Capítulo 71 - Winter. Coisas de Família.

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Pov Sina

O natal estava cada vez mais próximo. Há muito tempo essa data tinha perdido o significado para mim e por alguns anos apenas era um dia frio e ranzinza. Mas agora tudo era tão diferente! Tão diferente que ali estava eu ao lado de Sabina encarando algumas árvores para comprarmos para enfeitar a nossa sala de estar. Era a mais espaçosa, sendo então decidido que uma árvore ficaria na minha sala e toda a decoração externa seria na casa de Heyoon. A filha de Hermes nunca esteve tão elétrica, ela falava o tempo todo de como era agitada as festividades de final de ano na família nada pequena dela e tomava a maior parte das decisões. Até porque era ela quem sempre negociava, conseguindo descontos absurdos que me faziam duvidar se isso na verdade não era algum tipo de poder secreto que ela tinha.

-Acho que aquela vai ser perfeita! – Sabina apontou para uma árvore.

-Para mim ela é igual as outras – dei de ombros.

-Claro que não! – Sabina bateu em meu braço e eu rosnei irritada – Não morda, cachorrinha! Mas veja, essa é a que cabe em nossa sala e tem tamanhos proporcionais. Vamos levar ela!

Eu senti vontade de mordê-la só por ter me dito para não fazer. Mas isso apenas acentuaria o apelido ridículo que as vezes ela me chamava. A deixei ir fechar negócio e deixar as instruções para levarem o pinheiro para a nossa casa.

Alguns poucos dias tinham se passado desde que retornamos. Era perceptível a mudança no clima. O inverno se estabilizava, apesar de ainda ser rigoroso, já não impedia as pessoas de circularem e manterem a sua vida normal. Nos países de climas tropicais já não existia qualquer resquício de neve, apenas um grande índice de resfriados. Despina poderia estar foragida, mas ela não seria louca de retornar tão cedo, não depois daquela derrota trágica que sofrera. O que nos daria um tempo de paz, um que eu esperava que fosse bem, mas bem longo.

Voltamos para casa, Sabina em seu Audi e eu sobre a minha moto. Ela quase não tinha sobrevivido ao ataque, mas bastou uma visita de uma tarde de Krys para que ela se recuperasse completamente. Os outros semideuses tinham retornado para casa, alguns ficaram ainda no Acampamento, era um lugar seguro afinal de contas. Ninguém sabia o paradeiro de Sofya, depois que ela saiu do Monte Olimpo revoltada não restou rastros da filha de Apolo. Começava a cogitar que se ela demorasse a aparecer, pediria a Quíron para mandar um grupo de busca atrás dela. Sabia que as chances dela fazer alguma besteira eram tremendamente altas, pois se eu estivesse no lugar dela com certeza o faria.

Assim que chegamos em casa, eu discutindo com Sabina sobre qualquer besteira, quase não percebemos que tínhamos uma visita. Uma que tinha o nariz avermelhado e grandes olheiras abaixo dos olhos castanho mel. Foi um choque ver que Any Gabrielly estava ali, com um jeito tão choroso e frágil, amparada por Heyoon que a abraçava de lado em nosso sofá.

-Gabrielly? – chamei incerta.

-Any! Nossa que cara – Sabina falava nada discreta – O que aconteceu? Por que não avisou que vinha?

-E-eu... Eu – ela começou a gaguejar e os olhos lacrimejaram – Desculpe, eu não pensei nisso, e-eu mal pensei na verdade.

Algo muito sério tinha acontecido, algo do tipo muito sério mesmo. Sabina rapidamente foi para o lado dela, também amparar a pequena garota. Assim que os braços da maior a envolveram, Any desabou em um pranto inconsolável. Heyoon levantou dando espaço para as duas e se aproximou cabisbaixa, aparentemente triste. E isso acabava comigo.

-O que aconteceu? – perguntei em um tom baixo – Você está bem?

-Apenas abalada pela Any – Heyoon fungou e cruzou os braços – É melhor que ela conte o que aconteceu.

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