Capítulo 74 - Spring. Fazenda Deinert.

727 57 78
                                    

Pov Sina

A primavera tinha chegado. O pesadelo daquele inverno tinha finalmente passado, as chances de Despina retornar diminuindo drasticamente pelo fim de seu domínio climático. Eu poderia dizer que agora eu estaria mais tranquila, leve e solta... Se eu não estivesse acabando de passar pela porta de desembarque do aeroporto de Denver.

No dia seguinte era o casamento de minha mãe. E isso para mim poderia ser facilmente classificado como um sinistro e assustador pesadelo. Era diferente voltar para casa sem a urgência do perigo, do risco de vida, de ser uma missão como fora da última vez. Agora eu estava, teoricamente, dando uma chance para minha família. Para tudo aquilo que eu tinha fugido e enterrado no mais profundo e afastado lugar de mim.

-Você não vai fugir – Sabina cantarolou ao meu lado, se divertindo com minha aflição.

Rosnei baixo, sabendo que era exatamente isso o que eu queria fazer. Eu não era obrigada a fazer isso. Eu não tinha de perdoar a mulher que me deixou ir quando ainda criança enfrentar o mundo, jogando-me para fora de sua vida como se estivesse se livrando de uma pedra incomoda em seu sapato. Alex estava querendo acertar as coisas, mas quem disse que eu queria acertar alguma coisa com aquela mulher?

-Deixe de perturbá-la – Heyoon falou ao meu lado, seu jeito mais sério enquanto fitava Sabina – Isso é algo delicado, Bina.

-Se formos ficar tensos ela vai ficar mais tensa ainda – Sabina se defendeu e deu de ombros.

-É apenas a primeira tentativa – Any disse ajeitando a sua mochila estranha nas costas – Não é a mais fácil, mas tem de ser feita. Você está sendo corajosa Sini.

Revirei os olhos e empurrei o carrinho pegando distância delas. Claro que eu não enfrentaria aquilo sozinha, Sabina, Any e principalmente Heyoon viajaram comigo para o casamento. Joalin até tentou, mas seu pai a queria para uma viagem para New Orleans naquele final de semana. Savannah teria uma avaliação escolar e Shizune ficou com a pequena. Eu apreciava de verdade o apoio que elas estavam dando, eu sabia que precisava disso. Mas ao mesmo tempo eu precisava ficar sozinha, necessitava de espaço para respirar e engolir a ideia. Minhas barreiras se levantavam em um tamanho colossal naquele momento.

Assim que andei um pouco pelo aeroporto encontrei Mia e Theodoro. A minha irmã sorriu tão feliz que eu tive de retribuir com um sorriso pequeno. Larguei o carrinho com minha mala e abri os braços, já vendo a Deinert mais nova vindo correndo em minha direção. Eu a abracei com força, sabendo que um dos grandes motivos para que eu não tivesse mandado toda aquela situação se explodir era que eu estava ali para rever meus irmãos.

-Você veio! – Mia exclamava quase chorosa.

-Eu disse que viria – resmunguei a soltando – Onde está o Charlie?

-Mamãe precisou dele – Mia deu de ombros – Obrigada por ter vindo Sini, é importante e... Eu estou tão feliz!

Soltei um suspiro voltando a ficar tensa, estava feliz, iria ver meus irmãos. Mas também veria a minha mãe. Era um gosto agridoce que descia por minha garganta, bom e assustador ao mesmo tempo. Theo aproximou, sorriu para mim e desviou indo falar primeiro com as meninas, sabendo interpretar o meu olhar “melhor nem tentar nada comigo, estúpido”. Ele era um romano, afinal de contas, nunca que eu seria agradável com ele!

-Ainda bem que eu vim com o doblo pra poder caber todo mundo! – ele veio sorrindo depois de cumprimentar todo mundo – Vamos? A viagem vai ser um pouco longa, cerca de uma hora e meia.

-Espera, estão com fome? – Mia perguntou.

-Podemos comprar alguns sanduiches apenas, vamos acabar logo com isso – falei de mal humor.

Estações - Versão SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora