Capítulo 44 - Autumn: Tornando-se eterno

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Maratona: 01/05.
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Pov Heyoon

Horas poderiam ter se passado, mas isso não fazia diferença. Ninguém conversava direito, ou mantinha um sequer resquício de sorriso no rosto. Era como se não fosse verdade, como se Krys fosse aparecer a qualquer momento de algum jeito mirabolante, com seu sorriso fácil e jeito de irmão mais velho protetor.

Mas ele não voltou. Muito menos Sina. Apesar disso, a tempestade nos acompanhava, um pequeno alento para meu peito de que ela estava ainda perto. Eu nem poderia imaginar a dor que a filha de Zeus estava sentido, não quando tinha a minha própria para enfrentar.

-Eu não acredito que o Krys fez isso – Sabina fungou, havia chorado por quase meia hora seguida e só agora falava – Não era para alguém morrer nessa porcaria de missão!

Sabina estava na cama, o braço esquerdo completamente enfaixado, a perna imobilizada. Resultados de sua batalha no convés inferior com a serpente de Cila. Eu encolhi ainda mais em meu canto. Era culpa minha, tudo isso era culpa minha. Sabina machucada daquele jeito, Krys... O Krystian morto.

-“Quando vitoriosa com meio-sangues estiver a retornar, uma escolha difícil o herói terá de tomar. Água com fogo se chocará, ou o rei dos mares irá visitar” – Any recitou a última parte da profecia.

-Ele tomou a decisão difícil, ele nos salvou de um naufrágio – Joalin acrescentou cabisbaixa – Ele foi um verdadeiro herói...

-Merda! – Sabina exclamou ainda inconformada, voltando a chorar e fazendo Jojo chorar também – Merda! Merda!

Eu não aguentei mais ficar na cabine de Sabina. Tinha o intuito de ficar com minha amiga machucada, mas ver o sofrimento dela pela perda de Krys, ver os outros em igual negação... Eu não aguentava. Sai dali seguindo direto para o convés superior, praticamente correndo até meu corpo alcançar o limite da proa do navio, chocando-se com a grade de segurança. Arfei, solucei e chorei silenciosamente. Segurei forte em meus cabelos, os puxando, buscando ar como se estivesse sufocando.

Em minha mente passava um filme de todos os momentos com Krys. De como ele foi salvar Sina assim que chegamos ao Acampamento Meio-Sangue. De como ele foi gentil quando eu apareci pela primeira vez no estábulo, sorrindo daquele jeito maroto que me fazia sentir à vontade naquele lugar ainda estranho. Krys nem ao menos hesitou de verdade quando Sina o chamou em estado de emergência para irmos até a Los Angeles. Ele foi um tipo de garoto que estava sempre ali para ajudar, para brincar, para dar apoio. Ele não merecia morrer. Ele não merecia entrar em uma missão que nem era dele e no fim acabar morto daquele jeito.

Escutei um baque atrás de mim, virei o corpo e a menos de um metro lá estava ela. Sina estava caída sobre um joelho. Sua roupa estava chamuscada, seu cabelo revolto. Seus olhos verdes nunca estiveram tão sem brilho. Eu não aguentei vê-la daquele jeito, escorreguei lentamente pelo chão, perdendo as forças, encostada a grade de segurança. Fechei os olhos e escondi meu rosto com as mãos.

Até sentir as dela afastando as minhas, me encarando desolada, tão triste que cortava ainda mais meu coração, destroçando tudo o que tinha restado dele.

-Não! – eu implorei com a voz embargada, afastando as mãos dela – Não me toque!

-Heong...? – Sina arfou chorosa com a minha negativa.

-É culpa minha! – finalmente surtei, gritando com ela – É tudo culpa minha Sina! – eu vi o olhar de dúvida dela – Eu trouxe vocês até aqui. Eu que levei o Krys até aquele monstro!

Os olhos dela se abriram e era como se eu pudesse ver ela idealizando a minha culpa. Por que não o faria? Ele era o seu irmão de sobrevivência, e eu, justamente eu, o tinha dado condições de explodir um monstro épico e mitológico.

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