Capítulo 7 ~ Doce coincidência

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ANTERIORMENTE:

Assim que acabei, voltei ao mundo real recebida com palmas. Assim que olhei em volta é que percebi que elas não provinham só do meu novo amigo. Havia mais alguém que ouviu-me fazer o que eu gosto e que, pelos vistos, apreciou.

“Tu, aqui?” perguntei.

“Qual o espanto?” ele perguntou tirando os óculos de sol da cara.

“Como é que sabias que eu estava aqui?”

“Não és um pouco convencida em achar que eu te segui?”

“Talvez, mas as coincidências são demasiadas.”

“Eu acredito em coincidências.” Uma senhora entrou dentro da loja junto do seu marido. Têm ar de quererem comprar algo.

“Ouvi o som maravilhoso de um piano.” A Senhora diz. “É exatamente o que procuro.” Ela soa e o meu amigo levanta-se da sua cadeira.

“Bom, eu vou andando.” Eu digo-lhe e ele assente dando-me a entender que vai atender os clientes. Pus a minha pequena mochila às costas e saí pela loja fora. Andei vários metros até parar e o corpo dele chocar contra o meu. Eu já sabia. “Porque me estás a seguir?” perguntei assim que me virei. Os seus olhos esmeralda encontraram os meus castanhos e quase estremeci completamente.

“Queria apenas dizer-te que és a minha mais doce coincidência.” Ele diz com um sorriso sedutor. Estás a gozar comigo?

“Deves estar a brincar.” Revirei os olhos e ele pegou no meu braço.

“O problema é que não estou.” Ele soou e eu fiquei surpresa com o seu gesto.

“A sorte é que eu não quero saber.” Respondi simplesmente e virei as costas. Várias raparigas passaram a correr por mim gritando o nome dele. Harry Styles. Nome de modelo ou até de cantor. No entanto, este é lutador de boxe.

Deixa-me frustrada o facto de ele se achar o melhor do mundo só por ser rico e famoso. Pensa que pode simplesmente chegar perto de uma rapariga e seduzi-la. – Vá Julianne, aposto que não te importavas de ser seduzida por aquele pão! – Querido subconsciente peço que te mantas calado no teu canto. – Basta dizer uma verdade que ela fica toda ofendida. – Só serves mesmo para azucrinar a paciência dos outros.

Caminhei até casa decidida a descansar um pouco. Ainda tinha de parar no mercado para comprar umas coisas para fazer um bolinho e também passar na papelaria para pedir para fotocopiar uns livros. Vocês sabem, coisas de estudante.

Hoje nem está muito frio. A brisa é leve e as luzes intensas. É, de facto, um contraste interessante. Tal como o frio e o quente. A brisa é o azul e as luzes o vermelho.

“És a minha mais doce coincidência.” A sua voz grave e tão familiar soava na minha cabeça.

“De novo sozinha?” ouvi um voz e olhei em frente. O rapaz da mota estava parado no sítio do costume com as suas calças pretas e casaco de cabedal.

“Estou sempre, deves ter reparado.”

“Reparei pois.” Riu-se baixinho e sentou-se na borda do passeio.

“Agora paras aqui todos os dias?” perguntei

“Paro quando me apetece descansar. É uma linda vista.”

“A cidade é igual daqui ou de outros 2 km.”

“Não me referia à cidade.” Percebi apesar do seu murmuro. Poderia bem responder, mas, farta de ser rude hoje, prefiro continuar calada.

Instalou-se um silêncio assim que me sentei no passeio do seu lado. Ele olhava a cidade tranquilamente e juro que adorava poder reparar melhor nos seus olhos. Sempre que tento, estão meio que cobertos por aquele plástico do capacete. Qual será a cor dos seus olhos? Queria poder ver o seu rosto e ver quem ele é. Poder passar por ele e reconhecê-lo. Entendem?

“ Adoro a noite.”Comento quebrando o silêncio.

“Concordo contigo.” Ele bufa.

“O que gostas mais?”

“As luzes.” Ele diz. “E tu?”

“Eu também.”

“Parece que são mágicas.”comenta. “É como se fossemos crianças e fossemos a uma feira popular ou algo do género. Eu pensava que as luzes da cidade eram estrelas quando era pequeno.” Não pude deixar de sorrir com a sua confissão. “Achas piada?” ele repara.

“Acho fofo.” Confesso e ele vira a cara. É como se ele tivesse esquecido que tem a cara tapada e que não posso ver a sua timidez ou não. Será que ele também cora quando confessa algo fofo?

Ficámos mais de meia hora ali, simplesmente sendados a reparar na noite. De vez em quando, olhava-o atenta e percebia que ele estava a sorrir. Outras vezes, sentia-me observada por ele. No entanto, nenhum de nós proferiu uma só palavra.

“Vou indo.” Despedi-me e levantei-me.

“Eu também.” Ele diz e levanta-se.

“Até amanhã?”

“Até amanhã.” Ele diz suavemente e sobe para cima da mota. Dei um último sorriso e acenei como adeus. Ele assentiu e acenou junto. Em poucos segundos, a mota moveu-se para longe e eu fiquei naquela ilusão.

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora