Capítulo 8 ~ Harry P.O.V.

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Se há algo em que nunca acreditei foi o destino e a honestidade humana. Desde que me tornei bóxer, poucas são as pessoas que agem verdadeiramente comigo. Umas querem fama, outros dinheiro. Esquecido ficou o verdadeiro Harry. O Harry que jogava futebol aos domingos e que ajudava os pais durante a semana. Não era pobre, mas o que fazia era o suficiente. Os meus pais têm muitos negócios desde sempre e, como eu nunca fui o filho atinadinho e perfeito que eles esperavam, tenho de me sustentar. Agora sou conhecido por lutar. E algo radical que sempre serviu para descarregar energias. Aprendi a defender-me a sério. No entanto, o boxe é algo pouco aceite entre as pessoas. É visto como apenas violência e força. A verdade? É completamente diferente. Tem de haver prática, treino.

"Acorda Harry!" O meu treinador resmunga. "Não fizeste nada hoje."

"Desculpa mestre" retiro as luvas para beber água.

"O quê que se passa contigo?" TANTA COISA!

"Nada." Respondi.

"É alguma miúda. "

"O quê? "

"As pessoas ficam aéreas quando se perdem nos olhos de alguém. "

"Devia ter seguido poesia" gozei.

"É melhor terminarmos aqui!" Decide. "Até amanhã Styles." Saiu.

O quê que tenho? Provavelmente estou a entender o destino. Cá está o outro fator de que há pouco falava. Destino é para quem tem sorte. Olhem para mim. Sou o famoso Harry Styles que virou bóxer com muito esforço. O destino, a sorte, não interferiram na história.

Já me dói a cabeça de tanto pensar. Preciso de ver a cidade, as luzes. Já devem saber o quão amo as luzes certo?

Ao fim do banho estar tomado, vesti um dos meus fatos se novo e fui procurar algo importante. Tenho de procurar uma livraria onde hajam livros sobre o destino,  as coincidências.

Caminhei rua acima até à livraria mais antiga cá da baixa. O único sítio onde existiriam estes livros de certeza era lá.

Os meus pensamentos são interrompidos quando o meu corpo embate noutro com força. “Vê por onde andas!” grito quase inconscientemente.

Virei a cara e encontrei aqueles olhos castanhos pelos quais me deixei derreter. A sua pele fina parece quebrável. A primeira vez que me esbarrei nela não pensei ser tão marcante. Aquele vestido lindíssimo, naquela silhueta perfeita, com aquele cabelo lindíssimo, mostraram-me o quão perfeita uma rapariga pode ser. Mas o que define alguém perfeito não é só isso. Aliás, é principalmente o caráter a personalidade. Isso a Julianne tem que sobre. Não se dá com qualquer pessoa e é preciso conquistar a sua confiança para conseguir uma palavra mais calma dela. Sabem o seu perfume? É o melhor que já senti por perto. Conseguiria que servisse de calmante para dormir. Aposto mesmo que dava resultado.

Assim que ia começar a falar fui interrompido bruscamente por um virar de costas dela. Eu precisava de entender a sua pressa, mas principalmente precisava de a entender. Quero poder ver se posso ou não confiar nela. Aposto que estou certo. Ela não é o que aparenta, ela usa uma máscara. Será para esconder o que sente? Ou será para esconder quem ela realmente é?

Sem que ela desse por isso, seguia-a de longe. Assim que a vi entrar na loja de música a ideia que tinha dela mudou completamente. Pensei que fosse alguém da moda ou de desporto. Vocês sabem, ela é bem estruturada e apressada, deve levar uma vida stressante. Logo, só podia ser uma destas coisas. Mas música? Nunca pensei. É por isto que a queria conhecer. Ela é tão surpreendente, tão escondida por trás da sua máscara que até a poderia chamar rapariga por detrás da máscara. The Girl Behind The Mask.

Acho que somos um pouco parecidos nisso. Eu escondo o meu verdadeiro eu por detrás de uma espécie de disfarce e ela apenas não mostra o seu verdadeiro eu. Tenho medo de mostrar o meu eu e as pessoas recusarem-se de o aceitar. Criaram uma imagem em meu redor que mal consigo quebrar. Esperam coisas de mim que nem eu sei se sou capaz de cumprir. Mas este não sou eu. Pelos menos não totalmente.

O som do piano despertou os meus sentidos e caminhei para dentro da loja. Lá estava ela. Linda e leve a tocar piano como nunca o vi fazerem. Os seus dedos deslizavam pelas teclas do teclado e simplesmente produziam uma melodia maravilhosa de se ouvir, como é a sua voz. A voz mais bonita que podemos ouvir, é a voz da nossa alma. A minha, agora, prendeu-se a ela e ao que ela é. Despertou-me curiosidade e interesse. Se fosse uma rapariga qualquer, provavelmente teria rejeitado um desconhecido, mas não, ela continuou a falar-me. Ela é uma ótima motivação. É como se a vontade de a ver preenchesse o meu dia de alegria. Toda a gente já se sentiu assim. Não digo que esteja apaixonado, é cedo de mais para isso, mas sei que ela veio para mudar a minha vida e não vou impedi-la de continuar nela.

Quando ela correu para fora da loja, eu sabia que tinha de ir atrás dela. Tinha de lhe explicar que acredito nas coincidências. O destino não iria cruzar os nossos caminhos várias vezes de várias formas, à toa. Ele sabe o que faz e as coincidências são obvias.

“Porque me estás a seguir?” perguntou assim que se virou para mim. Olhei-a sério. Precisava que ela sentisse o que vai dentro da minha cabeça.

“Queria apenas dizer-te que és a minha mais doce coincidência.” Sorrio para ela lembrando-me do nosso último encontro.

“Deves estar a brincar.” Peguei no seu braço calmamente.

“O problema é que não estou.” Murmurei para ela. Pude ver a sua cara de desprezo de todas as outras vezes aparecer antes de falar.

“A sorte é que eu não quero saber.” Virou as costas deixando-me nesta ilusão. Quem é ela? O quê que ela faz? Do quê que ela gosta? Como ela deixa o cabelo antes de dormir? Dorme de meias ou não? Todas estas perguntas, apesar de estranhas, são as minhas dúvidas. Eu quero saber isso dela. Eu vou descobrir isso dela.

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora