Capítulo 67 - Winter. Escolhas.

517 49 148
                                    

Pov Heyoon

Aquilo deveria ser o rei dos reis dos monstros. Ou um demônio como a própria Despina havia chamado. Com a presença dele ali, até mesmo os nossos inimigos tinham congelado para olhar aquela figura enorme e assustadora.

Grande era um adjetivo que se tornava minúsculo perto daquilo. Um colosso monstruoso, talvez?

Não importava, aquilo poderia devastar uma cidade pequena com pouco menos de cinco passos. Ele tinha um corpo que lembrava um berserker, um guerreiro extra grande e forte. Parecia haver uma carapaça sobre seus ombros e que desciam pelos braços, formando uma proteção extra de couro e que deveria ser resistente. Sua pele era azul escura, seu abdômen era tão definido como se tivessem rochas ali. O rosto? Era mais assustador do que os piores pesadelos de uma criança traumatizada pelo bicho que se esconde dentro do armário. Seu maxilar parecia ser protegido por ossos, ossos estes que se alongavam pela lateral do rosto, tomavam a testa e cresciam como chifres para trás. Com a boca entreaberta, naquela distância, eu conseguia ver cada um dos dentes sendo exibidos. Grandes, pontiagudos, mortais.

O monstro moveu os ombros, jogou a cabeça para trás e urrou. Um urro que pareceu reverberar por todo o Alasca. Até mesmo os deuses devem ter escutado do Monte Olimpo. Alguns orcs encolheram de medo, elfos negros recuaram e o medo parecia estar presente em todos nós. Era incontrolável, aterrorizador.

-O que você fez?! – Hades gritou horrorizado– Como pode libertar esse monstro?! Irá acabar com tudo!

-É o preço que estou disposta a pagar – Despina falava com desprezo e ódio – Um que custará a vida de sua amada de uma vez por todas! É de todos!

Ao mesmo tempo em que Hades gritava um sonoro e poderoso Não, avançando contra Despina, a deusa abria sua mão em nossa direção, mas mirando em minha mãe. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta. Da palma esbranquiçada, saiu um raio azul claro. Sina segurou em meu corpo institivamente, começando a me puxar para me proteger daquele golpe. Perséfone estava levantando o corpo para tentar escapar, mas parecia que seria tarde demais. E o teria sido. A deusa da primavera teria sido atingida em cheio por um golpe furioso e poderoso de sua meia-irmã... Se Hécate não tivesse agido. A deusa da magia e das cruzadas tomou uma decisão, traçando seu próprio caminho ao se pôr na frente de Perséfone. Suas mãos foram para frente, criando um círculo mágico de cor branca em pleno ar, fechos de luz se formando tão rápido que era como se fosse um efeito de luz. Mas não rápido o suficiente para conter o golpe por completo. O círculo mágico de defesa diminuiu o impacto, mas Hécate foi jogada para trás, recebendo parte do golpe.

-Não! – Hina gritou correndo para a sua mãe.

Então tudo pareceu voltar a sua velocidade normal. Sina quase caiu ao me puxar bruscamente. Hades foi com tudo para cima de Despina, conjurando sombras que envolveram a deusa e parecia sufoca-la. Ele parecia, naquele momento, tão aterrorizante quanto aquele demônio. Mas então Perséfone o chamou e Hades pareceu acordar de seu torpor. A batalha tinha recomeçado, um tanto quanto confusa pois agora parte dos nossos inimigos pareciam querer fugir. E se eles queriam fugir, eu podia apostar que nós também iriamos querer. O deus dos mortos soltou Despina e correu para Perséfone, a deusa da primavera estava ao lado da amiga e da Hina.

-Temos de leva-la ao Monte Olimpo – Perséfone falava com um leve tom de desespero.

-Não passaremos daquele demônio – Hades olhava para Hécate com um semblante sério, com raiva contida – Infernos! Despina não o controla, não conseguiu energia suficiente para isso e nem sei de onde ela conseguiu o suficiente para despertar uma besta dessa e---

Hades parou de repente, abrindo seus enormes olhos negros e encarando a esposa. Ela engoliu em seco e balançou a cabeça confirmando o que o marido queria dizer. Era por isso que Despina não tinha simplesmente matado Perséfone como vingança. Ela estava usando a energia da deusa para reanimar aquele monstro demoníaco. Tudo começou a tremer quando o demônio do gelo começou a tentar quebrar o resto da parede que o continha.

Estações - Versão SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora