Novo dia, novas tentativas. Passei o resto da manhã à procura de jornais. Precisava de encontrar um apartamento o mais rápido possível. Acho que estou prestes a encontrar o certo. É só um pressentimento mas penso que conseguirei.
A Universidade foi uma seca como sempre e ainda passei na loja de música mas, infelizmente, esta encontrava-se fechada. Pensei em passar lá a seguir ao almoço mas pouco tempo me resta visto que já são 15 horas. Inicialmente, pensei em comer na escola, no entanto, com a fome que tenho, isto é, não tenho, decidi comer uma sandes por aí.
Por mais estranho que pareça encontrei o Range Rover do Harry à porta. Não, não é confusão minha, reconhecê-lo-ia de longe.
Entrei no café e andei calmamente até ao balcão onde pedi uma sandes de panado e o típico compal de pêra. Não me julguem, são bons demais.
"Hey!" Cumprimei sentando-me numa cadeira da mesa onde Harry bebia o seu café. Ele deu um pulo com o susto que nem eu imaginaria tal.
"Bolas Julianne. " respirou fundo. "Boa tarde."
"Então, bem disposto hoje?"
"Estou sempre."sorriu de lado e depois olhou-me nos olhos. "E tu, melhor? "
"Já estou bem." Sorri forçadamente.
"Claro que sim."
"Quando vem a próxima luta?"
"Só domingo."
"Ah... ainda bem que a Leah me pode cobrir. "
"Vais faltar?" Olhou-me desiludido.
"É." Encolhi os ombros. "Se for importante irei eu."
"Tu já nos acompanhas há algum tempo. "Olhou o café.
"Na verdade parece uma eternidade. Trabalhei apenas um dia completo e conheci grandes amigos."
"Tu e o Ben...?" Fez um gesto estranho roçando os indicadores.
"Não, credo."
"Não o achas bonito?" Riu-se.
"Acho. Ele parece um príncipe. Teria era pena dele."
"Não me pareces má miúda. "
"Nem tudo o que parece, é." Sorriu. "Bom, tenho de ir."
"Até logo." Disse e eu simplesmente desapareci do local. Tenho pouco tempo para ir à loja antes de ir ao ginásio. Hoje é o meu ultimo dia e não quero faltar.
"Olá. " a minha saudação fez-se acompanhar do barulho do sininho pa porta.
"Sabia que eras tu. " o meu amigo abraçou-me. "Esperava que viesses."
"Precisa de algo?"coloquei as suas mãos entre as minhas assim que nis sentamos no sofá.
"Da última vez que vieste falaste-me do teu problema financeiro. Talvez eu tenha a solução. " sorte, és tu? Ó meu Deus, bem eu digo que o céu não pode estar sempre nublado.
"Diga-me."
"Cada vez que cá vens trazes-me clientela. Todos querem conhecer a rapariga do piano. Nunca há movimento aqui. A rua é parada, quade deserta. No entanto, as pessoas ouvem-te e vem sempre perguntar por ti. Vendi dois pianos e 5 flautas naquele dia. Há muito de 20 anos que não lucrava tanto."
Meu Deus! Basicamente as pessoas adoram ouvir-me e procuram por mim. Quando é que imaginaria que um hobbie poderia ser tão reconhecedor?
"O quê que isso vai mudar nas minhas finanças? " perguntei confusa.
"Deixa-me terminar."pediu e eu assenti. "Preciso que trabalhes aqui. Sei que não te poderei pagar um grande ordenado, mas estarás a fazer o que gostas."
"A sério? " deixei escapar e ele riu-se baixinho.
"Sim. O teu horário é à tarde. Costuma haver mais movimento a partir das 15. A loja fecha às 19. Só tens de estar cá pelo menos 3 horas por dia de modo a que consigas conciliar com os estudos."
"Ó meu Deus, muito obrigado!" Abracei-o com força fazendo-o rir.
"Dás vida a isto." Ele suspirou.
"E isto deu-me vida." Referi-me à música. Ele apenas sorriu. Conseguiu sorrir-me por vários minutos sem trocarmos uma só palavra. Não era constrangedor e fazia-me sentir bem.
Fiquei a limpar algumas coisas enquanto fazia tempo para ir ao ginásio. Eu estava a ambientar-me bem naquilo.
"Agora conta-me." O velho sentou-se do meu lado enquanto dava lustre à tampa do piano. "Como estão as coisas?"
"Que coisas?"
"O rapaz da mota." Congelei. Não sabia o que dizer. Apetecia-me chorar mas não conseguia. Tento afasta-lo da minha mente. Doi quando me lembro de nós.
"Zangamo-nos." Tentei explicar.
"Isso parecia tão bonito. Vi o brilho nos teus olhos. Não entendo o que vos possa ter separado."
"Ele não gosta verdadeiramente de mim."
"O que te leva a pensar assim?"
"Ele disse basicamente que não sou suficiente."
"Ele é um idiota."ouço uma voz forte atras de mim. "Desculpa mas acabei por ouvir a vossa conversa. Julianne, ele não faz a mínima ideia do que perdeu."
"Concordo com o rapaz." O senhor ao meu lado comentou. "Ele não merece."
"Eu sei." Suspirei. "Estou a tentar seguir em frente."
"Que tal uma boleia para o ginásio?" Zayn tentou aliviar a tensão.
"Seria ótimo. " sorri-lhe.
(...)
"Adoro esta música." Aumento o volume do rádio do carro.
"Eu também." Concordou.
"Como sabias onde me encontrar?"
"O Harry disse-me."
"O Harry?"
"Qual o espanto? Ele disse que gostavas de tocar piano lá." Olhou-me por instantes.
"E porquê que decidiste procurar-me?"
"Vá lá, Julianne. Ambos sabemos que tu não estás bem."
"Por acaso até estou. Percebi que dependo apenas de mim mesma." Sorri.
"Fico mais descansado assim." O seu ar era sério.
(...)
Último dia de trabalho completo. Cada vez que penso apetece-me gritar de alegria. Não que o trabalho aqui seja mau mas, vocês sabem, a música é muito mais importante para mim.
"Obrigado por tudo." Abraço Ben.
"Obrigado eu."sussurrou. "Este é para ti. Lê quando tiveres tempo e estiveres sem força ou ânimo"
"Fá-lo-ei." Depositei um beijo no seu rosto.
"Bom, até amanhã." Despedi-me e os meus amigos assentiram.
Hora de novos horizontes. Hora de conseguir ser forte.
Saí do ginásio e andei até à entrada para a estrada principal. Isto parece um estúpido caminho de terra. Correção, estúpido caminho de terra e pedrinhas.
Assim que os meus pés atingiram o passeio, o meu corpo estremeceu. Uma mota vermelha e preta mesmo à minha frente. Não era qualquer uma, era a dele. Ele estaria a metros de mim. O meu coração disparou como se se tratasse de um filme de terror. Eu tremia por todo o lado e só queria poder não me cruzar com ele.
(...)
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The Girl behind the Mask ✗
Teen FictionEscolhas. Talvez a coisa mais dura que fazemos na nossa vida. Eu fui uma escolha dos meus pais, e isso demonstra quanta responsabilidade cai sobre os ombros de quem escolhe. Estaria aqui a tentar explicar o porquê das escolhas serem tão duras, mas s...