Capítulo 55 ~ Fonte de paz

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{ N.A.: Oláá! O que estão a achar da fic? Espero opiniões e ideias nos comentários. Beijinhos * }


Acordei com um cheiro intenso a grafite. Podia cheirar a flores ou mesmo a humidade (o que não seria de estranhar nesta casa em dias de frio), mas cheira a grafite. Abri levemente os meus olhos e logo os fechei passando a mão sobre a cara.

"Como é que tu entraste aqui?" perguntei mais roucamente que o normal.

"Tenho as chaves suplentes cá de casa. Deves achar que sou algum fantasma para atravessar as paredes."

"Claro que pensei logo nisso, seu idiota." atirei-lhe a minha almofada.

"Calma! Não consigo desenhar nestas condições." sentei-me de leve na cama tentando perceber o que ele estava a desenhar.

"Que estás a fazer?" tento saber.

"Para quê queres saber?" ele sorria intensamente. Assemelha-se mesmo a uma criança que acabara de experimentar um brinquedo novo.

"Estás na minha cama! Acho que mereço saber." Estiquei o braço em busca dos meus óculos. Assim que os coloquei na cara percebi que a rapariga da imagem me fazia lembrar alguém.

"Esta és tu, quando dormes." Ele murmura dando uns últimos retoques. Na imagem aparecia um rosto com traços suaves deitado sobre uma almofada que mais parecia de penas. A forma como uma mecha de cabelo descaia sobre a sua face dava-lhe um ar despreocupado.

"Não sou nada. Ela é tão mais bonita que eu." Esfrego de novo os olhos.

"Desculpa desiludir-te mas é assim que te vejo." Ele pausa o lápis atrás da orelha. "E acredita, tu és linda." O seu olhar cruza-se com o meu a meio da frase deixando-me perceber um certo brilho nos seus olhos. Devo ter ficado toda vermelha e por falta de saber como reagir, desviei o olhar e levantei-me bruscamente.

"Tens muita gente para desenhar." Resolvi dizer, já do outro lado do quarto.

"Tu inspiras-me!" Ele suspira levantando-se.

"Harry..."

"Jul, para de contrariar o que eu digo." Aproximou-se de mim. "És a miúda mais inteligente e mais bonita que já conheci." Murmura com o seu rosto a meros centímetros do meu. "Não vou conseguir explicar a falta que me fizeste estes dias." a sua mão desliza pelo seu cabelo encaracolado lentamente. "Fazemos uma equipa desde o dia em que conheci a tua família lá no hospital. Lembras-te?" assenti. "Naquele dia percebi que estava no lugar certo, que tinha utilidade, sentido." Dei um paço atrás e me dei conta que já estava encostada à parede. Proximidade com um rapaz deixa-me sempre assim, impulsiva e ao mesmo tempo nervosa. Não sei o que dizer ou como agir. Tantas miúdas de 15 anos grávidas e eu nem a vinte centímetros consigo estar de um rapaz. "Por mais que queria negar, penso em ti todos os dias desde que, por impulso, beijei os teus lábios no hospital. Tu dormias tão pacificamente que por apenas 2 segundos senti essa paz em mim também. Como se fosse transmissível. Agora que penso, é como se eu dependesse de ti por perto para estar feliz." Ele pegou numa mecha do meu cabelo entre os seus grosso dedos e passou a mesma para trás da minha orelha esquerda. A minha mão vai até à haste dos óculos, puxando-os de volta ao lugar. Nesse momento, a sua mão raspa na minha fazendo o tom vermelho, da parte mais carnuda da minha face, ficar mais intenso.

"Harry..." a minha voz sai tremida. Este meu lado bisonho começa a ser uma vergonha. [Bisonho=acanhado]

"Hum..." ele responde com o olhar pausado nos meus lábios.

"Não tornes isto mais difícil." Deixei escapar. Nesse instante, ele aterrou à terra e percebeu o que estava prestes a fazer.

"Desculpa." ele diz meio atrapalhado. "Não queria forçar nada."

"Dás-me o pequeno almoço?" Tentei fazê-lo sentir mais calmo desviando o assunto.

"Claro que sim. Mas não aqui. Vê se te vestes que hoje o pequeno almoço é a alguns quilómetros."

"E o quê que o senhor Styles me aconselha a vestir?"

"Veste apenas algo quente que está muito frio hoje."

"Sim, senhor!" Exclamei fazendo o sair entre risos. Aquele riso grave e abafado combina com o seu ar vagaroso matinal. É como se ele estivesse a funcionar a metade do ritmo. Percebi que ele sem o café, demora o dobro do tempo a reagir normalmente e a acordar de verdade.

(...)

"Ainda falta muito?" resmungo pela provavelmente décima vez desde que ele começou a conduzir.

"Tu com fome ficas insuportável." Ele meio que Ri. Parece que hoje nada lhe estraga a boa disposição.

"Para de gozar comigo!" fiz beicinho e ele solta uma gargalhada. O problema é que aquele seu "arranque" foi tão cómico que não me contive e começámos os dois a rir-nos.

"Se eu te disser que estamos a chegar tu paras de rir?" ele arfa.

"Claro." Eu digo o mais confiante possível. Adivinhem? Não consegui. E que se solte a foca engasgada que vive dentro de mim quando me rio!

"És mesmo estranha, às vezes." Ele comenta parando o carro no semáforo.

"Isso é mau?" Indaguei poucos segundos depois.

"Faz de ti alguém diferente, e isso é bom." Ele responde calmamente o que o meu pobre órgão bombeador de sangue esperava ouvir. Não sei porquê mas, é impossível de imaginar o Harry não gostando de mim. Não gostar de estar apaixonado, gostar de achar uma pessoa interessante. Eu o acho assim e não sei como seria se fosse ao contrário. Penso que todos nós não conseguimos imaginar alguém com quem nos demos bem a não gostar de nós. A sociedade faz-nos, de certa forma, fazer de tudo para ser-mos aceites nos grupos de amigos ou até familiares.

"Juilianne!" Harry chama esvoaçando a sua mão em frente ao meu rosto.

"Diz." acordo do transe, olhando em volta. O carro tinha parado e eu sem dar por isso.

"Chegámos." Ele avisa como se ainda não fosse óbvio o suficiente.

"Claro." Desapertei o cinto e vesti de novo o casaco. Ele já o fizera.

Ambos saímos do carro levando com o frio da neve na face. Ele tinha razão, hoje estava realmente muito frio. Assim que chegamos perto do café, ele pede-me que espere um pouco à entrada e assim o fiz. Não faço a mínima ideia do que vem lá, mas foi deixar que ele decida. Hoje apenas quero fazer-lhe a companhia que ele merece. James não vai levar a dele avante. Eu ainda vou descobrir como o detonar, como ele está a tentar fazer ao Harry.

The Girl behind the Mask ✗Onde histórias criam vida. Descubra agora