one: am I still not good enough?

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Amy Martin


E lá estava eu, voltando ao lugar onde tudo começou. Onde vivi 70% da minha vida. Onde fui muito feliz e vi tudo desmoronar aos poucos.

Bom talvez essa parte seja um exagero meu, ninguém morreu ou nada do tipo. Mas eu sou exagerada assim mesmo.

Estava voltando ao meu continente natal, meu país natal, Austrália. Isso era bom, senti muita falta de lá, da minha família, meus amigos e... bem, do Calum. Mas eu estava muito nervosa, acho que eu não estava tão pronta assim quanto achei que estivesse para voltar para lá.

- Vamos filha, ou vamos perder o vôo. - disse minha mãe me trazendo de volta de meus devaneios. Minha mãe mantinha aquele sorriso que dizia o quanto ela estava empolgada, seus olhos brilhavam. Era evidente que ela estava muitíssimo feliz em poder, finalmente, voltar para casa. - tá tudo bem, Amy? - perguntou levando a mão ao meu ombro. Era incrível como ela parecia saber exatamente o que eu estava pensando. As mães possuem mesmo superpoderes, não é mesmo?

- Tá tudo bem mãe, só tô um pouco distraída, sabe como eu sou, né? - tentei enganar ela até com um sorrisinho no rosto, mas ela pareceu não acreditar, visto que ergueu as sobrancelhas e me encarou como se dissesse " eu te conheço muito bem Amy, desembucha".

- Pode parar com isso, Amelia. Você não me engana mocinha. Você tá com medo de encarar seus amigos de novo ou... - pigarreou - o Ca...

Não deixei que continuasse e intervi antes tentando calá-la com minha mão:

- Mãe, já tem 2 anos... Eu superei, tá? - não era mentira, mas também não era verdade. Era algo complicado. - Eu só tô com medo de não me adaptar de novo... sei lá, minhas inseguranças, sabe? Você sabe como sou paranoica. - isso era verdade. Eu tinha medo de não me ajustar de novo.

Minha mãe pareceu um pouco aliviada e sorriu para mim:

-Minha querida, você é uma pessoa adorável, incrível e cheia de amigos lá. Você fala com eles todo dia, não é mesmo? Mesmo que tenha se passado 2 anos, você nunca perdeu contato com a maioria. E outra, você e sua prima são como irmãs, você não ficaria sozinha mesmo se quisesse, Amy. Vai ficar tudo bem, ok? - sorriu e me deu um beijo na testa. Me senti um pouco mais confiante de novo, minha mãe estava certa, sempre estava.

Embarcamos no avião e mandei uma mensagem para minha prima antes de a comissária de bordo pedir para que todos desligassem seus aparelhos:

Amy: Estou embarcando Leigh, logo
logo estarei aí :)

Minha mãe adormeceu ao meu lado e eu fiquei apenas pensando em como tudo era até eu me mudar para Londres. E o que me convenceu a me mudar, ou melhor, quem.

Sou australiana, sempre vive em Melbourne, nunca havia visto outros lugares. Sempre vivi no mesmo lugar, na mesma vizinhança, na mesma rua, na mesma casa. Minha prima Leigh-Anne era minha vizinha, o que fazia tudo ser melhor, nós sempre nos demos bem. Ela era a irmã que eu não tinha e eu era a irmã que ela não tinha. Nossas mães eram irmãs e melhores amigas, assim como nós.

Minha outra vizinha, a casa em frente à minha, era Jade, minha outra melhor amiga. Eu, ela e Leigh nos conhecíamos desde o jardim da infância, éramos inseparáveis, as três mosqueteiras, como nós mesmas nos chamávamos. Até que percebemos que os tres mosqueteiros na verdade eram quatro. E foi aí que vimos uma oportunidade quando uma família se mudou para casa da esquina e tinham uma filha. Dois filhos na verdade e gêmeos ainda por cima - embora não se parecessem em nada -, tínhamos 6 ou 7 anos, não lembro bem, mas logo fizemos amizade com os dois: Perrie e Luke.

(dis)connected | cthOnde histórias criam vida. Descubra agora