Decidi deitar-me de vez. O seu aroma estava na almofada. Era tão reconfortante senti-lo de novo. Na noite passada, eu consegui reparar no seu cabelo lindo espalhado pela minha almofada. É de facto uma rapariga que marca o espaço em que está. Neste caso, ela ocupa a cama toda. Não que me queixe, mas acho outro facto engraçado nela. Afinal, quantas pessoas dormem atravessadas na cama?
É verdade, ela transmite-me uma imensa paz. O seu cheiro a mel na almofada faz-me sentir em paz. Como na noite passada, ela deu-me a mão e dormiu comigo. Noutra circunstância, ela nunca dormiria com o maior come todas da cidade. Desde a primeira vez que ela me amparou percebi que não quero dormir com mais ninguém. Não quero o cheiro da luxúria no meu corpo. Eu prefiro mil vezes o cheiro do mel dos seus cabelos. Uma vez falei com o Zayn sobre isto de dormir com muita gente. Ele disse-me que prefere esperar para dormir com uma que ele ame de verdade. Só agora percebi o significados da suas palavras. É com a Julianne que dormiria todas as noites. Prefiro uma hora a dormir agarrado à Julianne a uma noite inteira de envolvimento com outra miúda qualquer. Ela é a minha preferida.
(...)
Acordei com o sopro do vento na portada da janela. Nessa altura, já a claridade invadia o quarto. Olhei o relógio da mesinha do meu lado. 10:20. Talvez fosse hora de me levantar da cama.
Caminhei até à portada. Só agora percebi que estava partida. Como é que não reparei que estava estragado? Na verdade, estes dias a Julianne disse as palavras "portada da janela do meu quarto" quando estávamos a jantar. Eu estava tão lixado a preocupar-me com coisas passadas que só, neste momento, é que reparo nas minhas palavras. Fui buscar A caixa de ferramentas do sótão e entretive-me a reparar a portada.
(...)
"Mal pude acreditar quando me chamaste aqui!" Ela senta-se numa cadeira da cozinha.
"Eu não estou habituado a isto. É a Jul que faz sempre tudo."
"Por falar nisso, ela toca tão bem. A mãe até começou a chorar." Gemma sorri.
"Ela é de facto boa nessas coisas." Peguei nas chávenas de café e coloquei-as em cima da mesa.
"Onde é que ela foi?" Ela pergunta preocupada.
"Ela foi para casa."
"E porquê que estás assim? Foi por tua culpa não foi? Ela uma vez comentou comigo que iria passar aqui o natal."
"A sério?" fiquei admirado.
"Mas vá, de quê que precisas?"
"Eu não sei como tratar de uma casa."
"Harry, eu vivo com os pais. A mãe é que faz tudo."
"Mas tu deves saber alguma coisa disto."
"Bem, imagino que a Julianne seja organizada..."
"Sim é!" confirmo.
"Então ela deverá ter alguma lista de tarefas ou coisas em falta."
"No quarto não deve estar."
"Então está aqui." Gemma levanta-se e começa mexer nas coisas. "Olha!" ela retira um pequeno caderno de trás do jarro das flores. Era rosa de argolas e tinha uma caneta pendurada. "Vejamos." ela abriu o caderno na última página. "Vês?" Realmente ela tinha varias listas. "O separador rosa é a lista de despesas, o vermelho a de reparações necessárias, o azul a de compras." Passou-mo. "Tens muito que fazer, maninho."
"Então é melhor começar." Levantei-me.
"É bonito ver como vocês funcionam como um casal." Ela goza.
"Não gozes."
"A mãe tem uma empregada lá em casa. Se quiseres eu peço-lhe para vir fazer limpezas aqui."
"Não, obrigado. Se eu fizer as coisas, fico mais tempo entretido e não tenho tendência de sair à noite."
"A Julianne fez-te mesmo bem." Repara.
"Vou mas é trabalhar. Tenho de ir pagar contas e fazer compras."
"Quando contar isto à mãe ela vai achar que estou a fazer uma piada."
"Já és uma piada." Troço.
(...)
"O que queres?" Leah tenta saber. Sim, cruzei-me com ela à entrada do supermercado e pedi que ela me ouvisse.
"Quem é o Joe?"
"Joe?" Leah olha-me confusa.
"Sim, tem algo a ver com a Julianne."
"Agora desconfias dela? Por falar nisso, porquê que ela não está aqui?"
"Ela está em Crewe. E não, não desconfio dela. Ela tem uma prenda para ele, ficou esquecida lá em casa, suponho."
"Agora que falas nisso, o afilhado dela chama-se Joe."
"Então deve ser para ele. Tenho de lho enviar pelo correio. Obrigado." Virei as costas.
"Tu estás estranho." Ela murmura mas eu nem ligo. Tenho de passar pelos correios e enviar a caixa à rapariga. Confesso que já sinto falta da sua voz chateada quando sujo a entrada com terra ou quando ela me pede para regar as suas plantas e eu me esqueço. Acreditem ela tem o raio de uma flor que o pai lhe ofereceu que é tratada como rainha. Tem de ficar sempre nos locais com muito sol e ser constantemente regada.
(...)
"Styles, de volta?" Zayn estende-me a mão. Eu deixo o saco para andar até ele e abraça-lo. "Há uma semana disseste que os abraços eram para gays."
"Já não acho."
"Bem que a Leah disse que estavas estranho."
"Essa também exagera sempre."
"Ela sempre foi embora? Aconteceu alguma coisa?"
"Ela disse que não confiava mais em mim. O atrasado do lambe-botas novo do meu pai, decidiu contar-lhe da Marry." Contei-lhe sentando-me do seu lado.
"Ela tem medo que estejas a esconder coisas importantes, presumo."
"Deve ser isso." suspiro. "E ela não gostou da maneira como tu e a tua namorada saíram do baile."
"Disso peço desculpa. Eu tinha medo que algo nos escapasse e que o teu segredo viesse à tona." Pausou."És um idiota por agora, depois de tudo, a meteres debaixo do tu tecto."
"Gosto dela." Confesso e ele olha-me chocado.
"Sentes-te bem? Harry é a Julianne. Ela não era igual a todas as outras, como disseste há poucos meses?"
"Eu estava enganado. Ela é mais que elas. Ela é como o oceano, quando as outras são só uma gota dele. Desde que ela foi embora que sinto que ela é a minha segunda oportunidade. Percebi que ela é mais completa do que eu imaginava."
"Estás estranho."
"Já dissete isso." sorri.
"Ainda quero ver como é que isso vai terminar." ele resmunga mas lá me deixa retomar a minha vida.
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The Girl behind the Mask ✗
Teen FictionEscolhas. Talvez a coisa mais dura que fazemos na nossa vida. Eu fui uma escolha dos meus pais, e isso demonstra quanta responsabilidade cai sobre os ombros de quem escolhe. Estaria aqui a tentar explicar o porquê das escolhas serem tão duras, mas s...