Capítulo 56 ~ Quase um casal normal

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"Anda." ele puxa-me pela mão. Andamos rua fora com o copo do café na mão. Ele trouxe mocaccino para mim. Vocês sabem, aquele capuccino com chocolate e natas que quase toda a gente adora. Ele nada disse apenas me guiava.

"Que lindo casal!" uma senhora na rua diz à outra. Olhei para elas e percebi que era de nós que elas falavam. Agora que reparo, parecemos um casal mesmo. Estamos de mãos dadas a beber o café matinal pela rua num dia de chuva. Harry sorriu com o comentário da senhora, mas nada disse. Pelo contrário, apenas apertou mais a minha mão.

Sinto o seu corpo parar em frente a um edifício cinzento cheio de vidros. Centro comercial.

"Compras, Harry?" Reclamei logo.

"Não é isso. Vê se te calas." Ele meio que ordena. Que raio é que ele está a tramar?

Seguimos juntos pela entrada até ao elevador mais próximo. As pessoas no centro olhavam-nos meio estranhamente. Não sei se é pela minha palidez e falta de maquilhagem ou pelo ar meio vagabundo com Harry.

Ao chegarmos ao piso que o rapaz tinha escolhido, uma multidão de fãs atropelou-nos de tal maneira que, não sei bem como, conseguiram envolvê-lo e afastar-nos.

Todas faziam perguntas sobre a carreira dele, próximas lutas, etc. Também havia aquelas que sempre tentavam tirar selfies com ele ou pedir autógrafos. De alguma forma, eu sentia-me a mais. Sentia que aquele não era o Harry a quem me tinha habituado. Era como se me tivesse esquecido que ele é um dos "boxers" mais famosos do país.

"Hey." Uma miúda encosta-se ao meu lado na parede.

"Hey." respondo a fã.

"Tu chamas-te Julianne, certo?"

"Como sabes?"

"Eu lembro-me de ti daquele combate em que o Harry teve de ser assistido. Desde esse dia que a imprensa começava achar que eram namorados ou assim."

"Estavas no pavilhão naquele dia?"

"Sim. Assisti a tudo." Pausou para olhar para Harry e eu fiz o mesmo. "Acho que tenho de te agradecer por o teres ajudado naquele dia."

"Fiz o meu dever, como qualquer outro."

"Vieste com ele hoje? Namoram?"

"Somos apenas amigos. Na verdade, não éramos muito amigos mas lá nos habituamos e acabamos por aceitar as diferenças."

"Deve ser bom ser amiga dele." Ela suspira.

"Sim! Ele é bem mais do que um simples boxer." Sorri ao pensar nos desenhos e pinturas dele.

"Acredito."

"Não devias estar ali?" Questionei a adolescente.

"Sim, mas não sou só fã dele, sou tua também."

"Minha?" arregalei os olhos.

"Sim, quero ser enfermeira. Inspiraste-me." explica.

"Que idade tens?"

"16."

"Então estás na idade certa para decidir o que seguir. Eu decidi muito mais tarde, acabando por me apaixonar pelo curso."

"Deve ser óptimo poder curar pessoas que não têm nem quem lhes dê carinho."

"Aposto que darás uma excelente enfermeira." Sorrimos as duas.

"Posso pedir-te uma coisa?"

"Claro."

"Não quero que penses que me aproximei de ti só porque queria algo ou assim..." interrompi o seu discurso.

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora