Capítulo 38 ~ Amigos coloridos

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[N.A.: Querida e linda gente, dia de publicação será agora sempre à 3ª feira. Se me der na cabeça, publico mais. OBRIGADA POR LEREM.]

"Julianne!" chamou. "És tu?" respirou fundo."Eu sei que és tu. Conheço o teu perfume." admitiu e eu não respondi. "Obrigado por teres cuidado de tudo aqui. Sei que não era a tua obrigação. Liguei à Gemma que me revelou que tu tens tratado bem disto. Ela falou-me de teres trazido o Pepsi para cá. Não sabes o quanto eu amo aquele peixe." Riu-se baixinho e depois pausou num leve silêncio. "Aquela rapariga chama-se Iva e sim, é uma das minhas amiguinhas, aliás, era." a sua voz saía dorida. "Eu disse-lhe para não voltar mais. Se não te sentes à vontade com ela, aliás connosco, eu prefiro não a trazer para aqui." um nó se formou na minha barriga. Decidi continuar a beber o meu demorado copo de água. Para ir para o quarto terei de passar por ele e isso não quero. "Apesar de tudo quero que te sintas bem." suspirou. Nada respondi. Coloquei o copo na banca e assim que me virei bati contra o seu corpo. As suas mãos estavam pausadas na banca atrás de mim e eu estava entre os seus braços. "Desculpa." suspirou. Tentei escapar-me do seu aperto mas ele encostou-me ao balcão. "Fala comigo." continuei a tentar sair dali. "Para de me evitar."

"Deixa-me ir." resmunguei.

"Isso grita."

"És tão estúpido às vezes"

"Sempre é melhor gritares comigo do que me evitares."

"Porquê?" olhei-o séria.

"Odeio quando me ignoram." suspirou.

"Porque és mimado?" tentei soltar-me

"Porque não consigo, não aguento." ele afasta-se virando-me as costas.

"Harry."

"Não quero falar sobre isso." O seu peito subia e descia aceleradamente.

"Eu estou aqui se quiseres falar." sentei-me ao seu lado no sofá.  Ele nada disse. "Às vezes és tão instável. Umas vezes és duro, outras doce, umas estúpido, outras frágil." O seu olhar estava focado na lareira.

"Sabes quando tentas tudo e nada é suficiente?" soou quebrado.

"Entendo-te."

"A sério?" via uma lágrima correr pelo seu rosto que logo foi limpa com as costas da sua mão.

"Eu passo pelo mesmo sabias?" De novo o meu olhar encontrou o seu. " se te faz sentir bem eu conto o meu lado. Sabes, não estou a estudar enfermagem porque sonho com isso. Na verdade nem sequer me sinto confortável lá. Não que não seja bem tratada, porque sou, mas sinto que aquele não é o meu lugar. Não fui feita para curar o corpo das pessoas, quero curar a alma, com a minha música." desabafei.

"Então porque não deixas?"

"Porque para os meus pais um curso superior vale tudo. Para eles, se tiveres um curso superior já tens o futuro garantido e o respeito ganho, mas não é verdade."

"Entendo-te." sussurrou.

"Então e tu?"

"O senhor Des fez-me crescer à força, em sofrimento." ele pausou a sua cabeça no meu colo enquanto eu lhe fazia festas.

"Continua." incentivei

"Ele simplesmente nunca me acha o suficiente. Entrei no boxe. Tal como tu, não sinto que seja o que meu lugar, mas para o Des era o melhor para mim. Eu gosto de fazer outras coisas, mas eu faço, sempre fiz o que ele achava melhor. As minhas amigas, todas as minha noites de bebedeira e vadiagem, são uma desculpa para ter atenção. Olha para mim? Achas que tive direito a um amor de verdade? Elas querem o meu corpo, não a minha alma. É só isso que tenho, só por isso valorizo tanto o meu exterior." Soltou um suspiro pesado.

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora