Capítulo 2 ~ Querida universidade

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O bater da porta da entrada faz-me acordar maio sobresaltada. Estico a minha mão até a pequena mesinha do lado da miha cama e procuro pelo objeto eletrónico a que todos chamam de telemóvel. 7:30. Ótimo, hora de acordar. Tenho apenas uma hora para sair de casa. Peguei em tudo o que era necessário e caminhei lentamente até à casa de banho.

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“Essa camisa fica-te muito bem.” A minha avó diz assim que se senta ao meu lado na mesa.

“Obrigado avó.” A camisa tinha sido prenda de natal dos meus pais no ano passado. É simples mas com muito valor. É azul e preta ao chadrez o que lhe dá um toque tão meu. Eu sou muito à base do cor de rosa, mas camisas deste género são o que mais uso sempre.

“Então e como dormiste hoje?” tentou meter conversa mas não tirei o olhar do meu pequeno almoço.

“Dormi bem, obrigado.” Respondi.

“Sabes, Jul, eu sei que te custa estas coisas novas, mas é o teu futuro lembras-te?” ela tenta acalmar-me e eu olho-a carinhosamente.

“Eu sei avó.” Respondo e levanto-me. “Tenho de ir. Convem estar lá um pouco mais cedo, certo?” ela simplesmente sorriu. Peguei no meu telemóvel e coloquei os fones no ouvido. Lancei então um último sorriso à senhora e ela pediu que eu tivesse cuidado no meu trajeto.

A próxima música da minha playlist é a “Fireproof” dos One Direction. Cá está uma faceta que não esperavam de mim, não é? Pois bem, esta sou eu, uma Directioner que ama tudas as músicas. Fireproof, apesar de ainda não lançada, é já um exito deles. Admiro bastante o que eles fazem, tudo o que construiram em apenas 4 anos. Vá, lá está outra história que deixarei para mais tarde.

O caminho era até curto para tanto pensamento e incertezas que possuia neste momento. Em apenas minútos cheguei ao pavilhão rodeado por montes de gente. Ahh, esqueci-me de referir, este é o único curso desta escola superior de saúde. Agora a pergunta que não quer calar é: Uma rapariga amante de música a tirar algo na saúde? Pois é! Esta sou eu e o meu lado humanitário. Faz parte de uma história minha do passado, aliás, uma história ruim do passado. Envolve enfermeiras que distratam os doentes de uma forma deshumana. Exatamente. Daqui a 4 anos, se não reprovar em algumas cadeiras, serei uma enfermeira. Prometo ser sempre o mais eficiente possível.

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Uma senhora de meia idade, encaminhou-nos para uma sala de modo a explicar como tudo ira correr estes dias. Informou sobre horários e todas aquelas coisas que sempre nos induzem em erro ou dúvida. Se no secundário este tipo de reuniões eram seca, digo-vos que pioraram 10 vezes mais. Nada se faz e tudo se ouve. Seria um bom lema não? No.

Lá começou a visita guiada à escola. Vá lá, isto não é assim tão grande para me perder. Tem uns 4 pavilhões e um deles é a administração e secretaria. Até agora, a coordenadora parece-me boa pessoa. Pelo menos não berra e isso não é mau.

“Deixaste cair isto” soou uma voz do meu lado. Era uma rapariga da minha turma.

“Obrigado” agradeço pegando na folha e ela sorri. O resto da visita ela caminhou do meu lado. Não proferiu uma só palavra, o que me agradava. Não é que eu seja um bicho do mato, mas não me apetece falar com alguém hoje. Estou a tentar concentrar-me nisto para não perder detalhes do que a guia nos diz. Não gosto nem um pouco disto. Não é que seja mau, porque não o é, o problema mesmo está em mim. Andei 3 semanas no vai e não vai, indecisa se havia de entrar ou não para o curso.Não é que dependa só de mim. Vá, vocês sabem. Propinas, ajudas no alojamento e todas aquelas coisas que temos de comprar. Será que os gastos nunca mais acabam? Aí é que está. Acabam apenas no final do ano. Quem é que quer abusar da carteira do pai e fazer gastos abusivos? Gasto mais numa semana aqui do que 2 meses em casa. Hello, não sou rica sim? Who cares?! No one!

“Sou a Leah...” a rapariga ao meu lado diz assim que a guia manda desperssar. Parei por segundos pensando se ia responder ou não a uma estranha. Eu até sou bem sociável, mas isto de escola nova deixa-me com o pé atrás.

“Jullianne” respondi e ela apertou-me a mão que eu havia estendido. Ambas gargalhámos com o gesto.

“És daqui?” tenta saber.

“Não.” Respondi simplesmente.

“E vieste estudar na cidade?”

“Qual o mal?” questionei.

“Nenhum...”pausou “Só não é normal.”

“Até amanhã.” Despesso-me e ando pela rua.

“Espera, Jullianne” ela corre até parar na minha frente.

“Diz.” Pergunto meio fria.

“Amanhã vens à escola?” via-se insegurança na sua expressão facial.

“Sim.” Disse e ela sorriu desviando-se da minha frente.

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Como é natural, os meus pais simplesmente não me deixaram trazer o meu portátil, logo liguei ao meu tio para lhe pedir o dele emprestado. Meio reticente ele acabou por aceitar. Bom, ele é o irmão mais novo da minha mãe e foi o último a sair de casa. Sejamos sinceros, ele não saiu ainda. Continua a ter um quarto com quase todas as coisas dele aqui em casa e vive com a namorada e as filhas da mesma. Na minha familia as histórias são sempre assim complicadas. Resumindo, poucos foram os filhos que arranjaram uma relação estável.

Com uma família tão instável, como queriam que eu fosse normal? Não esperem nunca normalidade de mim porque acho que isso não há por cá.

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora