. Eu acredito que tu sejas a rapariga que mudará o meu passado. "
"Tens de me falar disso. "
"Do quê? "
"Do teu passado."
"O que me importa é o presente."
"Mas eu posso ajudar-te. "
"Apenas não vás. "
"Quero fazer parte dos teus dias."
"Não te vou negar isso. " Suspirou. "Mudaste-me."
"Estás menos atiradiço e convencido. "
"Ficas a saber que já pareces um ser sociável. "
"Sempre fui."
"Quando nos conhecemos não! "
"Ok."
"Ok? É só isso que tens para dizer?"
"Humhum. Cala-te e beija-me." Sussurrei e começo a ouvir a chuva forte a bater na chapa do telhado. Ele deitou-me suavemente no sofá e deitou-se por cima, suspendendo o seu peso corporal nos cotovelos. Novamente senti o seu beijo calmo a aquecer-me a alma.
(...)
"É normal estar tão vidrado em ti?"
"Não. Mas tu és tolo."
"Então só se estraga uma casa."
"O que queres dizer?"
"Que somos dois."
"Parvo!" Grunhi tentando sair debaixo dele.
"Julianne." Bufou.
"Que foi?" Pus-me de pé.
"Onde vais?"
"Para casa."
"Está a chover tanto. Fica comigo esta noite."
"Sabes, amanhã amanhece..."
"E então?" Ó ser burrinho.
"Vou ver o teu rosto." Senti-o suspirar.
"Eu sairei antes de ti."
"Isso não é nada fofo." Fiz beicinho cruzando os braços. Logo o senti a pegar em mim. "Isto é."ri-me enquanto ele andava comigo, estilo noiva, pelo barracão.
"Não te habitues." Brincou deitando o meu corpo em algo mole.
"É fofinho"comentei e só depois percebi o quão ridículo soou.
"Lá vem o ar infantil da Julianne" troçou.
"Cala-te!" Sussurrei.
"Cala-me!"
"Isso querias tu."
"Vamos dormir juntos acho...."
"Não, eu durmo aqui e tu no sofá. "
"Jul..."
"Você ouviu bem senhor gostosão da área."
"Sou o quê?" A sua voz saiu estridente fazendo-nos rir mutuamente.
"Sai." Ri-me.
"Então e o meu beijo de boa noite?"
"Nunca tiveste..."
"Quero ter a partir de agora."
"Tem mesmo de ser?" Tentei soar desinteressada. Será que consegui?
"É um sacrifício assim tão grande? " Missão cumprida!
"Oh."
"Julianne." Soou magoado.
"Anda cá tontinho." Pedi puxando a sua camisola para perto de mim. Assim que ele se aproximou beijou-me de novo. Parecia que aquele momento nunca mais iria acabar. Seria eterno.
"Até amanhã." Murmurei ofegante.
"Até amanhã, minha princesa." Arfou e o seu vulto afastou-se lentamente.
Quem diria? Julianne Sophie Wolf, após apenas 1 mês e pouco noutra cidade, já encontrou o rapaz que a marcou. Não sei quem ele é, nem os seus traços físicos, muito menos o seu nome, mas as suas atitudes fizeram-me apaixonar perdidamente.
(...)
Acordei com o som dos pássaros bem perto. Logo me lembrei da noite de ontem e do porquê de estar aqui. Sorri assim que me lembrei dele. O seu toque, o seu cheiro, o seu riso,... tudo isso mudou cada dia meu. Onde estava este principe para eu só o encontrar agora? Sabem aquela pessoa cujo riso faz com que fiquem logo alegres. Ele melhora mesmo o meu dia. Não sei o que somos, mas pouco me interessa.
Desci as escadas do quarto do barracão e deparei-me com a sala. Parecia-me tão mais pequena do que de noite. Sinceramente, vê-la assim mostra o quanto a escuridão torna os sítios mais místicos. Vocês percebem certo?
Andei até ao que me pareceu ser a cozinha e encontrei um bilhete na mesa.
“É apenas café. Não sei o que costumas comer ou se és tratada como uma princesa, mas fiz o que eu costumo fazer para mim. Bom apetite, meu anjo.”
“Obrigado” sussurrei e bebi lentamente o meu café. Tenho meia hora para ir a casa, tomar banho e trocar de roupa. É melhor me mexer.
(...)
Acompanhei as minhas amigas até ao portão da escola. Finalmente estava a terminar o meu dia de seca. O que fizemos hoje? Mais do mesmo. História da enfermagem durante mais de 6 horas tortura qualquer um. São já 14 e ainda nem almocei. Preciso de ver de como alguma coisa. Tenho mesmo fome. E quando eu digo “mesmo” não estou a diminuir. Sempre que a professora se clava o meu estômago passava a querer manifestar-se.
“Hoje nem temos muitos trabalhos.” Leah suspirou.
“Tem sido todos os dias o mesmo.” Jessica acrescenta.
“Então e trabalhar?” Myriam pergunta-nos.
“Vai ter de ser.” Bufei.
“Não te queixes. Ao menos trabalhas o pé do boxer bonzão.” Leah brincou.
“Eu trocava convosco.”
“Mas se fosse o rapaz da mota...” Myriam pica. Sim, hoje no intervalo contei-lhes da minha noite de ontem. Elas queriam saber o porquê do meu atraso matinal para as aulas e eu nem as poupei.
“Vida privada.” Sorriu.
“A Julianne agora tem vida privada.” Jennifer apareceu por trás.
“Por acaso até tenho e não a quero partilhar contigo.” Sorri.
“Nem queremos saber qual foi a aberração que tu arranjaste.” Acrescentou.
“Para estar com ela, deve ser lindo deve.” A Jennifer dois mete-se.
“Informo que não partilho convosco.” Voltei a dar-lhes um sorriso. Se é para usar ironia, estou cá.
“Ninguém quer saber mesmo.” Jennifer.
“Ainda bem.” Jessica riu.
“Parece que temos companhia.” Myriam riu-se baixinho.
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The Girl behind the Mask ✗
Novela JuvenilEscolhas. Talvez a coisa mais dura que fazemos na nossa vida. Eu fui uma escolha dos meus pais, e isso demonstra quanta responsabilidade cai sobre os ombros de quem escolhe. Estaria aqui a tentar explicar o porquê das escolhas serem tão duras, mas s...